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Com preço da carne nas alturas, tomate também é "vilão" na hora das compras

Leonardo Cabral em 20 de Outubro de 2021

Leonardo Cabral/ Diário Corumbaense

Quilo do tomate é ofertado entre R$ 6,99 a R$ 7,99 em alguns estabelecimentos

Não bastasse pagar mais caro pelo preço da carne e do frango nesses últimos meses, os consumidores têm de pesquisar muito na hora da compra, ainda mais se quiser manter uma alimentação balanceada e saudável. O aumento no preço de hortifrútis é realidade nas prateleiras dos supermercados, principalmente a da cenoura e tomate, que mais uma vez volta a ser “vilão” na alta dos preços. Juntos, o tomate e a cenoura apresentaram aumentos no último mês nas Centrais de Abastecimento (Ceasas) do país.  

Para o tomate, a queda da oferta provocou consideráveis altas de preços em todos os supermercados, especialmente na segunda quinzena do mês. Os preços neste período chegaram a aumentar 50% a 60%. A alta continua em outubro, refletindo a não recuperação da oferta. É o que aponta o 10º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado na terça-feira (19). 

Já em relação à cenoura, declínio de 6% na oferta total aos mercados atacadistas pressionaram os preços para cima em setembro. O longo período de estiagem, sobretudo na região de São Gotardo (MG), prejudicou o desenvolvimento das raízes. Com a previsão de chuvas para outubro, a produção e a qualidade das raízes devem melhorar.     

Sentindo a alta dos preços, a dona de casa, Eliane Santos de Oliveira, contou que ao ir ao supermercado na terça, acabou levando um tremendo susto ao se deparar com o preço do tomate. “Fui para comprar e cheguei ao mercado perto de casa e vi o preço, parei e pensei que estava vendo 'coisa'. O tomate estava pouco mais de R$ 6,00. Antes eu levava por menos de R$ 3,00. Olha a diferença. Está cada dia mais difícil”, desabafou.  

Ela mencionou que gosta muito de cozinhar e que hoje, vale mesmo a criatividade, pois substituir alguns hábitos já é realidade em sua casa. “Isso pelo preço da carne estar mais caro, até mesmo o frango, que era nossa válvula de escape, agora está caro. Ou seja, vale mesmo se reinventar, substituindo a carne e o frango por um omelete, uma salsicha com macarrão, enfim, usar a imaginação, porque ficar sem refeição também não dá”, disse Eliane ao Diário Corumbaense.     

Leonardo Cabral/ Diário Corumbaense

Maria Vicência disse que na hora de cozinhar a criatividade tem que ser colocada em prática

Ajudando a mãe nas compras, Maria Vicência, disse que se surpreendeu com o preço do tomate. Ela também contou que quando vai para a cozinha, a criatividade é fundamental.  “Está muito caro, sem condições. Que eu me lembre, já comprei tomate entre três e quatro reais o quilo. O salário não acompanha o o aumento das coisas do dia a dia. A gente tem que ter criatividade para cozinhar. Temos que reaproveitar, antigamente a gente se dava até ao luxo de jogar o que sobrava ou alimentar o animal que criamos em casa, mas agora com esses preços, nem pensar. Temos que fazer o suficiente para não sobrar e se sobrar, reaproveitar”, disse.

Clima é justificativa   

Um dos grandes fatores que impactam a variação dos preços nos produtos é o clima. Antes, a caixa do tomate saía do fornecedor na faixa dos R$ 60,00, hoje, com o acréscimo, ela não sai menos de R$ 120,00. 

“Com isso, nas prateleiras, devido ao aumento, o tomate é ofertado a R$ 6,99 o quilo. Para nós, como carregamos direto da Ceasa, a alegação do fornecedor é o clima, não é nem a questão do consumo, mas o clima, ou seja, seca, excesso de chuva, a logística, isso tudo faz com que os preços ‘explodam’, sem contar a questão do frete, preço do combustível que pesa nessa formação de custo, já que o combustível está ligado diretamente”, explicou Claudemir Teodoro Nascimento, é gerente de um supermercado localizado na rua Dom Aquino, região central de Corumbá.       

Ele também alerta que expectativa é de que o preço do tomate aumente ainda mais. “Pela cotação que carregamos ontem e hoje, não foi passado nada de alteração ainda, mas, o que ouvimos é que está em crescente, pelo que se ouve vai subir mais ainda. No entanto, a carne bovina teve um recuo essa semana, mas em contrapartida, o preço do frango explodiu”, frisou.       

Reflexos 

Diretamente, os preços refletem em outras áreas. Por exemplo, quem vive da venda de marmitas, está dando o “jeitinho brasileiro” para não perder os clientes. Vanda da Silva, foi ao supermercado nesta quarta-feira. Com a sacolinha na mão, ela se aproximou da banca de tomates e logo arregalou os olhos, se assustando com o preço, que estava a R$ 6,99.   

Leonardo Cabral/ Diário Corumbaense

Vanda da Silva fornece marmita e "arregalou" os olhos ao conferir o preço do tomate

“Levei um susto tremendo, com esse preço fica dificílimo, mas é um produto indispensável. Forneço marmitas, e o jeito encontrado diante desses aumentos nos preços, é diminuir a quantidade para não aumentar o preço da marmita também. Peço desculpas aos clientes, mas tenho que fazer algo para não perder. Está tudo caro, tomate, carne, frango, enfim, o salário não acompanha a alta dos preços, onde vamos parar?”, refletiu Vanda que antes pagava pelo tomate até R$ 3 o quilo. “Tem que saber o que vai cozinhar e colocar a criatividade na ativa”, completou.     

Proprietário de uma pizzaria no bairro Popular Nova, Márcio Ribeiro Dias de Araújo, disse que, de fato, o preço do tomate e da cebola subiram muito e que, agora, sai em busca de promoção. “Compro em grande quantidade, pois abastecemos todos os dias, por conta da pizzaria, sempre tem que ficar de olho nas promoções. Antes pagava pelo quilo do tomate em torno de R$ 3,99 e a cebola encontrava até por R$ 1,99. Agora, já cheguei a pagar de R$ 7,99 a R$ 8,99 no preço do tomate. Está um absurdo e, esse exagero, senti nesse último mês”, falou Márcio a este Diário.   

Ainda segundo ele, outro produto utilizado muito no estabelecimento dele é o pimentão, que também registrou alta no preço. “Pago pelo quilo cerca de R$ 6,99. Como disse, busco pesquisar, para que esses preços não reflitam nas vendas das pizzas e de outros produtos que fazem parte do nosso cardápio”, pontuou o comerciante. 

Outro componente que faz parte da mesa de boa parte dos brasileiros é a batata, que teve alta nos preços na maioria dos supermercados, com a redução de oferta durante o mês. No começo de outubro, foram registradas majorações sensíveis de preço, por queda na oferta devido às chuvas e poucas áreas em ponto de colheita.   

Frutas     

Em setembro, entre as frutas estudadas, à exceção da melancia, todas apresentaram aumento nas suas cotações na maioria das Ceasas avaliadas. Menores ofertas em importantes regiões produtoras do país, além da alta dos insumos necessários à produção ajudam a explicar essa performance.

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