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Cidade e gênios da pintura inspiram obras de artista plástico revelação

Nelson Urt, especial para o Diário Corumbaense em 21 de Setembro de 2018

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Vitor Hugo é paulista, mas vive em Corumbá há muitos anos e aqui desenvolve sua arte

As formas geométricas cubistas em contraposição com a delicadeza da natureza e do ser humano fazem das obras de Vitor Hugo Souza, de 29 anos, um dos destaques da nova geração de artistas plásticos corumbaenses. Mesmo nascido na cidade paulista de São Bernardo do Campo, ele viveu a maior parte do tempo em Corumbá,onde recebeu a maior carga de influência. “Corumbá inspira a arte, é rica em cultura, tem muita gente produzindo de várias formas aqui”, observou.

 

É fácil perceber nos traços do artista plástico as influências da fase cubista do espanhol Pablo Picasso ou da ternura e sensibilidade humana do brasileiro Candido Portinari, que tem um mural na sede da ONU em Nova York. O quadro “A ternura abraça os meninos e apresenta-lhes sua natureza”, de 2016, que integrou em agosto a exposição do Sesc Corumbá na Semana de Patrimônio Cultural, reflete com precisão essas influências dos gênios da pintura.


O mesmo quadro, porém, retrata particularidades de Corumbá, os ladrilhos hidráulicos representados como fundo da tela, a delicadeza de uma indígena e o filho a seus pés, cercados por elementos da natureza. “Procuro não explicar muito sobre o significado da obra para não quebrar a magia que a pessoa tem sobre ela”, disse Vitor Hugo, ao lado de uma de suas pinturas preferidas no Sesc Corumbá.


Um passo importante para seu crescimento profissional foi ter se incorporado ao movimento cultural da cidade, ao lado de nomes como o poeta Benedito C.G. Lima,o artista plástico Jamil Canavarros, o professor de teatro Anibal Monzon e o grafiteiro e cartunista Helker, entre outros. Vitor Hugo ajudou a criar o grupo Outros Olhares e, como porta-voz da nova geração, incentiva o intercâmbio cultural.

 

Formado em Pedagogia e Artes Visuais, ele é professor de Artes na Escola Municipal Isabel Corrêa de Oliveira.  Durante quatro meses, desenvolveu na Escola Estadual Nathércia Pompeo o projeto Mais Cultura – intervenções artísticas, como ficina de grafitagem e as origens do movimento do muralismo.


Vitor Hugo conta que está mais direcionado agora aos murais, por entender que eles oferecem mais tempo e espaço para o público visualizar uma obra, ao contrário do quadro que se limita ao salão da exposição. “Estou preparando um mural sobre os 100 anos do seu Agripino, mestre da viola de cocho em Corumbá, só falta a liberação de um local”, contou a este Diário.

 

Neste ano, ele foi convidado a desenhar o mural do centro de gastronomia do Senac de Campo Grande. “O muralismo seria o grafite mais elaborado, não é questão de um ser melhor que outro, ambos são arte urbana, e o muralismo tem suas origens no grafite”, definiu. De qualquer forma, os dois estilos refletem uma volta aos tempos em que o homem desenhava em paredes suas representações mitológicas ou reais, os chamados desenhos rupestres descobertos pelos arqueólogos.


Do Museu de História do Pantanal (Muhpan), no Porto Geral, onde ficou dois anos como educador estagiário do curso de Pedagogia, Vitor Hugo também armazenou lições e lembranças que mais tarde iria aproveitar nas suas obras. “Como educador, fazia pesquisas que foram de grande valia para meu trabalho”, lembrou.

 

Murais e camisetas difundem obras

 

Vitor Hugo representou Mato Grosso do Sul no projeto de intercâmbio Brasis, pela Funarte (Fundação Nacional da Arte) em Pelotas e Rio Grande, no Rio Grande do Sul. “Foi quando um professor universitário me contou que via muito das águas do rio Paraguai na minha pintura, o que me ajudou a refletir sobre meu trabalho, até ali eu não tinha reparado nisso”, contou.


Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Trabalho do artista em um dos projetos do Sesc Corumbá

 No Sesc Corumbá, participou do projeto de comemoração dos 100 anos do poeta Manoel de Barros com intervenções em murais internos. Nos desenhos, mostrou a relação da natureza enfocada por Manoel,  molduras com rastro de flores e folhas, o caracol, o caramujo-flor. Em outra parte do muro, o artista plástico retrata a dança da Bugrinha com as borboletas, outra criação manoelina. “No meu morrer tem uma dor de árvore”, diz um dos célebres poemas de Manoel ao lado da pintura.


Seus murais também podem ser vistos no Centro de Oncologia e no setor de Pediatria da Santa Casa. Ele costuma retratar indígenas, tentando mostrar a delicadeza com que se relacionam com a natureza e o olhar das pessoas sobre eles. O símbolo materno é outro detalhe que procura colocar, talvez por influência da mãe, que lhe deu os primeiros impulsos na arte da pintura. “Eu a via pintar e assistia desenho animado, com as críticas dela, e quando ela parou de pintar eu quis levar isso para frente”, frisou.

 

Vitor Hugo criou sua própria marca de camisetas, a Ghost Flowers (flores fantasmas),com estampas artesanais que ajudaram a projetar o trabalho dele até no exterior. As encomendas de várias regiões do Brasil e inclusive da Itália e Japão, ajudam até hoje a bancar os recursos para a produção de quadros em Corumbá.


Galeria: Pintando as belezas de Corumbá

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