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Conheça dona Sinhá, a moradora centenária de Ladário

Da Redação em 02 de Setembro de 2013

Da janela da casa de dona Sinhá, na rua Comandante Souza Lobo, se avista a torre do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, sua santa protetora. Ela também é devota de Nossa Senhora Aparecida. Dona Sinhá costuma sentar-se nos finais de tarde na porta de casa para apreciar o movimento dos estudantes que saem do Colégio São Miguel, de fiéis que vão para a igreja ou de vizinhos de passos apressados. Pressa que ela não tem mais.

Na cidade que completa 235 anos de fundação, Herondina Siqueira Bispo, a dona Sinhá, simboliza nesses tempos modernos o que há de melhor em expectativa de vida. Dia 21 de julho, ela completou 100 anos de idade, discretamente, entre familiares e amigos. E para quem lhe pergunta o segredo da vida tão longa e saudável, a mulher nascida no Pantanal do Amolar encontra sempre a mesma resposta: "Harmonia, amizade e amor; não falo mal de ninguém, e ninguém fala mal de mim", afirma, ao lado da filha Valdiléa, da neta Clariane e da bisneta Lavínia.

Fotos: Anderson Gallo/Diário Online

Aos 100 anos, dona Sinhá leva vida saudável ao lado da família

Dona Sinhá carrega um olhar de ternura, de quem encontrou a paz e alegria de viver ao seu modo, numa casa sem luxo, mas espaçosa, a poucos metros da Igreja Matriz e a duas quadras da avenida 14 de Março. Ela viveu a infância na fazenda Eldorado, no Amolar, de onde trouxe boas recordações, mas quando se mudou com a família para Ladário, encontrou na cidade o grande amor de sua vida, o viúvo Eusébio, que já tinha três filhos. Casou-se aos 28 anos e teve apenas uma filha, Valdiléa. "Não sou de reclamar, sou grata pelo que Deus me deu", acentua.

Lembra-se, como se fosse hoje, do sítio de Eusébio nas terras onde atualmente estão as casas do bairro Seac, a caminho da Mista, em Ladário. "Ladário era pequenininha, tinha a 14 de Março, a Igreja, o Colégio São Miguel, e em volta era quase tudo mato", recorda-se. "No começo, o Eusébio fazia a ordenha das vacas e tirava o leite aqui mesmo em casa, era uma casa de madeira, mas o terreno era muito espaçoso, cabia o gado", conta. "Depois se mudou lá pra mais longe, lá perto do sítio do Durval".

Era hábito das crianças acordar bem cedo, ainda escuro, pegar um copo bem grande, colocar um tantinho de canela no fundo e caminhar pela trilha entre as matas até o sítio de Eusébio. Lá elas se serviam do leite morno tirado na hora do peito da vaca, pelas mãos ágeis e calejadas do sitiante. "Além do leite, era uma época em que se comia bastante peixe, pintado, pacu, pacupeva, bagre, sardinha, piraputanga, a variedade era grande, não faltava pra ninguém", lembra dona Sinhá. "Eu aprendi a pescar no Amolar, era só soltar o anzol com uma carniça que vinha o peixe, sempre gostei muito de peixe, pena que hoje está tão difícil".

Dona Sinhá: "Não sou de reclamar, sou grata pelo que Deus me deu"

Costureira de mão cheia, ela ajudava nas despesas da casa com roupas que fazia sob encomenda, preparava enxovais para casamentos. "Vesti muitas noivas de Ladário, ainda adoro costurar, só parei por causa de umas dorzinhas no ombro", afirma.

Os remédios não ficavam no armário, ela colhia no mato. "Nunca precisei de remédio de farmácia, sempre colhia no mato, aqui perto de casa tinha muito pé de fedegoso", relata. Erva fedegoso? "O chá de fedegoso é ótimo para o fígado, tiro e queda, me salvou de uma hepatite aos 15 anos", afirma. A receita parece simples, mas os mais detalhistas e curiosos certamente vão querer saber como a mulher centenária se alimenta no dia a dia. "Como quando tenho fome e como o que quero", conta. Arroz, feijão, carnes, nada de mais, fazem parte do cardápio de dona Sinhá.

A pressão arterial está controlada. Nenhum sinal de doenças. Apenas uma dorzinha nas costas. Óculos? Quase não usa, costuma ler sem eles. Também não gosta de usar bengala. Dona Sinhá lança seu olhar de ternura para o futuro. "Já caí algumas vezes, mas sou dura na queda, tenho o osso muito duro", diz, abrindo um sorriso.

Uma das 21 melhores cidades para se viver

Ladário é uma das 21 melhores cidades para se viver em Mato Grosso do Sul, segundo o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), divulgado neste ano pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Supera outros 58 municípios com índices que englobam educação, longevidade (expectativa de vida ao nascer) e renda per capita. Nesse ranking, 21ª colocada no Estado, Ladário fica à frente de cidades como Corumbá, Bonito e Aquidauana. Possui IDH alto e média de longevidade de 74,3 anos. Em duas décadas, saltou 6,7 anos em expectativa de vida ao nascer. E tamanha qualidade de vida e sossego propicia que muitos dos seus idosos superem a casa dos 90 e cheguem aos 100, como dona Sinhá.

Nelson Urt

Alício Peçanha (à esquerda) completa 98 anos este mês

Outro modelo de longa vida é o ex-metalúrgico Alício Peçanha, presidente de honra da Associação dos Aposentados e Idosos de Ladário (Aappil), que neste mês de setembro vai completar 98 anos. Acima de todos ainda está o tenente Maximiano dos Santos, que superou a barreira dos cem e viveu até os 113 anos na cidade que é conhecida como Pérola do Pantanal e também é apontada como paraíso dos idosos.

Comentários:

PAULO CESAR LACERDA DE NOVAIS: Parabéns Dona Sinhá . Obrigado pelo seu exemplo de humildade, decência e sabedoria . Deus continue te protegendo muito, mais . Felicidades !

Soraia Salete Esteves de Araújo: Parabéns bela Senhora, artesã das vestes dos sonhos mais lindos das moças ladarenses! DEUS a proteja sempre! Beijos em seu coração!

Cleber Augusto Aguiar Siqueira: Parabéns Tia Sinhá Exemplo de Vida, de Dignidade e de Superação. Agradecemos a Senhora por existir em nossa vidas. Deus continue Abençoando sempre a Senhora.

Renilda de Souza: Feliz por ver a D. Sinhá forte maravilhosa.Uma benção .Valdiléa que saudades.Parabéns a minha terra Natal, LADÁRIO parece que foi ontem.

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