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Com eleição de novo presidente, Bolívia fecha era política que perpetuou por duas décadas

Leonardo Cabral em 19 de Outubro de 2025

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Em crise, Bolívia vai às urnas neste domingo para eleger novo presidente

A Bolívia vive momento histórico neste domingo, 19 de outubro, com o segundo turno das eleições que irá eleger o próximo presidente da República. Rodrigo Paz Pereira, do Partido Democrata Cristão (PDC), ou Jorge Tuto Quiroga, da Aliança Libre, vai assumir o comando do País, quem vive uma das situações mais complexas de sua história recente, marcada por uma recessão prolongada, tensões institucionais e o fim do Movimento ao Socialismo (MAS), após quase 20 anos no poder.

Três maneiras de contar a História

O Órgão Eleitoral Plurinacional (OEP) e a Assembleia Legislativa normalmente utilizam um critério constitucional, que inclui aqueles eleitos pela Constituição ou que assumiram o cargo por sucessão, embora com exceções documentadas. Nesse contexto, Luis Arce Catacora (2020–2025) é listado como o 64º presidente da história republicana.

Em contraste, enciclopédias, historiadores e mídias colaborativas como a Wikipédia aplicam um critério histórico-institucional mais amplo, que também inclui presidentes de fato, governantes provisórios e líderes interinos que exerceram o poder mesmo que sua legitimidade tenha sido questionada. Daí a origem do número de 67 presidentes, segundo a "Lista de Presidentes da Bolívia" publicada no livro História de Bolívia (Mesa, Gisbert & Mesa, 2003).

Finalmente, uma terceira abordagem, utilizada por alguns pesquisadores como Carlos D. Mesa e Fernando Baptista Gumucio, adota um critério mais amplo. Isso inclui chefes de Estado efêmeros — aqueles que governaram por apenas alguns dias ou mesmo horas — como Sebastián Ágreda, Eusebio Guilarte ou Mariano Enrique Calvo, elevando o total para 69 ou mais nomes, dependendo da contagem.

As “figuras” que mudam o número

Boa parte da diferença reside nos governos de transição do século XIX, quando o País experimentou frequentes golpes de Estado e levantes militares.

Entre os casos que geram controvérsia estão:

*José María Pérez de Urdininea (1828), que assumiu o cargo brevemente após a renúncia de Sucre.

*Sebastián Ágreda (1841) e Mariano Enrique Calvo (1841), que governaram por dias.

*Eusebio Guilarte (1847), cujo mandato durou apenas cinco dias.

*Carlos Quintanilla (1939-1940), considerado por alguns apenas como um chefe de Estado militar.

*Alberto Natush Busch (1979)

*Guido Vildoso Calderón (1982), que liderou o retorno à democracia, às vezes é omitido das listas oficiais.

Quando incluídos, a Bolívia tem 67 presidentes e, quando excluídos, o total cai para 64 ou 65, conforme indicam os registros do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) e da Assembleia Legislativa, com as exceções indicadas.

O futuro nas mãos do novo presidente

Filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993), Rodrigo Paz, se eleito, se tornará presidente aos 58 anos, a mesma idade com que Víctor Paz Estenssoro liderou a Revolução de 1952.

Jorge Tuto Quiroga, ex-presidente (2001-2002) e ex-vice-presidente, será o primeiro ex-presidente democraticamente eleito a retornar ao poder por voto popular desde Víctor Paz Estenssoro, em 1985.

Um país em transição

Com esta eleição, a Bolívia entrará em um novo ciclo político e econômico. O País fundado em 1825 por Simón Bolívar e Antonio José de Sucre — e que suportou quase 200 anos de golpes, ditaduras e refundações — enfrenta hoje uma crise múltipla: déficit fiscal crônico, escassez de dólares e de combustíveis, queda na produção de gás, redução do emprego e fragmentação política.

*A Guerra do Pacífico (1879-1884) mudou para sempre o cenário nacional, deixando a Bolívia sem acesso ao mar.

*A Revolução de 1952 inaugurou o sufrágio universal, a reforma agrária e a nacionalização das minas.

*O retorno à democracia em 1982, após quase 20 anos de regime militar, inaugurou uma era de estabilidade política.

*O "processo de mudança" (2006-2019) refundou o Estado como um Estado Plurinacional sob a liderança de Evo Morales.

*19 de outubro de 2025 poderá ser mais um desses marcos: o fim do ciclo populista e o início de um período de reconstrução nacional.

Votação em Corumbá

A votação acontece das 8h às 20h. Em Corumbá, 289 eleitores podem votar na sede do Consulado da Bolívia, localizada na rua Sete de Setembro esquina com a avenida General Rondon. No Posto Esdras, a fronteira fica fechada até o encerramento do pleito. Apenas pedestres podem circular.

Com informações do jornal El Deber. 

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