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Avistamentos de onças próximos à área urbana de Corumbá deixam autoridades em alerta

Leonardo Cabral em 25 de Maio de 2025

Reprodução

Imagens registradas próximo à Agesa

Mais uma vez, o avistamento de uma onça-pintada acende o alerta das autoridades em Corumbá. Por estar inserida na maior área alagada do Pantanal de Mato Grosso do Sul, a cidade convive com esse tipo de ocorrência, o que exige atenção redobrada.

A equipe do Núcleo de Biodiversidade e Mudanças Climáticas do IHP (Instituto Homem Pantaneiro) tem prestado apoio técnico à Polícia Militar Ambiental (PMA), ao Corpo de Bombeiros, à Fundação de Meio Ambiente do Pantanal (Prefeitura de Corumbá) e à população. Segundo o IHP, uma ação conjunta já foi realizada na região da Cacimba da Saúde, entre abril e maio deste ano, após o aparecimento de uma onça-pintada e o suposto ataque a um cachorro.

Num registro em abril, uma onça foi vista na mata, perto da delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na rodovia Ramão Gomes, que liga a cidade à fronteira com a Bolívia.

A presença do animal foi registrada em vídeo pelo radialista Júnior Silva e outras três pessoas que retornavam da Bolívia de carro. A onça aparece sentada, observando o movimento da rodovia, e logo em seguida retorna para a mata.

Outra imagem que circula nas redes sociais mostra uma onça-pintada próxima da Agesa (Armazéns Gerais Alfandegados). O registro foi feito por dois bolivianos que trafegavam pela rodovia e decidiram retornar para gravar o animal. Um outro carro chegou a passar pelo local sem notar sua presença.

Na filmagem, a onça está deitada e um dos ocupantes, surpreso, se emociona ao ver o felino e alerta o condutor. Inicialmente, o motorista demonstra dúvida, mas logo confirma que era o animal. Com a ajuda dos faróis, ambos fazem o registro. A onça, que observava a movimentação, se levanta e segue para a mata.

O Diário Corumbaense conversou com o diretor da Agesa, Edmar Fernando Figueiredo Cruz, que comentou as medidas adotadas: “Acreditamos que não é de hoje que ela vem rondando essa área. Já comuniquei os órgãos competentes — IHP, PMA e Meio Ambiente da Prefeitura — na semana retrasada, caso não esteja enganado. Não posso tomar nenhuma atitude contra o animal, mas todos estão orientados a tomarem cuidado. À noite, o portão permanece fechado. Qualquer situação deve ser comunicada aos órgãos competentes”, afirmou.

Divulgação/IHP

Instituto Homem Pantaneiro (IHP) vem dando apoio técnico às autoridades

PMA

Sobre o caso na Agesa, a PMA emitiu nota informando que, até o momento, não foi notificada nem oficialmente acionada a respeito da aparição ou de possíveis acidentes envolvendo onças-pintadas na área urbana de Corumbá. Segundo a corporação, há apenas relatos informais e comunicações da imprensa sobre o tema.

Mas, diante desse cenário, a PMA afirmou que vem intensificando ações preventivas, com reforço no policiamento ambiental nos municípios de Miranda (região onde um caseiro de pousada foi atacado e morto por onça) e Corumbá, com foco especial no combate à prática ilegal da ceva de animais silvestres — conduta que pode estar diretamente relacionada à aproximação desses felinos em áreas urbanizadas.

A PMA explica que a ceva consiste em oferecer alimento de forma intencional e contínua a animais silvestres, com o objetivo de atraí-los – seja para caça, pesca ou simples aproximação. Essa prática altera o comportamento natural da fauna, gera dependência alimentar, estimula a associação entre presença humana e oferta de alimento, e aproxima os animais de áreas urbanizadas, onde podem ocorrer acidentes graves. Além disso, compromete o equilíbrio ecológico do bioma pantaneiro.

A ceva é uma prática ilegal, tipificada como crime de maus-tratos contra animais silvestres, nos termos da Lei Federal nº 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais).

O IHP também informou que, junto com outras instituições, participará de uma reunião com o Cenap/ICMBio (Centro Nacional de Pesquisa, Manejo e Conservação de Mamíferos Carnívoros), para discutir protocolos de segurança e convivência, que serão divulgados futuramente.

A entidade lembra que, segundo estudos, é comum que esses animais evitem o contato humano. Embora casos de ataques existam, são raros. Por isso, a prevenção é fundamental, com foco na segurança das pessoas.

O que fazer em caso de aparição

Em situações de emergência ou avistamento de animais silvestres, os contatos são: (67) 3232-2469 e (67) 99266-4052.

Orientações de segurança:

Não se aproxime da onça, mesmo que pareça calma;

Onças com filhotes ou carcaças podem ser mais agressivas. Redobre os cuidados;

Mantenha luzes externas acesas em áreas de possível presença da espécie;

Não alimente onças nem descarte resíduos orgânicos nesses locais;

Evite locais onde haja suspeita de ceva (alimentação de animais selvagens), pois isso pode gerar conflitos e configura crime ambiental;

Observe pegadas no caminho. Se forem recentes, evite circular sozinho;

Se encontrar uma onça, mantenha distância e espere que ela se afaste;

Não se vire nem corra — isso pode provocar reação do animal;

Mantenha contato visual e afaste-se lentamente, sem movimentos bruscos;

Após o animal sair do campo de visão, aguarde algumas horas antes de seguir pelo trajeto.

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