Leonardo Cabral em 22 de Abril de 2021
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Corpo chegou às 09h ao Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora
Emocionadas, as pessoas que já aguardavam receberam o caixão, que foi carregado por padres salesianos e o bispo diocesano de Corumbá, Dom João Aparecido Bergamasco.
A jovem Tainá Aparecida Herrera, da comunidade de Nossa Senhora de Fátima, disse que tinha Dom Martinez como um “pai”, que foi um acolhedor da juventude durante os anos em que esteve à frente da Diocese de Santa Cruz, que abrange as cidades de Corumbá e Ladário.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense As pessoas puderam chegar próximo ao corpo do bispo emérito, para rezar e dar o último adeus
Da comunidade Nossa Senhora Auxiliadora, Lilian Aguilar Monteiro Proença, que também estava bastante emocionada, disse que via nele o exemplo de fé. “Trabalhei com ele na catequese e muitas outras atividades, como na penitenciária feminina, onde ele sempre, sendo lá ou em qualquer outro local, buscava ensinar os 10 mandamentos. E um deles que ele deixa e sempre mostrou ter é a fé e o amor ao próximo”, disse Lilian.
Vindo de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa, Arcebispo Metropolitano e presidente do Regional Oeste I da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), destacou Dom Martinez como participativo e “companheirão”.
“O conheci pouco mais de 10 anos atrás, mas na verdade já mantinha contato com ele, quando estava na secretaria da CNBB, dos encontros, das reuniões dos bispos de fronteira Brasil/Bolívia, grupo que se reúne regularmente a cada dois ou três anos. Mas logo que cheguei, percebi que ele era um ‘companheirão’. Participativo, em todas as reuniões e assuntos, muito competente. Um jeito tímido, mas de uma lucidez grande. Toda vez que ele se manifestava, sentia segurança. Era muito bom, experiência variadíssima. Grande amigo que vai deixar saudades e um legado de fé”, contou Dom Dimas ao Diário Corumbaense.
Passando os últimos meses e dias próximos a Dom Martinez, o padre Eduardo Moura, disse que o bispo emérito já havia sido imunizado contra a covid-19. Primeiro, foi diagnosticado com suspeita de dengue, mas após exames, foi confirmado que ele havia contraído o coronavírus. o padre o destacou como uma pessoa serena e calma.
"Ele sempre foi atento com a saúde, já tinha sido diagnosticado como miastenia gravis (doença rara e autoimune que pode atingir músculos do corpo todo) há alguns anos. Os sintomas dele, foram tratados em primeiro momento como dengue, depois de uma semana, os sintomas evoluíram e então, após exames foi diagnosticado com covid-19. Mas, mesmo com todas essas situações, me lembro bem dele dizendo antes da internação: ‘se for, tenho a certeza que Deus fará o melhor’”, relembrou padre Eduardo.
O padre ainda mencionou que, para os salesianos, quando alguém morre “recolhemos no céu tudo aquilo que semeamos em vida. E foi assim, com ele, que tinha esse lado humano e respeitoso, fica a saudade e gratidão pela vida de alguém especial”, completou.
Durante quase 14 anos, Terezinha de Figueiredo Assad, trabalhou ao lado de Dom Martinez, que segundo ela, sempre procurou viver no meio do povo.
“Quem o conhecia, basta lembrar o lema dele na ordenação episcopal. Ele, enquanto bispo, amou seu povo, vivia no meio do povo, alegria para ele era celebrar o povo, cada capela inaugurada era motivo de conquistas. Admirava o trabalho pastoral e sempre procurou acompanhar. Costumava dizer para ele, quando encerrou a sua atividade e se tornou bispo emérito, que sua missão pela diocese terminou, mas a missão não tinha acabado, pois ele era sacerdote para sempre. Deixa um legado de muito amor a eucaristia e a Nossa Senhora”, definiu Terezinha.
Até às 10h, com o caixão aberto, as pessoas puderam, uma a uma, se despedir do religioso. Depois, os sacerdotes deram início à cerimônia chamada “celebração da vida”. Após os rituais, o caixão foi fechado e colocado no chão do altar do Santuário, dando início à missa de Corpo Presente, presidida por Dom Dimas.
A celebração religiosa foi acompanhada, além de pessoas próximas e das comunidades católicas, pelo prefeito Marcelo Iunes, que estava acompanhado da primeira-dama, Amanda Balancieri Iunes; o vice-prefeito, Dirceu Miguéis e a esposa Solange, e alguns políticos da região pantaneira.Cortejo
Após a celebração, o caixão do bispo emérito deixou o Santuário e numa viatura do Corpo de Bombeiros, iniciou o cortejo de despedida, passando em frente às sedes paroquiais da Diocese. O sepultamento foi no Cemitério Santa Cruz.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Antes do sepultamento, cortejo seguiu para as principais paróquias de Corumbá e Ladário
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