Leonardo Cabral em 21 de Outubro de 2020
Leonardo Cabral/ Diário Corumbaense
Júri popular foi considerado histórico por ser transmitido pelo Youtube
Ele vai cumprir pena de 22 anos de prisão em regime fechado, conforme o julgamento, considerado histórico para a Justiça local, já que, por causa da pandemia da covid-19, foi o primeiro a ser transmitido pelo Youtube, por meio da página Tribunal do Júri de Corumbá.
O júri popular contou com a participação de três homens e quatro mulheres, escolhidos por sorteio. Após quase seis horas e meia de julgamento, eles consideraram que Edevaldo tirou a vida da ex-companheira de forma torpe. A sentença foi proferida pelo juiz André Luiz Monteiro, da primeira Vara Criminal de Corumbá.
Edevaldo, que prestou depoimento ao magistrado e se recusou a responder questionamentos da Promotoria, foi retirado da sala e permaneceu aguardando o fim do júri em outro local. Ao juiz, ao ser indagado sobre o dia do crime, disse que a vítima havia feito dívidas em seu nome e, alegando ser espírita, afirmou que não se lembrava dos fatos.
Leonardo Cabral/ Diário Corumbaense Em depoimento, Edevaldo alegou ser espírita e que não se lembrava dos fatos
Foram ouvidas duas testemunhas pela defesa, sendo um jovem que havia presenciado a cena do crime e que estava na vila onde a vítima residia e foi morta e o ex-delegado, da Polícia Civil, Fernando Araújo, que participou por meio de videoconferência, pois está preso em Campo Grande, acusado do assassinato de um fazendeiro boliviano em Corumbá.
Leonardo Cabral/ Diário Corumbaense Promotor Rodrigo Correa Amaro teve como linha de acusação o homicídio qualificado
Ao ler a sentença, com Edevaldo Leite de volta ao Tribunal do Júri, o magistrado, André Luiz Monteiro, explicou que o réu foi condenado por homicídio qualificado, com a pena base de 16 anos e 3 meses de reclusão e também a 5 anos e seis meses, pelas qualificadoras de emboscada, crueldade, motivo torpe e feminicídio (violência doméstica).
O juiz ressaltou que o crime foge da normalidade, onde também condena duas crianças, filhas da Nádia, a crescerem sem a presença materna. Ele também dirigiu palavras à mãe de Nádia, que estava acompanhada da ex-sogra da vítima, do seu primeiro casamento, únicas da família que acompanharam o julgamento.
“Ninguém sai ganhando, a família perdeu a Nádia e a família dele o verá por muitos anos preso. Já a questão do recurso, não decidimos ainda, mas iremos conversar com a família do Edevaldo, e ver a possibilidade de recorrer ou não, à primeira vista não. Foi uma pena justa”, falou Nivaldo ressaltando que “meu trabalho foi técnico aqui e não sou a favor do feminicídio e de nenhum tipo de violência ou morte. Apenas fiz meu trabalho”, completou ao Diário Corumbaense.
Comoção
Ao ser lida a sentença de 22 anos de prisão em regime fechado, Maria Inês Sol Neves, mãe de Nádia, caiu em lágrimas. Agarrada a um terço, que foi sua companhia durante todo o julgamento, ela disse a este Diário que a “Justiça estava sendo feita”.
Leonardo Cabral/ Diário Corumbaense Mãe e ex-sogra de Nádia, se abraçaram e choraram no fim do júri
Acompanhando a mãe de Nádia, a ex-sogra, avó das filhas da vítima, responsável hoje pelas crianças, descreveu Nádia, como uma “mãezona”. “As minhas netas todos os dias lembram dela. É psicólogo toda semana. Mas vamos vivendo”, contou.
O caso
A professora Nádia Sol Neves, foi morta no dia 10 de março de 2019, quando retornava para casa, após celebrar seu aniversário de 38 anos. O crime aconteceu por Edevaldo não aceitar a separação.
Ele esperou a vítima chegar em casa, na Alameda Adelina, bairro Universitário e a surpreendeu. Houve uma discussão entre os dois e, então, ele pegou uma faca que estava no batente da janela e desferiu as facadas na professora. Os golpes atingiram as costas, tórax, rosto e braços de Nádia.
Reprodução/ Facebook Nádia foi morta no dia do seu aniversário, ao retornar de uma comemoração em casa noturna
Ao dar entrada no atendimento medico, Nádia foi encaminhada para o centro cirúrgico da Santa Casa de Corumbá, mas não resistiu. O crime brutal chocou a população, em especial, alunos, professores, amigos, familiares de Nádia e organizações sociais, que depois de seu sepultamento também realizaram manifestação pelas ruas da cidade.
Edevaldo, na época se apresentou à Polícia Civil, foi indiciado por feminicídio e aguardava julgamento no presídio de Corumbá, para onde voltou após o fim do júri.
21/10/2020 Acusado de matar professora com 36 facadas vai a júri popular hoje
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