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Lula diz que vai se entregar e provar sua inocência: "Não estou escondido"

G1 e Agência Brasil em 07 de Abril de 2018

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso nesta manhã para militantes concentrados em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP). Foi a primeira manifestação dele desde que o juiz Sérgio Moro expediu a ordem de prisão. Após dois dias no prédio do sindicato, o ex-presidente saiu por volta das 10h40, para participar de uma missa em memória de Marisa Letícia, que completaria neste sábado 68 anos.

Lula afirmou que vai atender o mandado de prisão. "Vou atender porque eu quero fazer a transferência de responsabilidade." "Eles acham que tudo o que acontece nesse país acontece por minha causa. Não adianta tentar parar o meu sonho, porque quando eu parar de sonhar eu sonharei pela cabeça de vocês", disse Lula.

Lula disse que muitas pessoas sugeriram que ele procurasse asilo no Uruguai ou em embaixadas de outros países. Ele diz que não tem mais idade para isso e que vai enfrentar todos "olho no olho". "Quanto mais dias me deixarem lá , mais Lulas vão nascer neste país", afirmou o ex-presidente. "Eu não to escondido, eu vou lá na barba deles, para eles saberem que eu não tenho medo, que não vou correr e para saberem que eu vou provar a minha inocência", frisou. 

O ex-presidente fez duras críticas à Justiça, ao Ministério Público e à imprensa. "Eu sou o único ser humano processado por um apartamento que não é meu, e eles sabem que a Lava Jato mentiu que era meu, o MP mentiu que era meu, e eu pensei que o Moro ia resolver e também mentiu que era meu, e me condenou", disse em discurso que durou 55 minutos.

"Esse pescoço aqui não baixa eu vou de cabeça erguida e vou sair de peito estufado de lá". Durante o discurso, Lula disse que "vou cumprir o mandado deles" e "quero fazer a transferência de responsabilidade para eles".

Em seguida, acrescentou que: "Eu tenho 72 anos. Mas eu não os perdoo por ter mentido que sou ladrão". Lula fez o discurso para militantes concentrados em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos no ABC, em São Bernardo do Campo (SP), após missa em memória de Marisa Letícia, que completaria 68 anos hoje. 

Lula afirmou que ministro da Suprema Corte não deve dar declaração de como vai votar. "Quem quiser votar com base na opinião pública largue a toga e vá ser candidato. Escolha um partido político e vá ser candidato". 

Em referência a Sérgio Moro, Lula afirmou que: “O juiz tem que ter a cabeça mais fria, mais responsabilidade de fazer acusação ou de condenar". 

Sem citar nomes, Lula criticou a atuação do procurador Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Operação Lava Jato. "O que eu não posso admitir é o procurador que fez um Power Point e foi para a TV dizer que o PT é uma organização criminosa que quer roubar o Brasil e que Lula é o chefe. E que, se ele é o chefe, eu não preciso de provas, eu tenho convicção. Eu quero que ele guarde a convicção dele para os comparsas dele e não para mim".

Para Lula, o país vive hoje um ambiente dividido e bélico. " Deram a primazia de criar quase um clima de guerra negando a política neste país. Nem Deus tem coragem ou dorme com a consciência tranquila e a honestidade que eu durmo. Eu não estou acima da Justiça. Se eu não acreditasse nela, eu não tinha feito um partido político e proposto uma revolução neste país. Acredito numa Justiça justa, que vota processo baseado nos autos do processo, na defesa, na prova concreta do crime".

Após o discurso, Lula deixou o caminhão de som e passou mal. Do carro do som, solicitaram a entrada de um médico na sede do sindicato.  

 

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