Agência Brasil em 22 de Maio de 2017
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou no domingo (21) à Polícia Federal uma série de questionamentos sobre as gravações feitas pelo dono do grupo JBS, Joesley Batista, antes de firmar a delação premiada que serviu de base para a abertura de inquérito contra o presidente Michel Temer. A defesa de Temer também enviou os chamados “quesitos” ao Supremo Tribunal Federal (STF), contendo 15 pontos.
Desde que o conteúdo da conversa veio à tona, Temer tem feito críticas e desqualificado as acusações. Ele negou que tenha atendido a pedidos de Joesley e disse não acreditar no que chamou de "fanfarronices" do empresário, quando este disse que buscava obstruir a Justiça. Ao pedir a continuidade das investigações, a PGR garantiu que não há "mácula que comprometa a essência do diálogo".
O ofício do Ministério Público Federal, endereçado ao delegado Josélio Azevedo de Souza, coordenador da Força Tarefa da Operação Lava Jato no STF, contém 16 perguntas a serem analisadas pela perícia técnica da PF. Entre outros pontos, elas questional o formato do áudio, eventuais interrupções e evidência de que alguns trechos foram editados.
O pedido foi feito após o Supremo determinar sábado (20) a verificação técnica do conteúdo gravado por Joesley. Atendendo solicitação da defesa de Temer, o STF enviou o conteúdo para perícia da PF, mas não suspendeu as investigações, deixando a decisão para o plenário da Corte.
Na última quinta-feira (17), o jornal O Globo revelou que Joesley Batista gravou uma conversa com o presidente, na qual ele teria sugerido que se mantivesse uma boa relação com o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Para solucionar um problema da JBS, a pedido de Temer, o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) teria sido filmado recebendo R$ 500 mil. De acordo com a reportagem, outra gravação feita por Batista informa que o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), teria pedido R$ 2 milhões ao empresário.
As mesmas 16 perguntas do MPF foram enviadas para esclarecimentos referentes a quatro gravações feitas pelo empresário: uma com Michel Temer, uma com Aécio e duas com Rocha Loures. Leia aqui o conteúdo completo da solicitação.
As 15 dúvidas do presidente foram protocoladas pelos advogados Antônio Cláudio Mariz de Oliveira e Gustavo Bonini Guedes. Eles querem saber detalhes sobre como se é possível identificar o modelo do gravador, o horário em que o áudio foi registrado, a razão de ruídos, a eventual “supressão de palavras” e possíveis contradições sobre a análise de peritos, contratados à parte por veículos da imprensa, a respeito de edições no áudio.
Em nota divulgada na tarde de domingo, a Polícia Federal informou que recebeu os áudios da conversa e que pediu acesso ao aparelho usado por Joesley Batista para fazer a gravação. "Em análise técnica preliminar, o Instituto Nacional de Criminalística afirmou que é fundamental ter acesso ao equipamento que realizou as gravações originais. Por esse motivo, a PF oficiou à PGR, solicitando o aparelho", diz o comunicado.
A PF também confirmou que recebeu os pedidos de esclarecimentos, mas disse que não há uma data inicial para “conclusão dos trabalhos periciais”, dada a necessidade de analisar o gravador.
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