Campo Grande News em 27 de Junho de 2025
Marcos Maluf/Campo Grande News
Vítima foi atacada dentro do quarto de casa, no bairro Maria Aparecida Pedrossian
Reservado no convívio com vizinhos, ele mantinha uma presença ativa na internet. Em seu perfil pessoal, com 1,3 mil seguidores, falava sobre comportamento, emoções e poder da mente. “Pensamentos geram emoções, e emoções moldam suas ações”, diz uma das postagens, onde aparece de forma serena, orientando os seguidores a "vibrar alto", como costumava escrever.
Em outra conta, com quase 7 mil seguidores, promovia as aulas de dança que ministrava. Vídeos alegres, com alunos dançando em pares e trilha sonora animada, povoam a página. “Quem dança, renasce a cada música. A dor se dissolve no giro”, escreveu em uma publicação. Para quem assistia de fora, era um exemplo de leveza e positividade.
Mas, ontem, apresentou um surto e matou o pai, Hugo Abel Heyn, de 69 anos, com golpes de faca. Câmeras de segurança de uma loja da vizinhança registraram a mãe do autor correndo desesperada pela rua, gritando por socorro e batendo em portões. Pouco depois, por volta de meia-noite, o professor de dança aparece nas imagens andando calmamente e conversando com jovens na calçada, como se nada tivesse acontecido.
Segundo o boletim de ocorrência, tudo começou com uma discussão. O filho, em surto, fazia ameaças e se mostrava agressivo. “E você, o que está olhando? Eu ainda vou fazer pedacinhos de você”, teria dito ao pai. Hugo teria rido da ameaça, o que enfureceu ainda mais o filho. “Tá duvidando? Vou fazer agora”, respondeu ele, antes de arrombar a porta do quarto onde o pai estava trancado e atacá-lo com uma faca.
Mesmo depois da vítima caída no chão, o agressor continuou com chutes na cabeça do pai. A mãe tentou intervir, mas não conseguiu. Saiu correndo de casa em busca de ajuda. Quando retornou, encontrou o marido morto e o filho já havia fugido. O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegou a ser acionado, mas nada pôde fazer.
Moradores da rua do bairro Parque Residencial Maria Aparecida Pedrossian estão em choque. Descrevem a família como tranquila e respeitada no bairro. O filho, apesar do comportamento mais reservado, era querido por causa da dança. “Ele gostava de dançar, era calado, mas educado. Ninguém imaginava isso”, disse um vizinho. "Ele dançava muito, sempre muito paciente", disse uma colega do professor.
Um dos jovens que aparece nas imagens com o autor, pouco depois do crime, contou à reportagem que tentou acalmar a mãe quando ela apareceu pedindo ajuda. Depois, o autor chegou e até conversou com os rapazes. “Depois ele apareceu e discutiu com a mãe, começou a fazer acusações contra o pai. Mas, estava calmo”.
Perseguição
A reportagem apurou que o autor chegou a perseguir uma ex-namorada, com quem manteve um relacionamento de três meses. Na época, a jovem chegou a pedir medida protetiva. O processo é de 2017.
A morte de Hugo está sendo investigada pela Polícia Civil. O autor do crime não foi preso até a publicação desta reportagem.
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