PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Deputados já podem trocar de legenda sem sofrer punição

Agência Brasil em 10 de Março de 2018

Desde a última quinta-feira (08), deputados federais e estaduais podem trocar de partido, sem o risco de perder os mandatos por infidelidade partidária, na chamada “janela partidária”. O período das trocas vai até o dia 07 de abril. As conversas para as mudanças já estão sendo costuradas há muito tempo, mas os registros no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) só podem ser oficializados durante a janela.

Wilson Dias/Agência Brasil

Prazo para troca de partido vai até 07 de abril

A legislação eleitoral diz que só é possível mudar de partido, sem risco de perder o mandato, quando houver incorporação ou fusão do partido; criação de novo partido; desvio no programa partidário ou grave discriminação pessoal. Mas, em 2015, o Congresso incorporou a possibilidade de desfiliação, sem justificativa, durante a janela em ano eleitoral. Se o parlamentar se desfilia do partido fora do período da janela, sem justa causa, a legenda pode recorrer à Justiça Eleitoral e pedir a perda do mandato por infidelidade partidária, pois o entendimento é que o mandato pertence ao partido, e não ao eleito. 

Na hora de escolher um novo partido, o analista político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz, avalia que os parlamentares levam em conta três fatores: um deles é o valor que o partido oferecerá do fundo eleitoral - principal fonte de financiamento das legendas - ao candidato para custear a campanha. Com as mudanças trazidas pela reforma política, o candidato à Câmara dos Deputados poderá gastar, no máximo, R$ 2,5 milhões.

Outro atrativo é o tempo de rádio e TV que o candidato poderá ter para a propaganda eleitoral. Quanto mais filiados a sigla têm, mais tempo de propaganda. Outro fator de peso, em alguns casos, para a mudança é o domínio do diretório estadual. Segundo Antônio Augusto, com menos verba e menos tempo de TV, filiados, sem mandato, têm poucas chances de se tornarem conhecidos e conseguirem sucesso nas urnas, o que pode dificultar a renovação na Câmara.

A troca de legendas durante a janela, contudo, não altera a distribuição do dinheiro do Fundo Partidário, nem o tempo de propaganda nas rádios e TVs de cada legenda. A única exceção é se os deputados mudarem para um partido recém-criado.

No primeiro dia da janela, pelo menos 15 deputados trocaram de partido. Na lista estão, por exemplo, os deputados do Rio de Janeiro Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro, que deixaram o PSC e foram para o PSL; Sérgio Zveiter que saiu do Podemos para o Democratas; e delegado Francischini (PR), que deixou o Solidariedade também para o PSL.

Um dos partidos que mais receberam novos integrantes foi o Democratas, que ganhou mais quatro deputados federais, aumentando a bancada de 33 para 37 cadeiras, conforme informado na quinta-feira. O presidente da sigla, ACM Neto, espera mais filiações nos próximos dias.  “Vamos ter mais, até o dia 7 de abril, vamos ter muitas filiações. Alguns ainda estão fazendo entendimentos finais. Nossa meta é ficar na casa dos 40 deputados", disse à Rádio Nacional

O líder do governo, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), avalia que a base não deve perder muitos aliados. "Temos acompanhado, lógico, e eu estou vendo que os partidos da base estão se saindo bem nesse movimento. Agora, é cedo para dizer, mas a nossa expectativa é que nós tenhamos na base um saldo positivo".

O líder do PSDB na Câmara, deputado Nilson Leitão (MT), defende que os políticos não mudem somente por questões financeiras. O partido trabalha para manter os 46 deputados na Câmara dos Deputados. Atualmente, a sigla é a terceira maior da Casa, atrás de MDB e PT. “As mudanças de partido são legais, mas acaba denegrindo ainda mais a classe política que busca no financeiro a sua prioridade. Não tem problema nenhum, mas que isso fosse somado com a programação, ideias, estatuto. Como alguém pode estar na dúvida entre dois ou três partidos que são totalmente antagônicos na sua ideologia? É necessário, pelo menos, que se mantenham dentro de uma linha programática dos partidos e não do financeiro”, ressaltou Leitão à Agência Brasil.

 

Saiba mais

10/04/2018 Seis governadores deixaram os cargos para se candidatar às eleições de outubro

09/04/2018 Janela partidária zerou bancada de três legendas na Assembleia Legislativa de MS

08/04/2018 Eleição presidencial já tem 14 pré-candidatos oficializados

07/04/2018 Prestes a ser fechada, janela partidária agita a classe política do Estado

04/04/2018 Secretário faz mistério e diz que só Reinaldo vai dizer quem sai do governo

04/04/2018 Termina sexta-feira prazo para janela de troca partidária

04/04/2018 Eleições 2018: partidos têm até o dia 07 de abril para obter registro

03/04/2018 Secretário de Infraestrutura deixa cargo no Governo para se candidatar ao Senado

03/04/2018 Imposição do diretório nacional provoca debandada de deputados do PR de MS

02/04/2018 Chance de eleição é o que movimenta troca-troca de partidos em MS

26/03/2018 Período de troca de partidos deve provocar novas mudanças na Assembleia e Câmara Federal

22/03/2018 Reinaldo admite conversa com MDB e fala em "surpresas" no meio do ano

17/03/2018 Pedido de voto ao eleitor antes da hora, pode acabar em cassação de registro de candidaturas

14/03/2018 Para Reinaldo, briga interna por vaga ao Senado é "esquenta" da campanha

10/03/2018 Partidos começam a trabalhar pré-candidaturas para eleição presidencial de outubro

27/02/2018 Reinaldo afirma que política de alianças segue sob responsabilidade do PSDB

27/02/2018 Partidos usam brecha e antecipam campanha a cinco meses da eleição

PUBLICIDADE