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Considerada símbolo de luta pela Baía Negra, morre Júlia Gonzales

Leonardo Cabral em 07 de Janeiro de 2022

Sérgio Seven

Ativismo ambiental fez Júlia Gonzales ser reconhecida em nível nacional

Símbolo da Área de Preservação Ambiental Baía Negra. Assim que Júlia Gonzales, de 62 anos, era conhecida na região pantaneira. Ela morreu na madrugada desta sexta-feira, 07 de janeiro, na Santa Casa de Corumbá, onde estava internada.

O filho de Júlia, Jony Gonzales, informou ao Diário Corumbaense que a causa da morte  da mãe foi insuficiência respiratória. “Ela foi internada um dia depois do Natal. Já tinha sido hospitalizada em novembro, mas desta vez, não resistiu e infelizmente a perdemos”, lamentou.

Emocionado, mas com muito orgulho da mãe, Jony destacou a mulher guerreira que, acima de tudo, lutou para ajudar o próximo sem ganhar nada em troca. A este Diário, ele relembrou um pouco da luta de Júlia, que era considerada a "protetora" da Apa Baía Negra.

“Uma pessoa prestativa, dedicada, ela fazia tanto por todos, pelo bem dos menos favorecidos. Deixava às vezes de ficar com a própria família para ir à luta pelo povo. Sempre trabalhou pela luta da moradia, o que ela podia fazer, sempre fez. Uma mulher guerreira que não mediu esforços para se doar e fazer o bem. Brigava quando necessário, mas pelos seus”, a definiu Jony.

Ele também lembrou do bairro Loteamento Pantanal, quando Júlia fez parte do movimento e ajudou na implantação. “Ela dormia no cimento, mas estava lá e ajudou a criar o bairro, com moradia. O mais importante, ela fez questão que as casas fossem no nome das mulheres, pois ela nunca deixou de lado a luta pela mulher, social e, acima de tudo, pelo povo”, falou.

Amor pela Apa Baía Negra

Mesmo diante de tantas lutas, Júlia era mesmo conhecida pelo amor que tinha pela Área de Preservação Ambiental Baía Negra, conhecida como “Codrasa”, onde morou por mais de 20 anos.

Defendia a região, com cerca de seis mil hectares, que fica em Ladário, com “unhas e dentes”. Foi ela quem proporcionou muitas conquistas para a localidade e para seus moradores. Mas fazia questão de não deixar de lado a natureza, pois amava a Apa, local que conhecia muito bem, no barco ou a pé, ela sabia dos quatro cantos que ali a cercavam.

Sérgio Seven

Além da questão ambiental, Júlia participou de lutas sociais também

Foi este amor e a luta pelo social que a levaram ao reconhecimento nacional. Ela fez participações em programas da Rede Globo, como da Ana Maria Braga, Luciano Huck, quando comandava o Caldeirão do Huck. Também foi personagem de documentário sobre a área ambiental.

“A Apa era a vida da minha mãe. Ela lutava por esse lugar. Pelos moradores. Enfrentou a todos. Nunca quis sair de lá, permaneceu fazendo o que gostava, remando, pescando, plantando, enfim, ela se doou pela Apa que hoje é um cenário reconhecido no País todo. Muito orgulho de minha mãe, da mulher que ela foi e dos ensinamentos que ela deixou”, falou Jony que reafirmou o desejo da mãe, “ela sempre dizia que ali era onde queria ficar”.

Júlia Gonzales será sepultada em Ladário. O velório ocorre em Corumbá até às 16h, na Capela Anjo da Paz, localizada na rua Major Gama esquina com a Dom Aquino, Centro. Ela completaria 63 anos em abril deste ano e também era conhecida como “Júlia do PT”, partido político que sempre militou.

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Nivaldo Leite: Vai com Deus Guerreira. Aqui de São Paulo desejo que Deus console a família

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