"Jamais esperaria de mulheres", diz jovem sequestrada e agredida por três irmãs

“Meu cabelo era tudo para mim: longo, loiro. Era o que eu mais gostava em mim.” A frase surge em meio a longas pausas, numa voz ainda embargada. A mulher, de 26 anos, prefere não ser identificada e tenta juntar os pedaços da própria vaidade depois de viver o que chama de “filme de terror”: foi sequestrada, espancada e teve o cabelo cortado por três mulheres, movidas por ciúmes.

“Foi o que eu mais senti. Cortaram o meu cabelo, acabou comigo. O cabelo cresce, mas o psicológico demora”, contou a vítima, que trabalha como coordenadora de manutenção.

O crime aconteceu no fim de setembro, em Corumbá e ganhou repercussão após a prisão das agressoras na segunda-feira (6). Segundo a Polícia Civil, o ataque de 3 irmãs contra a vítima foi premeditado e teve como motivação o fato de a jovem ter tido um breve envolvimento com o ex-marido de uma delas.

Ela relata que nunca imaginou viver algo assim, ainda mais vindo de outras mulheres. “Todo homem fala que a ex é louca, né? Eu não acreditei. Eu nem a conhecia e não tive relacionamento com ele. Foi só um envolvimento.”

O pesadelo começou quando ela descia do ônibus que transportava funcionários de uma mineradora. “Eu tava dormindo, desci com a cabeça baixa e levei um tapa no rosto. Quando vi, já me colocaram dentro do carro.”

Depois de levarem a vítima para a Estrada da Bocaina, na zona rural da cidade, as agressoras a espancaram, quebraram seu celular e ameaçaram matá-la. “Elas diziam que ele tinha se separado dela, que a culpa era minha, que eu o perturbava. Eu nem sabia quem eram”, relatou.

Abalada, ela tenta retomar a vida após o trauma. “Não tô trabalhando ainda e vou começar acompanhamento psicológico. O corpo sara, mas a cabeça não.”

O que mais a marcou foi ter sido atacada por mulheres. “A gente cresce com medo de homem, e de repente são mulheres que te sequestram, te batem, te humilham. É covardia.”

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Prisão

As três irmãs — de 22, 27 e 29 anos — foram presas em uma operação do SIG (Setor de Investigações Gerais) com apoio da DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher). Uma foi localizada no Loteamento Pantanal e as outras duas no Assentamento São Gabriel.

As prisões ocorreram após representação da Polícia Civil e decretação da preventiva pela Justiça. Elas devem responder por sequestro e cárcere privado qualificado, lesão corporal, ameaça e dano — crimes que somam até 16 anos de prisão.

“Quero justiça”, resume a jovem. “Só quero poder sair de casa sem olhar para trás”, finaliza.