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Iphan veta demolição de moradias no Forte Coimbra

Silvio Andrade em 19 de Abril de 2021

Divulgação

Iphan alegou que os imóveis, construídos em 1959, estão localizados dentro da área tombada

O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico Nacional) vetou o pedido do Exército para demolir dez residências localizadas no entorno do Forte Coimbra, edificação construída em 1775 às margens do rio Paraguai, em Corumbá. Os moradores civis da fortificação bicentenária reagiram contra o pedido do Exército, que guarda o monumento histórico e mantém a segurança na fronteira seca do Brasil com o Paraguai.

Há cerca de 17 anos, o núcleo civil local, formado por 30 famílias, a maioria pescadores, foi surpreendido também com a decisão do Exército de transferir a comunidade para um bairro da cidade sob a alegação de ocupação irregular em uma unidade militar. A revolta dos moradores e a repercussão do caso adiaram a decisão e em 2010 o Exército comunicou que as famílias não seriam removidas para o perímetro urbano de Corumbá.


A comunidade civil reside na vila situada à direita do forte, onde também moram militares reformados. São famílias descendentes de militares que combateram na Guerra do Paraguai (1864-1870) e ali ficaram após cumprir o tempo de serviço no Exército. Os moradores vivem da pesca e o local tem duas pousadas, além de uma igreja, uma escola municipal e pequeno comércio. O acesso de turistas depende de autorização do Exército.


“Coração na mão”


“A gente tinha fé e esperança no Iphan, que mais uma vez impediu que aquelas casas fossem ao chão”, comemorou dona Edir da Silva, líder da comunidade. Ela propõe que o Exército ceda essas casas para os militares que se aposentaram e querem voltar, “pois a vida na cidade está difícil”. Ou permutar às famílias que têm vínculo com o forte. “Vivemos aqui sempre com receio, pois sempre aparece uma questão nos rodeando”, acrescenta.


O Exército oficializou o pedido de demolição das casas ao Iphan no dia 03 de março, mas a notícia já corria de boca em boca na vila. “A gente ficou com o coração na mão e apelamos até para Brasília”, conta Edir Silva. Um manifesto contra a medida foi lançado, sustentando que “a dedicação (de militares) à Pátria é apenas uma retórica militar e que o legado deixado por seus antepassados se tornou insignificante”.


Ao negar a autorização para a demolição, o Iphan alegou que os imóveis, construídos em 1959, estão localizados dentro da área tombada, que compreende um raio de 500 metros do centro da fortificação. Tombado em 1975 como patrimônio histórico de Corumbá, o Forte Coimbra, situado às margens do rio Paraguai, foi ocupado pelas tropas paraguaias durante a guerra. O Exército tem um projeto antigo de abrir o local ao turismo.

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