Ricardo Albertoni em 08 de Junho de 2018
Vários pensamentos passariam pela cabeça de alguém que acabou de encontrar um “maço” de aproximadamente R$ 10 mil preso por um elástico em uma rua praticamente deserta. Na atual crise financeira, para grande parte da população brasileira, seria a solução de, se não todos, muitos problemas: aquele empréstimo que está consumindo grande parte do orçamento doméstico, parcelas do carro para passar alguns meses aliviado ou até mesmo uma extravagância como comprar uma TV nova para assistir a Copa do Mundo.
Afinal, trata-se de um dinheiro inesperado, para os mais religiosos: algo “enviado” para solucionar os problemas pedidos em orações. Mas nenhuma dessas ideias passou pela cabeça do sargento do Corpo de Bombeiros, Wilson Lima. Pertencente a uma das instituições que segundo pesquisas está entre as mais confiáveis do País, o militar afirmou que a primeira coisa que passou pela sua cabeça foi como saber quem era o dono do dinheiro.
“Eram aproximadamente 14h - quinta-feira, 07 de junho. Eu estacionei na Frei Mariano e vi aquele dinheiro, mas a princípio achei que era 'fake', aqueles de propaganda, enfim. Abaixei, peguei e vi que era de verdade, então, não saí do meu carro, fiquei parado esperando o dono aparecer. Nessa hora, eu vi um senhor voltando assustado. Perguntei se tinha acontecido alguma coisa e ele me respondeu que tinha perdido um dinheiro. Perguntei o valor e ele me afirmou que seriam quase R$ 10 mil, então tirei do bolso e entreguei”, contou ao Diário Corumbaense o sargento do 3º Grupamento de Bombeiros Militar de Corumbá.
Ele explicou que tudo aconteceu tão rapidamente que nem se preocupou em perguntar o nome do “sortudo” que de acordo com Wilson, apenas agradecia. “A fisionomia dele na hora foi gratificante, saiu aquele peso que estava nas costas dele. Me disse que tinha vendido o carro para pagar uma dívida e estava indo para o banco para fazer esse pagamento. Foi tão rápido que nem perguntei o nome dele. Ele apertou minha mão e agradeceu até o banco, que por sinal era a mesma agência que eu ia. Ele foi dizendo: ‘obrigado, senhor’, mas não sei se era pra mim ou o Senhor”, disse aos risos.
Anderson Gallo / Diário Corumbaense
O militar explicou que considera a ação normal e o que fez foi nada além de seu dever
Militar há 20 anos, ele explicou que considera a ação normal e o que fez foi nada além de seu dever. Wilson lembrou que além de fazer parte de uma corporação militar e ter recebido em casa educação que contribuiu para a sua formação e caráter, ter passado por uma situação como essas, do outro lado, também pesou na sua conduta.
“Acho que tudo contribuiu. O fato de eu ser militar, a educação que eu tive e de já ter passado por essa situação. Eu já perdi um valor que era para pagar uma conta e alguém achou e não teve essa atitude, que na verdade, é dever das pessoas. A educação que recebi dos meus pais foi muito importante, porque pra mim, ficar com algo que não é meu é errado, é crime. Passamos por dificuldades e todo dinheiro vem em boa hora, mas não é um valor que não venha através do seu trabalho que vai te tirar de uma situação ruim. Pode amenizar aquele momento, mas e sua cabeça, como fica?”, questionou.
Sobre o agradecimento, Wilson afirmou que já recebeu o maior deles e compara ao que recebe durante sua rotina trabalhando como operacional do 3º GBM. “A gente trabalha ajudando as pessoas e não pensamos que a pessoa deve voltar para agradecer. Aquele aperto de mão dele ali, ver o sorriso no momento pra mim, já foi o suficiente. Então, eu aconselho, se alguém passar por essa situação de achar alguma coisa, pense duas vezes antes de fazer algo que não seja devolver”, finalizou.
Luís Rogério: Isso é normal para pessoas de bom caráter! Parabéns ao senhor Wilson que exerceu fora da farda de bombeiro, o ser humano preocupado verdadeiramente com seu semelhante! Aplausos!
ISAQUE DO NASCIMENTO: Ainda há integridade, decoro, retidão e grandeza nas pessoas. Atitudes como essa enobrece a alma e fortalece o caráter. Parabéns com louvor, prezado Sargento Lima. Do mesmo modo, parabéns ao Dário Corumbaense pela difusão das boas práticas.
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