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Mês do idoso pede “olhar fraterno” da comunidade

Camila Cavalcante em 01 de Outubro de 2013

Passar dos 50 anos é o desejo da maioria das pessoas. Depois disso, o próximo desejo é ter saúde para viver bem esse período, chamado de melhor idade. Mas para os idosos do Asilo São José de Corumbá, há mais uma necessidade: "o olhar fraterno" da população.

A instituição acolhe hoje cerca de 80 idosos, entre homens e mulheres, alguns deles, estão há décadas na casa, outros, chegaram há pouco tempo, como é o caso de Geraldo da Silva, de 68 anos. "Morei minha vida toda em fazenda. Depois que dei baixa do Exército, até tentei casar, mas não deu certo, não tive filhos, e não sou muito próximo de meus familiares. Há cerca de um ano, me acidentei na fazenda e não tinha onde ficar, então, vim para o Asilo de Corumbá. Tenho parentes em outras cidades do Estado, mas prefiro ficar aqui. Gosto de Corumbá, nasci no Pantanal e essa é minha família, aqui é minha casa, juntamente com minha Nossa Senhora Aparecida, que eu guardo com muito carinho e cuidado sobre meu armário", disse Geraldo ao Diário.

Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

No Asilo São José, jogo de dominó é um dos passatempos da "turma" da instituição

O Asilo São José foi fundado em 09 de agosto de 1.942. Sempre sobreviveu com auxílio de diversos benfeitores e parceria com a Prefeitura de Corumbá e Governo Federal. Neste ano, o Asilo perdeu dona Julieta Nemir Marinho, a presidente da instituição. "A perda da dona Julieta foi um impacto e para manter a sua memória, s prosseguimos com o atendimento da mesma maneira que ela sempre fez. Atendemos não só os idosos, pois muitas vezes recebemos pessoas com deficiência física ou mental, e não temos como desampará-las. A exigência de idade para aceitar um interno é de 60 anos, porém, recebemos pessoas com idade inferior a essa, dependendo do caso. Os velhinhos contam com uma equipe de enfermeiros 24h, fisioterapeutas, psicólogos e mais de 20 funcionários. Grande parte dos gastos, é mantida com doações e parcerias", explicou Glória de Barros, uma das responsáveis pela instituição.

E mesmo que a casa ofereça os serviços essenciais, sempre há uma grande saudade do antigo lar, como ressaltou Maria Martinez da Silva, 60 anos. "Estou há cerca de 4 anos no Asilo e vim para cá porque sou cadeirante e ficou difícil para minha filha cuidar de mim. Aqui tenho uma maior assistência, mas por mais que goste, sempre dá uma saudade de casa e para descontrair, jogamos dominó, temos fisioterapia, aulas de educação física. Minha filha vem me visitar sempre e isso ameniza, mas, a saudade tem dia é grande", frisou.

Manoel e Maria estão há cerca de 4 anos no asilo de Corumbá

Ao questionar sobre o que o idoso mais precisa, a resposta está na ponta da língua: "atenção dos mais jovens", disse rapidamente Manoel Rodrigues, de 60 anos. "O idoso precisa é de cuidado, não é de sustentar, não é de dar banho, essas coisas. Gostamos de conversar, de contar como foi quando éramos mais novos, só isso. Precisamos mesmo, é que aqueles que criamos, agora fiquem conosco, que nos deem mais atenção. Resumindo, precisamos que os jovens cuidem dos velhos. O restante, como saúde, sustento, alimento, direitos, Deus e o governo dão", afirmou.

Visitas e parcerias

E há quem escolheu trabalhar com os idosos. Há mais de 12 anos, a psicóloga Isabel Cristina de Queiroz atua na instituição. "Comecei a trabalhar na época de estágio, e me encontrei nessa casa e eles me encontraram, posso dizer. Eu vi que havia a necessidade de ter um acolhedor psíquico, é assim que eu vejo meu trabalho, como uma acolhedora. Tento minimizar, dentro da possibilidade, as adversidades que surgem quando eles são trazidos para o Asilo, pois, há uma quebra da rotina, algumas famílias rompem os laços e manter esse idoso, ativo, interessado pela vida, é difícil. Uma das formas de contribuirmos é através de parcerias. As universidades, com cursos de educação física, assistência social, psicólogos, poderiam encaminhar os acadêmicos para estágio, bem como a criação de uma academia ao ar livre dentro do Asilo seria de extrema importância e aproveitamento. A casa é aberta a todos que estão dispostos a doar um pouco do tempo para os idosos, que gostam muito de conversar, de serem ouvidos", concluiu a psicóloga.

O Asilo São José está de portas abertas neste Mês do Idoso, para que escolas, entidades e a comunidade possam visitá-los e contribuir com o melhor presente: afeto. Basta entrar em contato com a casa, pelo telefone 3231-3888 e agendar um dia. As visitas ocorrem à tarde, das 14h às 17 horas.

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