Campo Grande News em 02 de Julho de 2019
Aos poucos, a polícia desenrola o fio do novelo que começou como roubo e sequestro de avião e avança, cada dia mais, para o forte indício de um novo crime envolvendo a facção criminosa mais atuante em Mato Grosso do Sul, o PCC (Primeiro Comando da Capital). Os elementos até agora descobertos sugerem que o piloto Edmur Guimara Bernardes, 78 anos, preso na semana passada na " Operaçao Ícaro" durante a fase "Rota Caipira", inventou ter sido sequestrado em nome de álibi para o transporte de uma liderança do grupo criminoso à Bolívia, país fornecedor de cocaína para o Brasil.
Kísie Ainoã/Campo Grande News Edmur, de azul, e Idevan, na sede da Deco, onde prestaram depoimento nesta segunda-feira
A ligação de Edmur com o PCC já foi apontada no livro que inspirou o nome da operação realizada em Paranaíba, “Cocaína, a Rota Caipira”. Escrita pelo jornalista Allan de Abreu, a obra associa tanto Edmur quanto o pecuarista Nelson Vicente Pachetti Junior, 67 anos, ao tráfico aéreo de cocaína sob o comando da facção criminosa. Palchetti também foi preso na semana passada, por porte e posse ilegal de arma e por venda de combustível de avaliação ilegal. Ele também já teve condenação por tráfico de drogas.
A delegada informou que, diante do vencimento da prisão temporária, seria solicitada a prorrogação pela Justiça. Desde que houve a prisão, ela afirma que as contradições indicam algo suspeito envolvendo o caso. Ainda de acordo com a delegada, existem ações sendo desencadeada no Paraguai e na Bolívia sobre o falso sequestro. Até agora, as investigações já constataram seis voos por rotas diferentes, entre Paraguai e Bolívia, durante o período de duração do sequestro forjado.
Edmur, na delegacia, afirmou ser inocente. Disse que tem a chave do hangar e dos três aviões do empresário Samuel e que poderia fazer o “que quisesse” sem precisar criar uma história. Segundo ele, tem Samuel como “um filho”.
Ele sustentou a versão de que foi contatado por pessoas que não conhecia para o voo e ficou sequestrado. O vigia Idevan, que afirmou ter sido rendido por bandidos quando Edmur estava desaparecido, afirmou à reportagem do Campo Grande News ter caído de “gaiato” na história. A polícia recebeu o celular que Edmur alegou estar dentro da aeronave e que seria do grupo criminoso responsável pelo crime. O aparelho será periciado.
O caso
As investigações começaram com a análise das imagens de 11 câmeras de segurança do Aeroporto Municipal de Paranaíba. Os aparelhos flagraram toda a ação dentro do hangar, na manhã do dia 18. O suposto sequestro envolveu seis homens, quadro deles encapuzados, e durou 44 minutos. Edmur foi levado pelo grupo.
Após reaparecer em aeroporto de Cáceres (MT) no dia 19, o piloto foi ouvido pela polícia e contou uma história digna de roteiro de cinema sobre as mais de 30 horas que ficou desaparecido, depois de decolar em Paranaíba.
Na quinta-feira passada, quando foi desencadeada a Operação Rota Caipira, a versão caiu por terra e ele foi preso, junto com o vigia do aeroporto, revelando a suspeita de envolvimento com o grupo criminoso.
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