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Devotos louvam Iemanjá em Corumbá e pedem bênçãos para o novo ano

Leonardo Cabral em 31 de Dezembro de 2024

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Louvação à Iemanjá na noite de segunda-feira (30) na Prainha do Porto Geral

A prainha do Porto Geral, em Corumbá, recebeu na noite desta segunda-feira, 30 de dezembro, religiosos e simpatizantes. Eles mantêm em território pantaneiro, a tradição secular de louvar a Iemanjá, a deusa das águas e da fertilidade nas religiões afro-brasileiras.

Pedindo bênçãos e agradecendo pelos pedidos alcançados ao longo de 2024, ao som dos atabaques, os caboclos, pretos velhos e orixás de tendas de Umbanda e Candomblé da cidade, prestaram homenagens à rainha do mar. Em cada ponto da Prainha, longas filas formadas pelos simpatizantes que aguardavam a vez para tomar "passe".

Sem nenhuma estrutura montada pela Prefeitura, como em anos anteriores, quando uma imagem de Iemanjá era colocada às margens do rio, religiosos e simpatizantes fizeram seus rituais, que se caracterizam pela troca de energia entre aquele que o transmite e o que recebe, tendo como objetivos o reequilíbrio do corpo físico e espiritual, a limpeza das energias negativas que causam enfermidades às pessoas, harmonização dos chakras, dentre outros, que irão variar segundo a necessidade de cada indivíduo.

Leonardo Cabral/Diário Corumbaense

Flávia Segóvia no ritual do "passe", pedindo energias positivas para 2025

Flávia Segóvia Araújo, que participa desde o ano passado. “Consigo receber energias boas, esse momento é de muita fé, independente de religião. Deus é um só, então se você tiver fé, o que está deixando para trás e tentando almejar daqui para frente, vai acontecer. Aqui, renovamos as energias, saímos mais leves. Espero que 2025 seja de muita saúde para todos nós”, falou ao Diário Corumbaense.

Marcela de Miranda Correa, moradora do bairro Guatós, veio acompanhada dos filhos, jovem de 18 anos e menino de 10 anos. “Não sou do candomblé ou da umbanda, mas todos os anos procuro estar aqui, pois é um momento único, onde todo mundo tem que procurar esperança em algo. Eu venho procurar a minha. Acho isso espetacular, me identifico muito, mesmo não seguindo a religião, respeito e admiro, o que importa é nossa fé, todos nós somos cristãos, todos tem o seus ‘por quê?’ E, eu, também tenho os meus. Trouxe meus filhos, assim, toda a família é abençoada. A energia ruim é momento exato de deixar para trás. Quero um ano de muita saúde, tendo saúde, temos tudo, emprego bom, prosperidade, abundância”, disse Marcela.

Leonardo Cabral/Diário Corumbaense

Marcela de Miranda junto com os filhos

O filho dela, Murilo Henrique, também fez pedidos a Iemanjá. “Já vim em outros anos, espero um ano de muita saúde e energia boa”, disse o menino.

Oferendas

Os barquinhos de isopor, com oferendas a Iemanjá como perfumes, espelhos, batons e diversos presentes que realçam a vaidade feminina, são lançados ao rio. "Representa proteção, que as pessoas precisam de fé para que 2025 seja ano de prosperidade e de força”, disse o pai de santo Robson de Ogum.

Ele explicou sobre a tradição em Corumbá, que acontece todo final de ano, nos dias 29, 30 e 31 de dezembro.

Leonardo Cabral/Diário Corumbaense

Pai Robson de Ogum durante os rituais na prainha

"Nós damos graças à Iemanjá e todos os Orixás, por tudo que conseguimos durante o ano. As pessoas vêm para pegar o ‘Axé’, pedir energias positivas para o próximo ano, para que seja um ano de coisas boas, de saúde, felicidade e caminhos abertos. Que não deixem morrer essa tradição, pois a nossa fé sempre será em primeiro lugar. A gente louva o Orixá e adora o Sagrado pedindo vida longa e saúde para todos, que seja uma Corumbá boa e que venham muito sucesso e vitórias para todos”, desejou.

A louvação continua nesta terça-feira (31), na prainha do Porto Geral.

Iemanjá

Na mitologia yorubá (ioruba), Iemanjá, cujo nome tem significado de mãe dos filhos-peixe, é filha de Olokun, soberano dos mares, que deu a ela, quando criança, uma poção que a ajudasse a fugir de todos os perigos.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Os barquinhos de isopor, com oferendas a Iemanjá, são lançados ao rio Paraguai

A deusa cresceu e se casou com Oduduá, com quem teve 10 filhos orixás (por isso seu nome significa também mãe de todos orixás). É considerado o orixá mais popular do Brasil. Em 02 de fevereiro é celebrado o dia de Iemanjá. Além desta data, devotos realizam celebrações também em 15 de agosto e 31 de dezembro, por conta da virada de ano e as simpatias das sete ondas.

A influência da Rainha do Mar no Brasil começou com a chegada dos africanos ao país. Iemanjá é um orixá da religião do povo Egba, nativos da cidade de Abeokuta, na Nigéria. Com informações do blog Astrocentro.

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