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Homem que abusou de duas mulheres é autuado por estupro e cárcere privado

Caline Galvão em 09 de Março de 2016

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Delegacia de Atendimento à Mulher cuida do caso

Permanece preso o homem de 35 anos que foi autuado em flagrante por estupro, cárcere privado, ameaça e injúria na tarde de terça-feira (08) em Corumbá. No período de uma semana, ele teria prendido duas mulheres dentro de sua casa, no bairro Aeroporto, estuprado e ameaçado as vítimas. A delegada Paula Ribeiro dos Santos Oruê solicitou a prisão preventiva do homem que confessou os atos em depoimento às investigadoras da Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM).

O homem só foi preso em flagrante depois que a segunda vítima conseguiu escapar do cárcere e gritar por socorro, por volta das 13h de terça-feira (08). De acordo com a delegada Paula Ribeiro, mesmo estando amarrada e nua dentro da casa do acusado, a mulher de 43 anos de idade conseguiu se levantar, encontrou uma janela da casa que não tinha grade, conseguiu quebrá-la e fugiu. Ainda nua, ela subiu em uma árvore no quintal, conseguiu pular o muro e começou a gritar por socorro. Vizinhos ouviram os gritos e uma das pessoas a levou até a casa da mãe dela. Daquela residência, ela telefonou para a Polícia Militar, que encaminhou a vítima para a Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) e já saiu em busca do suspeito, por volta das 14h50 de terça-feira.

Ao mesmo tempo em que a Polícia Militar saiu atrás do suspeito, as investigadoras da DAM foram ao local dos fatos também à procura do homem constataram que todo o relato feito pela vítima era verdadeiro. O muro realmente era alto, havia a árvore, todas as portas e janelas tinham grades, exceto aquela pela qual ela escapou. Os policiais visualizaram tudo por cima do muro, conseguiram tirar fotografias depois de entrar no quintal. Tudo foi fotografado, inclusive a janela quebrada pela vítima.

Enquanto as investigadoras entrevistavam as vizinhas, os policiais militares encontraram o suspeito retornando à casa. “Depois a gente soube que ele estava à procura da vítima porque ele mesmo admitiu que após perceber que ela tinha fugido, passou a rodar pela cidade com o carro à procura dela, aí ele voltou para casa, foi quando a Polícia Militar o prendeu”, contou a delegada Paula Ribeiro ao Diário Corumbaense. A mulher teria sido amarrada às 17h de segunda-feira (07).

A vítima contou que quando ele disse que iria matá-la e depois cometer suicídio, ela falou que tinha um último pedido, que seria comer. Depois de insistir, ele consentiu e saiu para comprar comida, foi quando ela conseguiu escapar. Dentro do carro dele, a polícia encontrou diversas bandejas de salgados e doces embrulhados, sempre em dois.  No carro também foram encontradas duas facas, utilizadas geralmente para pesca ou caça, uma camuflada e outra preta.

Divulgação

Facas, preservativos e outros objetos apreendidos no carro do acusado

De acordo com a delegada Paula Ribeiro, durante todo o tempo, com as mãos e pés amarrados, por diversas vezes o homem forçou a vítima a manter relação sexual contra a vontade dela. Ela narrou que ele passava a faca no corpo dela, nos mamilos e no clitóris como forma de intimidá-la e a obrigava a dizer que estava gostando.

O autor é uma pessoa com quem a vítima teve um relacionamento amoroso, mas se desentenderam e estavam se relacionando esporadicamente, por isso ela foi naturalmente à casa dele na segunda-feira (07), mas nunca pensou que fosse passar por aquela situação. “Ela afirma em diversos momentos que ele falava o tempo inteiro: ‘Eu vou matar você e depois vou me matar’ por estar passando por problemas financeiros e problemas no trabalho. E ele coloca toda a culpa do problema financeiro e do trabalho nela. Ele não esclareceu por que, mas ele alega que tudo é culpa dela”, disse a delegada.

O acusado admitiu ter amarrado as mãos e os pés dela, mas disse que todas as relações sexuais foram consentidas por ela e a justificativa para ter a amarrado nua era porque tinha sido após o ato sexual. O homem alegou que ela teria tentado esfaqueá-lo na região do pescoço, mas ele foi submetido a exame de corpo de delito e o médico legista não constatou nenhuma lesão. “Embora ele alegue que é consensual, existe um vídeo filmado por ele em que aparece a vítima amarrada, nua e ele fazendo atos contra a vontade dela. A vítima realmente foi submetida a horrores”, relatou a delegada.

Conforme a delegada, ele exerce atividade profissional compatível com quem é mentalmente normal. “Eu falaria frieza. A frieza da narrativa dele me chocou, tanto que interrompi o interrogatório por três vezes porque era realmente muito chocante as coisas que ele falava”, disse Paula Ribeiro.

A primeira vítima

A defensora pública, Maria Clara de Morais Porfírio, acompanha o caso da primeira vítima e afirmou ao Diário Corumbaense que a mulher de 41 anos foi até à Defensoria na semana passada com um boletim de ocorrência em mãos com o teor de cárcere privado e estupro.

A defensora estava normalmente acompanhando o caso, até que na terça-feira (08), houve a prisão em flagrante de um homem que havia cometido outro crime com as mesmas características do caso da vítima que já estava sendo atendida. Foi quando a rede de proteção à mulher constatou que se tratava do mesmo autor. A vítima ficou um período de quase dois dias com o agressor e conseguiu fugir depois que o homem a desamarrou para que ela pudesse almoçar, então ela conseguiu sair correndo.

 “A todo momento, para a primeira vítima, ele falava que não tinha nada a perder. Esse foi o maior medo dela porque ele falava que estava em crise financeira, crise profissional, crise, crise, crise, e de repente ele poderia ficar lá até matá-la ou até cometer suicídio. Essa é a gravidade da situação”, afirmou a defensora a este Diário.

As duas vítimas foram encaminhadas ao Centro de Referência Especializado de Atendimento à Mulher (CRAM) para tratamento psicológico e social.