Da Redação em 04 de Fevereiro de 2025
Leandro Alves da Silva
Nome da espécie faz referência a uma faixa pré-ocular preta que se estende de um olho ao outro, lembrando um “bigode”
Segundo o professor do Inbio e coordenador do Mapinguari, Diego Santana, a Leptophis mystacinus se diferencia das demais pelo padrão de coloração vibrante, apresentando duas faixas verdes dorsolaterais separadas por uma linha vertebral amarelada. O nome da espécie faz referência a uma faixa pré-ocular preta que se estende de um olho ao outro, lembrando um “bigode”.
A identificação da nova espécie teve início a partir dos estudos do professor Nelson Rufino, especialista no grupo Leptophis. “Em 2023, enquanto estava como professor visitante nos Estados Unidos, conversei com o professor Nelson, que mencionou um bicho diferente no Cerrado que ele havia encontrado em sua tese, mas ainda sem muitas evidências para descrevê-lo”, relata Santana. A partir disso, foram feitas análises genéticas que comprovaram que se tratava de uma espécie nova.
Os pesquisadores também perceberam uma conexão evolutiva entre espécies do mesmo gênero. A nova cobra-papagaio do Cerrado é parente próxima da Leptophis dibernardoi, encontrada na Caatinga. “Isso é bem comum para vários répteis, pois o Cerrado e a Caatinga compartilham um histórico evolutivo similar”, explica Santana.
As cobras-papagaio são conhecidas por seus hábitos diurnos e arborícolas, sendo predadoras ágeis de pequenos vertebrados. A Leptophis mystacinus possui características que a diferenciam de suas parentes mais próximas. “Ela tem essa faixa preta que atravessa os olhos e se prolonga pelo corpo, o que não acontece em outras espécies”, destaca o professor.
Além da coloração, a morfologia também se mostrou distinta, especialmente na estrutura do hemipênis, o órgão copulador dos machos, que possui detalhes exclusivos nesta espécie.
Como uma espécie é descoberta?
O processo de descrição de uma nova espécie envolve um trabalho minucioso de identificação e comparação. “Quando encontramos um animal que parece diferente, comparamos com artigos científicos, materiais de coleções zoológicas e, se necessário, fazemos análises genéticas”, explica Santana.
De acordo com o professor, esse tipo de pesquisa tem sido constante no Mapinguari. “Nos últimos anos, nosso grupo tem descrito diversas espécies novas, tanto de serpentes quanto de anfíbios. E ainda há muitas por vir”, revela. “Cada espécie descrita é uma peça a mais no quebra-cabeça da nossa história natural”, conclui Santana.
As informações são da Assessoria de Comunicação da UFMS.
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