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Em Corumbá, pescadores aproveitam último dia de pesca liberada nos rios de MS

Ricardo Albertoni em 04 de Novembro de 2017

Fotos: Ricardo Albertoni/Diário Corumbaense

O casal Gehad Saleh e Lucimar Brito decidiu aproveitar os últimos momentos de pescaria do ano

Este sábado é último dia de pesca nos rios de Mato Grosso do Sul. A partir de domingo, 05 de novembro, até o dia 28 de fevereiro de 2018, apenas pescadores profissionais que utilizam o meio para a subsistência poderão exercer a atividade com restrições.

A interrupção da pesca por quatro meses tem o objetivo de garantir a reprodução e o povoamento dos rios no período em que os peixes sobem os rios em direção às cabeceiras para a desova, produzindo um espetáculo conhecido como Piracema, já que ofegantes e em numerosos cardumes, os peixes se tornam presas fáceis.

Horas antes de a proibição ter início, muitas pessoas trataram de colocar o barco na água para aproveitar os últimos momentos de pescaria do ano. A atividade tida para muitos como um momento de descontração, serve para recarregar as baterias durante os finais de semana. Exemplo disso é o casal Gehad Saleh e Lucimar Brito, que tem uma academia de judô na cidade.

“Pescamos muito durante esse período. Saímos todo o final de semana, desfrutamos muito desse rio, aproveitamos essa maravilha e cada saída é uma surpresa. Nosso Pantanal é muito rico em peixes e animais e proporciona pra gente que é da terra uma felicidade tão grande de desfrutar dessa maravilha que é isso aqui”, disse Gehad.

A esposa Lucimar, destacou a importância do período de proibição para a natureza. “A gente vai sentir falta, mas tem que respeitar a natureza, dar esse tempo para ela se recuperar e nos preparar para março voltar à essa rotina. Mas, hoje ficaremos até anoitecer, estamos levando muita isca, comida, para aproveitar bastante esse último dia”, destacou Lucimar ao Diário Corumbaense.

Pescadores profissionais, os amigos Eder Barros Eudes Rodrigues complementam a renda oferecendo serviços aos pescadores que saem do Porto Geral

Mas para muitos, diversão está longe disso. A atividade garante a sobrevivência de famílias na região que ganham a vida através da pesca e de atividades indiretas ligadas ao setor. Os amigos Eder Barros da Conceição e Eudes Rodrigues de Amorim são pescadores profissionais, mas também complementam a renda graças aos que vão para descontrair. Eles cobram R$ 15 para colocar o barco na água, passar informações de como conseguir isca, onde pescar, entre outros serviços. Mas durante a proibição, o jeito é procurar outros serviços para conseguir se manter.

“Quando o pessoal desce para pescar, não precisa se preocupar. Todo o serviço a gente faz aqui e eles só precisam pensar na diversão deles. Cobramos R$ 15 pelos serviços e esse dinheiro ajuda muito a complementar o que conseguimos com a pescaria profissional”, disse Eder, conhecido como “Godzilla”, lembrando que trabalha na área há mais de 37 anos.

Os dois terão direito ao seguro defeso, benefício de um salário mínimo (R$ 937) que é pago ao pescador profissional durante e época de reprodução dos peixes, porém, de acordo com Eder, mesmo recebendo o benefício, os pescadores precisam procurar outras possibilidades durante o período para se manter.

Os catadores de iscas, Marcelino Costa Soares e Leonice Clara, entendem a importância do período de proibição

"É muito difícil pra gente, muito pelo fato de que sempre há atraso no pagamento do seguro. Recebemos muito menos do que faturamos vendendo o peixe. Pra viver a gente acaba fazendo uns bicos, pinta um barco aqui, um ali e vai vivendo com o peixe que podemos pegar obedecendo a lei”, afirmou Eder.

Os catadores de iscas, Marcelino Costa Soares e Leonice Clara trabalham há mais de 20 anos no Pantanal capturando tuvira, uma das principais espécies utilizadas como isca nos rios pelos pescadores amadores. Apesar de representar tempos difíceis entendem a importância do período para a continuidade do trabalho que realizam.

“São quatro meses sem poder ir para o rio trabalhar, mas é uma coisa prevista que já temos isso como rotina. Sabemos que esse tempo é importante para que o nosso trabalho continue”, observou Marcelino.

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