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Hidrovia do rio Paraguai salta de 800 mil para 22 milhões de toneladas transportadas

Rosana Nunes em 05 de Junho de 2025

Ayrton Benites/PMC

Discussões acontecem no auditório do Centro de Convenções

Ao longo de toda esta quinta-feira, 05 de junho, Corumbá centraliza as discussões sobre o futuro hidroviário da região Oeste do Brasil. O Centro de Convenções sedia a etapa internacional do Circuito Nacional Diálogos Hidroviáveis, promovida pela Agência de Desenvolvimento Sustentável das Hidrovias e dos Corredores de Exportação (Adecon).

O encontro técnico reúne representantes do Brasil, Argentina, Paraguai, Bolívia e Uruguai para discutir alternativas logísticas e estratégias de desenvolvimento ligadas à Hidrovia Paraguai-Paraná, com ênfase em sua importância como eixo de integração sul-americana, eficiência energética e vetor de desenvolvimento regional sustentável.

Na abertura do evento, o presidente da Adecon, Adalberto Tokarski, anunciou que o processo de concessão da infraestrutura aquaviária da hidrovia — incluindo dragagem pontual, sinalização e monitoramento — deve ser votado pela diretoria da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). “Não se trata de privatização do rio Paraguai, mas de uma concessão voltada à modernização da infraestrutura e ao aprimoramento da gestão ambiental e operacional”, afirmou.

O encontro é a segunda edição do Diálogo Hidroviário em Corumbá e marca mais uma etapa do programa que, desde 2017, já contabiliza 15 edições presenciais e 10 webinários. Ao todo, mais de quatro mil participantes já integraram os debates promovidos pela plataforma, que se apresenta como apartidária e independente, com foco na descentralização do debate sobre infraestrutura de transportes no país.

Durante a cerimônia, o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Sustentável, Odilon Rodrigues Silva, representando o prefeito Dr. Gabriel Alves de Oliveira, destacou a importância da construção de políticas públicas voltadas à navegação interior. “Empresas deixaram nossa região por falta de logística adequada. Hoje, com este evento, estamos construindo um novo caminho, com a participação de diversos setores”, afirmou.

Representando o Governo de Mato Grosso do Sul, o coordenador de Mineração e Gás da Semadesc, Eduardo Pereira, destacou o apoio do Estado. “Esta hidrovia precisa ser viável ambiental, social e economicamente. Estamos aqui para desmistificar visões errôneas e garantir que a riqueza de Corumbá possa ser distribuída à sua população”, declarou.

Mais de 22 milhões toneladas 

Divulgação

Especialistas apontam que a navegação oferece menor impacto ambiental e maior segurança operacional

Também presente na solenidade de abertura, o contra-almirante Alexandre Amendoeira Nunes, comandante do 6º Distrito Naval da Marinha em Ladário, apresentou dados estatísticos da ANTAQ, mostrando o crescimento da hidrovia: de 800 mil toneladas transportadas na década de 1980 para mais de 22 milhões de toneladas atualmente. Ele destacou o trabalho da Capitania Fluvial do Pantanal, responsável pela fiscalização de terminais portuários, e do Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, responsável pelos levantamentos hidrográficos que coletam dados para construção das 143 cartas náuticas da via navegável. “A Marinha atua diretamente para garantir a segurança e a sustentabilidade da navegação no trecho de 1.800 km entre Cáceres e Assunção”, frisou.

O diretor aquaviário do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Edme Tavares, reforçou o compromisso da instituição com a navegabilidade do trecho. “A hidrovia é estratégica para o país. Precisamos garantir a sua operação com segurança, eficiência e sustentabilidade até o momento da concessão”, disse.

Entre os principais temas debatidos no evento estão as melhorias nos trechos Norte e Sul da hidrovia, a intensificação da cooperação entre os países da Bacia do Prata e a implementação de tecnologias voltadas à construção de uma “hidrovia inteligente”.

Especialistas apontam que o predomínio do transporte rodoviário no Brasil compromete a eficiência e eleva os custos logísticos, enquanto a navegação interior oferece menor impacto ambiental e maior segurança operacional. O Governo Federal estima investimentos superiores a R$ 9 bilhões para ampliar a integração entre os modais hidroviário, rodoviário e ferroviário, como estratégia para otimizar a matriz logística nacional.

A etapa em Corumbá teve início na tarde de quarta-feira, 04 de junho, com uma visita técnica aos trechos da hidrovia. Ela reafirma o papel da Hidrovia Paraguai-Paraná como elemento central na integração produtiva da América do Sul e representa mais um passo rumo a uma infraestrutura logística sustentável e moderna.

A iniciativa conta com o apoio da Prefeitura de Corumbá, Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Navegação Interior (Abani), da Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport) e da Federação Nacional das Operações Portuárias (Fenop).

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