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Mesmo descrente com a Política, eleitor corumbaense reconhece importância de eleger representantes

Ricardo Albertoni em 24 de Agosto de 2018

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Leitores entrevistados: Israel Chaves; Joel dos Santos; Fernanda Gomes e Mauro Carneiro

Uma semana depois do início oficial da campanha política e a poucos dias da propaganda eleitoral gratuita no rádio e televisão, as eleições deste ano são um dos assuntos mais debatidos nas ruas e nas redes sociais. Na maioria das vezes, o tom das conversas não é o que pode se considerar dos mais amistosos, entretanto, as discussões sobre Política, evitadas por muitos, vão aos poucos se tornando mais frequentes à medida que se aproxima o primeiro turno das eleições, o dia 07 de outubro.

A reportagem do Diário Corumbaense foi às ruas para ouvir a opinião do eleitor pantaneiro sobre os candidatos tanto para cargos no âmbito nacional quanto estadual e pôde constatar que, mesmo cada vez mais descrente com a classe política, o corumbaense sabe da importância de eleger representantes da região tanto para a Assembleia Legislativa quanto para Câmara dos Deputados. Em 2018 serão eleitos candidatos para 5 cargos diferentes: presidente da república, governador, senador, deputado federal, deputado estadual ou distrital.

Nas rodas de amigos das praças, nas esquinas e nos principais pontos de encontro da área central de Corumbá o assunto “Política” sempre vem à tona. Entre defensores de uma mudança mais radical nos rumos do País e os mais conservadores, a única opinião que prevalece é de que “do jeito que está, não está bom”.

Enquanto atende um cliente e outro, o comerciante Joel dos Santos (49)  afirma que ainda não decidiu qual será seu escolhido entre os candidatos à presidência. Já em relação ao governo do estado, ele defende uma alternância no Poder que segundo ele seria salutar para a democracia.

“Para presidente eu sinceramente acho que o Lula não deveria se candidatar porque ele é um ficha suja, começa a palhaçada por aí, não concordo. Ainda estou estudando as propostas do Bolsonaro e do Alckmin, mas não defini meu candidato. Até agora para falar a verdade não tem nenhum candidato acima de suspeita para colocar na presidência, será uma escolha entre o 'menos pior'. Governo do Estado sei que é candidato um juiz e para falar a verdade nem sei quem são os outros e por uma dessas razões ainda não me decidi, mas é bom trocar, pois um político não pode ficar muito tempo, criando raiz, acho que eles têm que passar o cargo adiante, é importante para a democracia”, opinou.

Sobre deputados estaduais e federais, o comerciante é categórico. “Corumbá precisa de pelo menos três deputados: um federal e dois estaduais para que nossa região se desenvolva já que não temos representação política. Este ano, eu acredito que temos condições de eleger esses representantes, mas infelizmente quando chega a eleição ‘vem a mala de dinheiro’. Vamos ver agora com esse movimento anticorrupção se o pessoal abre o olho e escolha políticos daqui”, concluiu Joel.

Mauro Carneiro (68), taxista há 33 anos, é um exemplo de eleitor que já perdeu as esperanças na classe política. Carneiro explicou que não acompanha os candidatos e na maioria das vezes tem vontade de anular o voto. “Sinceramente eu acho tudo a mesma coisa, todos falam a mesma coisa, são eleitos e nada fazem. Assim como a maioria dos brasileiros estou descrente nos políticos. Hoje o político no Brasil tem interesse próprio e não para o povo. Quando ele consegue o que quer – o cargo – nada faz, tudo que ele prometeu em campanha não se cumpre, então, você perde a esperança. Já tem muito tempo que eu não me importo com Política. Eu não tenho nem vontade de votar em ninguém, já votei nulo para presidente e este ano estou pendendo para esse lado”, disse o taxista.

Sobre os candidatos da região, Mauro explicou que procura escolher os  com maior possibilidade de serem eleitos, pouco antes do pleito, mas vê falta de união como um dos principais fatores para a falta de representantes fora da cidade. “Muitas vezes no dia da eleição, eu saio de casa e procuro votar em alguém daqui com mais condições de ser eleito, mas é difícil, a população não se une, tem gente que vende o voto a troco de sacolão, de dinheiro”, lamentou.

A promotora de vendas de 25 anos, Fernanda Paiva Gomes é outro exemplo de indignação com a situação política do Brasil. A jovem quer votar em branco nessas eleições. “Estou desiludida, votarei em branco, são só promessas que nunca levam a nada, então prefiro não dar meu voto pra ninguém. Meu voto em branco é uma crítica à atual situação do Brasil. Os governantes precisam olhar mais para a nossa saúde, educação, segurança. Temos enfrentado muitos problemas na nossa cidade, no país como um todo: falta de remédio, atendimento burocrático e deficiente demais e isso porque o nosso governador é do mesmo partido do prefeito, imagine se não fosse. Os políticos só pensam na gente na época da eleição, estou muito descrente, nem costumo acompanhar Política, pelo pouco que vemos nas redes sociais, nos jornais, deixa a gente sem esperança nenhuma. Minha esperança morreu a partir do momento que vi os candidatos”, destacou Fernanda.

O analista de sistemas Israel Chaves de Paiva (37) ressaltou que é necessário observar não somente as propostas dos candidatos, mas sim, seu histórico e, principalmente, analisar as alianças formadas durante a campanha que vão interferir diretamente na maneira como o candidato deve governar. “Minha impressão é a pior de todas, tudo farinha do mesmo saco. Depois desse cenário que nós tivemos aí, só notícias ruins, você vê os candidatos prometendo as mesmas coisas que vêm prometendo há anos, a gente fica descrente. Os candidatos têm um interesse, não é fazer o estado melhorar, é o interesse pessoal, lógico que o estado pode melhorar, mas em primeiro lugar estão os objetivos deles. Tem que olhar as ligações, as alianças, quando eles estão lá dentro aquela vontade que ele tinha de ajudar a população morre porque ele vai ter que vender os cargos para os partidos que coligaram com ele, que ajudaram e aí é onde nossa esperança vai embora. De repente tinha uma proposta boa na saúde, só que ele vai ter que colocar um cara lá que não pensa da mesma forma”, ressaltou.

Especificamente no cenário regional, Israel também defende que a única alternativa para o desenvolvimento da região é a eleição de representantes de Corumbá e Ladário. “Nesse momento, Corumbá precisa de um representante forte, não temos nenhum, a única pessoa que defende a gente aqui é o prefeito e os vereadores 'malemá'. É preocupante essa bagunça política que está a nossa cidade depois da morte do prefeito Ruiter (Cunha, falecido em novembro de 2017)”, considerou.

Segundo o TRE (Tribunal Regional Eleitoral), Corumbá e Ladário têm juntos 69.302 eleitores distribuídos na 7ª e 50ª Zonas Eleitorais. Já em Mato Grosso do Sul o número de eleitores é de 1.877.982.

Nenhum dos entrevistados citou candidato ao Senado. Em outubro, Mato Grosso do Sul escolherá dois nomes para ocupar as cadeiras do Senado Federal a partir de 2019 pelo período de 8 anos. A terceira vaga é da senadora Simone Tebet (MDB) que ainda tem mais quatro anos de mandato.