Lívia Gaertner em 11 de Dezembro de 2018
Anderson Gallo/Diário Corumbaense Prédio ficou completamente destruído após incêndio que começou na tarde de 2ª feira
Muito abalado com a perda, o empresário disse não ser possível calcular os prejuízos, que vão além dos produtos e estruturas do prédio histórico. “Foram-se documentos, fotos de família junto com o fogo”, afirmou ao lembrar que a Tentação estava com 20 anos de existência desde que surgiu em 1998 como uma loja de produtos a R$ 1,99. Há dois anos, passou a funcionar no prédio próprio, destruído pelas chamas.
“Você imagina chegar com vinte e poucos anos de idade e agora com mais de 50 perder tudo o que você conseguiu com muito trabalho?”, declarou Nasser ao confirmar que a loja não tinha seguro. “A ficha ainda não caiu”, comentou o empresário ao Diário Corumbaense.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense Empresário Nasser Safa diz que a "ficha ainda não caiu" e ainda não consegue calcular os prejuízos
O incêndio, segundo ele, começou pela parte superior do prédio, onde ficava o depósito de produtos que, aliás, nessa época do ano dedicada às festas e próxima ao carnaval, já havia reforçado todo o estoque.
No momento que as chamas começaram, na tarde de segunda-feira, 10 de dezembro, estava em mais um dia habitual com muitos clientes e funcionários. Na vizinhança tudo também ocorria na normalidade, conforme contou, Tânia Regina Valdonado.
“Eu e meu esposo saímos por volta das 14 horas para levar nosso netinho na creche em Ladário. Pegamos um ônibus e quando o coletivo fez a volta pela rua aqui do lado, já avistamos a fumaça. Meu marido ligou para meu filho que tinha ficado aqui com minha mãe e ele disse que era um incêndio na loja, porém ele nos acalmou dizendo que os bombeiros já estavam no local e que eles pediram para todos saírem das casas”, contou Tânia que só foi autorizada a voltar para a residência com toda sua família às 23 horas, quando as chamas foram controladas.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense Vizinha Tânia conta que só retornou para casa às 23 horas, após as chamas serem controladas
Além dos caminhões-tanques dos bombeiros, viaturas da Marinha, Exército, Sanesul, Infraero, Equipe Engenharia e da Vale ajudaram na força-tarefa. Polícia Militar, Agetrat e Guarda Municipal também deram apoio ao trabalho, cuidando do isolamento do quarteirão. Os militares do 3º Grupamento de folga foram acionados e bombeiros civis da mineradora Vale reforçaram as equipes durante a fase mais difícil do combate ao fogo.
O trabalho de rescaldo entrou pela madrugada e segue pela manhã desta terça-feira, 11 de dezembro. Nessa fase, apenas os bombeiros seguem realizando a ação, porém com muita cautela devido às grandes possibilidades de desabamento existentes no local. A Agetrat permanece interditando, agora, a quadra onde se localizava a loja, na rua 13 de Junho, entre as ruas Antônio Maria e Antônio João. Nos arredores, o cheiro de fumaça ainda é bastante intenso.
Apoio foi fundamental
O comandante do 3º Grupamento de Bombeiros, tenente-coronel André Delai Rufato, destacou que o combate ao incêndio de grandes proporções teve êxito devido ao empenho dos militares que contaram com o apoio de diversas instituições da cidade já citadas nessa reportagem e da população.
“Conseguimos evitar que o incêndio se propagasse para os vizinhos. A possibilidade disso acontecer era muito grande. Tivemos ajuda de muitas pessoas para evitar, agradecemos a todos, inclusive a população, que nos apoiou com água, alimentação durante todo esse tempo”, explicou a este Diário.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense Bombeiros estão realizando trabalho de rescaldo com bastante cautela devido a avarias na estrutura do prédio
A presença de grande quantidade de produto inflamável e a queda da parte superior da edificação foram fatores que contribuíram para tornar o trabalho mais árduo, conforme relatou o comandante dos bombeiros.
“A carga de incêndio da edificação era muito alta: papel, plástico, todo esse material que pega fogo alto e quando está meio compactado temos mais dificuldade. Tivemos dificuldade para apagar apenas jogando água por cima porque o teto caiu e era de folha dupla de zinco, então jogávamos água e ela escorria pelo zinco e caía em poucos pontos. Tivemos que levantar esse teto caído e jogar água por baixo”, explicou.
Sobre as causas do fogo, Rufato disse que ainda não é possível afirmar nada. Ele ressaltou que esse questionamento será esclarecido pelo trabalho de perícia que deve ser iniciado logo após o término do rescaldo.
A corporação calcula que em toda a operação foram utilizados mais de 500 mil litros de água.
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