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Piloto morto em acidente sempre foi um "apaixonado" pela aviação, dizem mãe e professor

Leonardo Cabral em 26 de Novembro de 2021

Reprodução/Redes Sociais

Desde menino, Gustavo demonstrava sua paixão pela aviação

“Estudioso, educado e apaixonado pela aviação”. Foi assim que a dentista, Leila Reis Calçado, se referiu ao  filho, durante entrevista por telefone ao Diário Corumbaense, na quinta-feira (26) antes de ir para o Rio de Janeiro, para fazer o reconhecimento do corpo de Gustavo Calçado Carneiro, que perdeu a vida após o bimotor que ele pilotava cair em mar aberto nas proximidades de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, na noite da última quarta-feira (24).

Leila contou que o seu sonho era ver o filho seguir os mesmos passos dela na vida profissional. “Estudioso, educado, no apartamento, ele tinha uma sala só com estudo de aviação, pensa num menino estudioso. Eu sou dentista, queria muito que ele fizesse Odontologia, doía meu coração, queria que ele fizesse odonto”, falou.

Na companhia da namorada do filho, Larissa Vicente e do irmão mais novo de Gustavo, a dentista chegou no Instituto Médico Legal (IML) de Campo Grande, na Zona Norte do Rio, para reconhecer o corpo que foi resgatado na tarde de quinta-feira por equipes da FAB em alto mar já no estado do Rio de Janeiro.

Rafael Nascimento de Souza/Jornal Extra

Familiares de Gustavo chegando ao IML, no Rio, na manhã desta sexta-feira

O corpo passou por necropsia, no entanto, como as papilas estavam maceradas, por causa do tempo que ficou em contato com a água, foram encontradas dificuldades na identificação, mas os familiares reconheceram a roupa e tatuagens. 

No bimotor, estavam outras duas pessoas, o copiloto José Porfírio de Brito Júnior e um empresário. As buscas pelos desaparecidos prosseguem. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil, aeronave estava em situação normal, com autorização para realizar voos noturnos, mas não poderia fazer táxi aéreo. Há a suspeita de que o avião tenha realizado um pouso de emergência nas águas.

Sonhos interrompidos

Leila também revelou durante a entrevista a este Diário, que Gustavo é natural de Minaçu, em Goiás. “Ele veio para Corumbá com cinco meses de idade, estudou e foi embora depois que concluiu o ensino médio. Quando criança, eu comprava carrinho, mas ele queria avião de brinquedo e ficava brincando pela casa”, relembrou.

Reprodução/Redes Sociais

Montar uma companhia aérea era um dos sonhos de Gustavo

Leila também falou sobre o sonho profissional dele. “Era montar uma companhia aérea em Corumbá, com voos para outras cidade, como Campo Grande. Ele dizia que Corumbá merecia. Esse era um dos projetos de vida dele”, afirmou. Após concluir os estudos em Corumbá, Gustavo se graduou em Ciências da Aeronáutica e fez inúmeros cursos para pilotar avião.

O servidor público, Sandro Asseff, que foi professor de História de Gustavo, no ensino médio, por dois anos, na escola Tenir, destacou ao Diário Corumbaense, que o ex-aluno era “gente boa”. Sandro recebeu a notícia da morte dele, com muita tristeza.

“Foi meu aluno por dois anos, chegava, dava bom dia, participava dos eventos e sempre demonstrou a paixão pela aviação. Depois que ele saiu da escola e foi para outro Estado, comecei a segui-lo pelas redes sociais e acompanhar os voos que ele fazia. Era bom ver que estava realizando o sonho. Algumas vezes, quando ele soube que eu era servidor da Fundação de Turismo, perguntava da questão de mais voos para Corumbá, ligando a cidade a outros destinos. Eu também sigo aplicativo de voo, um dia vi a mudança do percurso de um voo e fui perguntar para ele. Gentilmente me respondeu, tudo que eu o questionava sobre os voos, ele explicava, então, era uma pessoa do bem e que vai fazer muita falta. Um menino novo que tinha sonhos, agora interrompidos. Uma tristeza para a nossa cidade”, destacou Sandro Asseff.