Pelo universo feminino, Império do Morro faz desfile de garra após problemas internos

A escola de samba Império do Morro, entrou na Avenida General Rondon, já na madrugada deste sábado, 23 de abril. A agremiação exaltou a luta, glória e o empoderamento das mulheres, com o enredo: “Sou mulher, meu lugar é na Império, cantar meu samba é o que mais quer”.

Mesmo com problemas internos, horas antes do desfile, com o presidente Daniel Chaim, deixando o cargo, a escola passou pela passarela do samba retratando de fato, a mulher, como “grande mãe” de cada mudança, de cada etapa da vida cotidiana nesses últimos tempos.

A comissão de diretores que assumiu o desfile discursou na concentração e disse que a Império veio para uma “apresentação de honra”. Foi um verdadeiro tributo à feminilidade, uma questão de razão e sensibilidade, um olhar pelos olhos da mulher, revelando que o Brasil não é só a terra da mulher que brilha, mas daquela que faz brilhar.

Durante sua passagem, a “Verde e Rosa do Pantanal”, exaltou vozes femininas que se fizeram e fazem ouvir empoderando tantas outras.

Na comissão de frente, a escola lembrou a eterna Dona Venância, fundadora da escola de samba e apaixonada pelo Carnaval, falecida há alguns anos. Os nove componentes, mostraram o alto alcance do voo dessa mulher imperiana, exemplo de conquista e luta, representando o transformar no Carnaval de Corumbá.

A Avenida foi transformada num verdadeiro palco das heroínas sem estátuas, do seu audacioso poder, do florescente carnaval corumbaense fecundado pelas imperianas. 

Uma das alas falou sobre Maria Quitéria, primeira mulher a fazer parte do Exército Brasileiro. Considerada a heroína da Independência, a baiana fingiu ser homem para poder entrar nas Forças Armadas. Ela utilizou o nome de seu cunhado, ficando conhecida como soldado Medeiros, já que somente homens faziam parte do Exército.

Em cada ala, a escola mostrou parte das mulheres que fizeram história, seja em cenário nacional, internacional e regional, como Dandara de Palmares, considerada heroína na luta pela liberdade no Brasil. Ela se destacou por dominar técnicas de capoeira, ainda mais por empunhar armas e liderar exércitos femininos do quilombo. Também adepta de tarefas cotidianas, ganhou destaque na produção de farinha de mandioca e na caça.

E as lembranças não pararam. Não faltou o brilho ao poderoso talento revelado por Chiquinha Gonzaga, Xica da Silva, Carmem Miranda, Dercy Gonçalves, Maria Lenk, a rainha futebolista Marta Vieira, Dilma Rousseff, Mariluce Leão, Maria do Carmo Provenzano, Odila, entre inúmeras estrelas famosas e outras tantas ofuscadas pelo anonimato. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Juruna e Mary Bruno, mostrou muita sincronia pela avenida. Foram muito aplaudidos pelo público.   

Em um dos quatro carros, a agremiação mostrou a luta da mulher no Outubro Rosa, campanha de conscientização mundial, realizada anualmente no mês de outubro, com o objetivo de divulgar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama.

O desfile da Verde e Rosa, contou com cerca de mil componentes, divididos em 14 alas, com cinco carros alegóricos. O ritmo foi ditado pelo mestre de bateria João Victor e seus 90 ritmistas, que vieram interpretando “Mulheres”, fazendo o recuo, com coreografia e a famosa e tradicional “paradinha”, com o canto dos componentes em uma parte do samba, exaltando o país: “Pátria amada Mulher”.  

A Rainha de bateria, Lucila Victória, que esbanjou muita simpatia ao público, veio representando as pureza e delicadeza das mulheres na Avenida. Ela presenteou mulheres com rosas, uma forma de destacar a luta e glória feminina.

O desfile foi encerrado com o carro Mulheres que brilham, mostrando que ao longo da história, a mulher mudou a maneira de ser na sociedade, exercendo papel de protagonista e decisivo no desenvolvimento social e cultural do País e de todo o mundo.

A Império do Morro trouxe para a avenida um mil componentes, divididos em 14 alas. Além da disputa oficial, a agremiação é uma das 10 escolas de samba de Corumbá que concorrem à 12ª edição do Esplendor do Samba. O prêmio, instituído pelo jornal Diário Corumbaense tem o objetivo de homenagear aqueles que fazem o carnaval da cidade ser um dos maiores e mais animados do País.