Campo Grande News em 09 de Dezembro de 2024
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Além de reintegrar Martins ao cargo, o ministro do STF revogou as outras medidas cautelares
A decisão atende a um pedido feito pelo advogado de Martins, Rodrigo Mudrovitsch, que argumentou não haver indícios de que seu cliente teria se beneficiado financeiramente com as supostas vendas de sentenças.
Segundo a Polícia Federal, que conduz as investigações, Martins foi apontado por transações que levantaram suspeitas, como a compra de carros e gado com dinheiro vivo. A PF também observou um aumento patrimonial de R$ 102 mil em espécie entre 2022 e 2023, o que foi considerado um possível indício de participação no esquema.
O afastamento foi determinado pelo ministro Francisco Falcão, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), antes de o caso ser transferido ao STF.
Na decisão que reverteu o afastamento, Zanin considerou que a documentação apresentada por Martins esclareceu as suspeitas levantadas pela PF. Ele baseou sua decisão em parecer do procurador-geral da República, Paulo Gonet. "O requerente apresentou documentação que justifica as transações bancárias questionadas pela autoridade policial, afastando, ao menos inicialmente, os fundamentos que ensejaram a decretação de medidas cautelares em seu desfavor", disse Gonet.
Além de reintegrar Martins ao cargo, o ministro do STF revogou as outras medidas cautelares que haviam sido impostas, como o monitoramento eletrônico com tornozeleira e a proibição de contato com outros funcionários do TJMS.
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul confirmou que o desembargador Sérgio Fernandes Martins reassumiu suas funções como presidente e pode voltar ao cargo a qualquer momento.
A informação foi divulgada por meio de nota após decisão do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que revogou as restrições impostas no âmbito da Operação Ultima Ratio, incluindo o afastamento da função pública, o monitoramento eletrônico e a proibição de contato com outros servidores. O desembargador havia sido afastado em outubro, junto com outros quatro magistrados, sob suspeita de envolvimento em um esquema de venda de decisões judiciais.
"Com a plena restauração de suas prerrogativas, o desembargador Sérgio Fernandes Martins retoma suas atividades administrativas e judiciais à frente do Tribunal, até o término de seu mandato", diz trecho da nota.
A reportagem entrou em contado com Sérgio Martins, que preferiu não dar entrevista. Em breve resposta, disse: "Estou muito emocionado no momento e não teria condição de falar nada nessa hora. Porém, a decisão do ministro Zanin fala por si só".
Ultima Ratio
A Polícia Federal foi às ruas para cumprir 44 mandados de busca e apreensão em Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Brasília (DF) e São Paulo (SP). O STJ ainda deferiu o pedido de afastamento dos sigilos bancário e fiscal de investigados, além de determinar o afastamento das funções e o monitoramento por tornozeleira eletrônica dos desembargadores: Vladimir Abreu da Silva, Alexandre Aguiar Bastos, Marcos José de Brito Rodrigues, Sérgio Fernandes Martins e Sideni Soncini Pimentel.
O conselheiro Osmar Jeronymo também foi afastado do TCE e ele e o sobrinho serão monitorados. A ação levou o nome de “Ultima Ratio”, expressão do latim traduzida literalmente como “a força é o último argumento dos reis” e que significa que esgotados todos os argumentos razoáveis num debate, impõe-se o uso da força.
Segundo a Polícia Federal, o objetivo é “investigar possíveis crimes de corrupção em vendas de decisões judiciais, lavagem de dinheiro, organização criminosa, extorsão e falsificação de escrituras públicas no Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul”.
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