Fonte: Agência de Notícias do Governo de MS em 26 de Outubro de 2025
Patrícia Belarmino

Médicos alertam para os riscos de armazenar produtos de limpeza em garrafas reaproveitadas
Em Mato Grosso do Sul, o Centro de Endoscopia Avançada do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS) é referência estadual no atendimento a pacientes que ingerem produtos cáusticos e corrosivos. Segundo a médica endoscopista Caroline Leonardi, as principais vítimas são crianças de até cinco anos, mas há casos recorrentes também entre adultos.
“Esses produtos, quando ingeridos, causam queimaduras graves no esôfago, no estômago e até no trato respiratório. Em casos mais severos, as lesões podem evoluir para perfurações e provocar complicações a longo prazo, como o estreitamento do esôfago, que impede o paciente de ingerir alimentos ou líquidos normalmente”, explica a médica.
Quando ocorre o estreitamento do esôfago, o paciente precisa passar por procedimentos periódicos de dilatação, realizados no Centro Avançado de Endoscopia. A especialista alerta ainda que, no estado, é comum a produção caseira de sabão, o que aumenta o risco de acidentes.
“Muitas pessoas armazenam a soda diluída em garrafas reaproveitadas, como as de água mineral ou refrigerante. No descuido, alguém pode acabar ingerindo, achando que é água. Por isso, precisamos conscientizar, orientar e evitar o acesso a esse tipo de material”, reforça Caroline.
Em caso de ingestão acidental, a orientação é procurar imediatamente uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) ou um CRS (Centro Regional de Saúde). Se necessário, o paciente será encaminhado ao HRMS por meio da regulação estadual.
Acidente mudou uma vida
A dona de casa Tamara Ferreira Araújo, de 29 anos, viveu de perto o drama que a médica descreve. Em abril deste ano, sua filha Ana Alice, de apenas seis anos, ingeriu acidentalmente um produto usado para desentupir pias.
Tamara conta que havia preparado o produto e o deixou diluído em um copo sobre a mesa, enquanto medicava a filha com os remédios diários. “Saí por um instante para atender minha outra filha, e logo ouvi a Ana Alice dizendo que ‘parecia dipirona’. Voltei correndo e fiquei em choque quando vi que ela tinha ingerido. Foi muito rápido”, relembra emocionada.
Minutos depois, a menina começou a tossir, tremer e suar muito. A mãe a levou imediatamente ao CRS mais próximo, de onde foi transferida para o HRMS. Ana Alice ficou inicialmente quatro dias internada, mas, após receber alta, precisou retornar e permaneceu três meses hospitalizada.
Hoje, já em casa, ela ainda enfrenta um longo processo de recuperação. O estômago chegou a necrosar, e a criança precisa retornar semanalmente ao HRMS para dilatação do esôfago. Também faz acompanhamento com cirurgião, fonoaudiólogo, nutricionista, psicólogo e neurologista.
“Eu diria para todos os pais: não deixem nada ao alcance das crianças, porque pode acontecer num piscar de olhos”, alerta Tamara.
Prevenção
Pequenos cuidados podem evitar tragédias e salvar vidas. Especialistas recomendam:
- Mantenha produtos de limpeza fora do alcance e da visão das crianças;
- Nunca reutilize garrafas ou recipientes para armazenar substâncias químicas;
- Identifique corretamente produtos perigosos;
- E, em caso de acidente, procure atendimento médico imediato, sem tentar provocar vômito ou oferecer líquidos.
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