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Polícia Civil transfere para Coxim investigador acusado de envolvimento em assassinato

Rosana Nunes com Campo Grande News em 26 de Setembro de 2019

Anderson Gallo/Arquivo Diário Corumbaense

Investigador foi preso junto com delegado no dia 29 de março

Após a justiça conceder liberdade ao investigador Emmanuel Nicolas Contis Leite, apontado como braço direito do delegado Fernando Araújo da Cruz Junior, no assassinato do boliviano Alfredo Rangel Weber, 48 anos, no dia 23 de fevereiro deste ano, em Corumbá, a Corregedoria da Polícia Civil revogou a portaria que afastava compulsoriamente o policial das funções. 

O investigador foi detido pela primeira vez em março desde ano, durante a operação que prendeu o delegado, mas foi liberado ao pagar fiança. Em maio, no entanto, voltou para o presídio acusado de ajudar Fernando a atrapalhar as investigações do assassinato.

Reintegrado, Emanoel Contis não volta para a 1ª Delegacia de Polícia Civil de Corumbá. A Portaria "P" DGPC/MS Nº 577, de 25 de setembro de 2019, assinada pelo delegado-geral da PC Marcelo Vargas Lopes, determinou a remoção do investigador para a 1ª DP de Coxim. Ele tem prazo de dez dias para se apresentar na nova unidade. A portaria foi publicada na edição desta quinta-feira (26) do Diário Oficial do Estado. 

O crime

Segundo as investigações, o delegado esfaqueou e matou a tiros Alfredo Rangel no dia 23 de fevereiro. A desavença entre os dois começou durante as eleições para presidente da associação de agropecuaristas na Bolívia. O sogro de Fernando, Asis Aguilera Petzold (o atual prefeito da cidade de El Carmen), concorria ao cargo.

Durante uma briga, o delegado teria dado três facadas no boliviano. Alfredo foi socorrido e seria transferido para o hospital de Corumbá, mas já em território sul-mato-grossense, a ambulância em que estava foi fechada por uma caminhonete preta.

Anderson Gallo/Arquivo Diário Corumbaense

Delegado Fernando Júnior continua preso em Campo Grande

O motorista desse veículo desceu, abriu a porta da viatura de resgate e atirou quatro vezes. Três tiros atingiram a cabeça da vítima, um deles o tórax. Sem ter o que fazer, o motorista voltou com o corpo para o país vizinho.

No decorrer das apurações, a Polícia Civil conseguiu interceptar conversas entre Fernando e Emmanuel. Nas mensagens o delegado pede opinião sobre mudanças feitas na caminhonete usada no crime, pede para o investigador levar a arma para uma terceira pessoa na Bolívia e ainda combina maneiras de atrapalhar as investigações sobre o assassinato.

Além de ameaçar testemunhas do crime, a dupla trabalhou na criação e divulgação de montagens com fotos de várias pessoas e os dizeres “Os assassinos de Ganso”, apelido da vítima. A intenção era "culpar" outras pessoas e desviar o foco do delegado.

As conversas entre o investigador e Fernando trouxeram até ameaças aos policiais da DEH (Delegacia de Repressão aos Crimes de Homicídio) e da Corregedoria da Policia Civil, que foram a Corumbá para investigar o caso. Nas mensagens Emmanuel sugere "metralhar" o hotel em que os investigadores estavam hospedados e também a 1ª Delegacia de Polícia da cidade.

O delegado Fernando Araújo continua preso no Presídio Militar de Campo Grande e acompanha as audiências do processo por videoconferência.