Campo Grande News em 27 de Maio de 2025
Reprodução/Redes Sociais
Vanessa e Sophie em foto divulgada em redes sociais
Durante coletiva de imprensa na sede da DHPP (Delegacia Especializada de Repressão a Homicídios e de Proteção à Pessoa), o delegado Rodolfo Daltro detalhou como o crime ocorreu e classificou o autor como frio e sem arrependimento, descartando a hipótese de que tenha agido durante um surto.
“Ele saiu pra trabalhar de manhã e tinha um intervalo de duas horas de almoço. Então voltou pra casa às 15h30 já com a intenção de matá-las. Ele as matou às 16h, voltou ao trabalho, cumpriu normalmente o expediente, saiu do trabalho, passou no posto, comprou 16 reais de combustível e voltou pra casa", disse o delegado.
De acordo com o delegado, os corpos da mãe e da filha permaneceram na casa onde moravam, Jardim São Conrado, por cerca de quatro horas, até João voltar do trabalho e decidir ocultá-los. "Elas ficaram mortas, então, das 16h às 21h, dentro de um cômodo. Ele as embrulhou em cobertores, colocou os corpos no porta-malas do carro e os levou até o local onde foram queimados", relatou o delegado.
Os restos mortais das vítimas foram encontrados em chamas na região do Indubrasil, em Campo Grande, por volta das 23h de segunda-feira.
Prisão
O rapaz foi preso enquanto registrava o desaparecimento das vítimas na 6ª Delegacia de Polícia Civil, Bairro Jardim Tijuca, nesta terça. Equipe da DHPP foi ao local e fez a captura. Ele confessou o crime, em primeiro momento, e relatou que seria para não pagar pensão alimentícia.
Crime premeditado
Inicialmente, João afirmou na delegacia que havia cometido o crime sob influência de terceiros, mas essa versão foi descartada. Segundo o delegado Rodolfo Daltro, a polícia trabalha com a hipótese de premeditação.
“Há dois meses, ele relatou a uma testemunha que tinha intenção de matar a esposa e a filha. Como parecia absurdo, a pessoa não levou a sério. Essa testemunha nos procurou”, disse Daltro.
O caso
Por volta das 23h de segunda-feira (26), equipes da Polícia Militar foram acionadas após denúncia de incêndio em uma área de vegetação na Rua Desembargador Ernesto Borges, na região do Indubrasil. Os corpos de Vanessa e da filha foram encontrados em chamas, no fim de uma rua sem saída.
O Corpo de Bombeiros foi chamado para conter o fogo. De acordo com o delegado Mateus Crovador, que atendeu a ocorrência, os corpos estavam em uma área isolada e já carbonizados.
Família em choque
A irmã da vítima, Wesla Kênia Lima Eugênia, de 27 anos, que mora em Chapadão do Sul e é madrinha da bebê, conversou com a reportagem e revelou que a família está em choque. “É difícil de acreditar. Faltavam dois meses para o aniversário da Sophie. Estávamos planejando uma festa com o tema Branca de Neve. A Vanessa ia usar meu vestido de casamento, para combinar com a roupinha da neném. Estava tudo encaminhado”, contou, emocionada.
Vanessa havia se mudado para Campo Grande com o sonho de fazer faculdade. Encontrou João na cidade, começaram a namorar, foram morar juntos e logo veio a gravidez. “Ela estava feliz com tudo. Nunca contou nada de ruim. Uma vez, no fim do ano, nos disse que encontrou mensagens dele com uma colega de trabalho, em que a mulher dizia para ele se separar. Eles discutiram, mas depois seguiram normalmente. Ela nunca disse que ele era agressivo", contou.
Mesmo morando em outra cidade, Wesla conta que sempre deixou claro à irmã que ela teria para onde ir se precisasse. “Eu dizia pra ela: ‘Se acontecer qualquer coisa, me avisa. Mando dinheiro, você pega um ônibus e vem. Aqui você e a Sophie vão estar seguras. Ficam comigo, com meu filho. Vocês duas iam brincar juntas’. A gente sempre tentou mostrar que ela tinha apoio", disse.
A família teve a confirmação do crime somente após João ser detido pela DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa). A justificativa dada por ele para o assassinato foi absurda: não queria pagar pensão alimentícia.
Agora, a família de Vanessa e Sophie tenta organizar o traslado dos corpos para Chapadão do Sul e cobra justiça.
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