PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Seguindo regras de biossegurança, devotos louvam Iemanjá na prainha do Porto de Corumbá

Leonardo Cabral em 30 de Dezembro de 2020

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Esquema de segurança foi montado para que devotos cumpram as medidas impostas em decretos

Diferente de outros anos, por conta da pandemia do novo coronavírus, religiosos e simpatizantes da cultura africana em Corumbá, iniciaram as tradicionais manifestações de Louvação a Iemanjá, na tarde desta quarta-feira, 30 de dezembro e seguem até esta quinta-feira, 31. Em número limitado, os devotos vão chegando à Prainha do Porto Geral, mesmo sem o som dos atabaques.

No local, há um esquema de segurança para monitorar a entrada e saída dos religiosos e devotos que deixam suas oferendas ou vão até o local pedir bênçãos e agradecer por pedidos alcançados. Todo o controle  é realizado pelos agentes da Agência Municipal de Trânsito e Transporte, da Guarda Civil Municipal e membros do Grupo de Fiscalização Integrada do Município de Corumbá. Policiais militares também estão dando apoio.

A descida até às águas do rio Paraguai, é feita tipo sistema Drive Thru, ou seja, cada terreiro pode fazer sua oferenda em um tempo de 15 minutos com o número máximo de 15 pessoas, sendo as entregas das oferendas realizadas entre 05h e 21h45, conforme Decretos Estaduais nº. 15.559/2020 e nº. 15.574/2020, os quais estabeleceram toque de recolher em todos os municípios de Mato Grosso do Sul a partir das 22 horas.

Pela primeira vez, Letícia Dantas, foi pedir a Iemanjá pela saúde de uma irmã, que está internada na Santa Casa de Corumbá, infectada pela covid-19. Ela estava acompanhada da mãe e de outra irmã e juntas se uniram em oração à Rainha das Águas, às margens do rio Paraguai.  

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Letícia Dantas, acompanhada de uma irmã e da mãe, pede pela recuperação da irmã que está internada com coronavírus

“Esse é o primeiro ano que venho, nunca fiz oferenda a Iemanjá. Mas devido ao estado de saúde da minha irmã, que está internada, a nossa fé é muito grande, sou devota de Nossa Senhora de Aparecida e nessas horas todas as crenças são válidas. Estamos aqui em busca da fé e de uma pronta recuperação dela. Nessas horas, tudo vale a pena”, disse Letícia que estava bastante emocionada ao relembrar da irmã. “Vamos acender uma vela azul e pedir a Iemanjá que interceda e renove as forças da minha irmã, com muita saúde para todos”, completou ao Diário Corumbaense.

Com mais um ano mantendo a fé e devoção a Iemanjá, dona Maria Valéria, que veio acompanhada de uma amiga, também trouxe uma vela e uma água tônica, para oferecer a Iemanjá, de quem é devota e participa das manifestações desde seus 15 anos.

A idosa disse que por causa da pandemia da covid-19, entende as limitações, mas mesmo assim, fez questão de descer como em anos anteriores até a Prainha do Porto, para pedir bênçãos à sua santa protetora.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Dona Maria Valéria (em pé), acompanhada de uma amiga, fez pedidos de saúde a Iemanjá

“Venho aqui, acendo minha vela, trago a água e peço saúde, paz, e esse ano, estou pedindo especialmente que ela possa nos ajudar contra essa doença, que acabe de uma vez. Também peço saúde e proteção para meus filhos, noras, netos, amigos e aos inimigos também. Que ela possa nos abençoar e que tenhamos um ano repleto de realizações”, desejou Maria Valéria.

O coordenador de Fiscalização de Posturas, Luciano Cruz Souza, reforçou que a Prefeitura de Corumbá não está impedindo a louvação, mas organizando para que tudo esteja dentro das medidas de biossegurança.

“É previsto em decreto as medidas que determinam as atividades religiosas, que sejam controladas, evitando dessa maneira, aglomeração e que se cumpram as atividades que já vêm sendo necessárias, para proteger a saúde do cidadão, atendendo não só a questão religiosa, como o bem estar coletivo”, mencionou Luciano.

Iemanjá

Na mitologia yorubá (ioruba), Iemanjá, cujo nome tem significado de mãe dos filhos-peixe, é filha de Olokun, soberano dos mares, que deu a ela, quando criança, uma poção que a ajudasse a fugir de todos os perigos.

A deusa cresceu e se casou com Oduduá, com quem teve 10 filhos orixás (por isso seu nome significa também mãe de todos orixás). É considerado o orixá mais popular do Brasil. Em 02 de fevereiro é celebrado o dia de Iemanjá. Além desta data, devotos realizam celebrações também em 15 de agosto e 31 de dezembro, por conta da virada de ano e as simpatias das 7 ondas.

A influência da Rainha do Mar no Brasil começou com a chegada dos africanos ao país. Iemanjá é um orixá da religião do povo Egba, nativos da cidade de Abeokuta, na Nigéria. Com informações do blog Astrocentro.

PUBLICIDADE