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Universitários vivenciam realidade de comunidades e aprendem lição de cidadania

Lívia Gaertner em 13 de Outubro de 2017

Enquanto muitos curtiam o ferido prolongado, eles estudavam, mas não de forma convencional. Fora das salas de aula, em contato com diferentes comunidades, um grupo de 31 estudantes universitários da UCDB – Universidade Católica Dom Bosco, sediada em Campo Grande, e da FSST – Faculdade Salesiana de Santa Teresa, localizada em Corumbá, aproveitaram para levar o conhecimento técnico adquirido durante as aulas para a prática.

“Isso aqui é uma vivência única que ninguém vai esquecer, acabamos saindo da zona de conforto que a gente tem ao viver coisas novas. Por vezes, pelo fato de escolhermos uma profissão, acabamos fechando os olhos ao redor. Eu aprendi muito coisas que não são abordadas numa sala de aula: como chegar, como conversar com pessoas mais simples. Isso acrescenta muito no eu”, disse ao Diário Corumbaense, Bruno Vinícius Andrade Silva, acadêmico de Agronomia, que, depois de visitar o assentamento Taquaral, já planeja um trabalho que irá acompanhar as famílias assentadas para otimizar as produções.

Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Grupo uniu acadêmicos de diversas áreas em ações que duraram uma semana em Corumbá

“A proposta é que não seja algo pontual, então, já estamos pensando em um projeto de continuidade, de sustentabilidade, porque não adianta trazer coisas novas, falar coisas bonitas. É tentar manter isso no sistema produtivo, Corumbá tem um grande potencial de ser um cinturão verde”, vislumbrou.

O grupo é formado por acadêmicos de diversos cursos, tornando o projeto “Vivências em Cidadania” uma grande troca, a começar entre os estudantes que, em suas áreas de formação, mostram como um pode agregar ao outro e criar mecanismos que atendam satisfatoriamente as comunidades.

“Essa interação com acadêmicos de outros cursos foi muito enriquecedor. Várias coisas me chamaram atenção, mas conhecer cotidianos, realidades diferentes  é muito bom porque não ficamos limitados apenas àquilo que temos conhecimento”, avaliou Sara Saori Makimoto, acadêmica de Medicina Veterinária.

O projeto mostra-se ainda uma grande oportunidade para quem vê seu universo limitado pela rotina do cotidiano. Estudante de Pedagogia e moradora de Ladário, Jeniffer dos Santos Mendes, por exemplo, não conhecia muitos dos locais onde visitou essa semana.

“Eu moro em Ladário e nunca tinha ido ao Porto da cidade, ao assentamento. São pessoas que formamos laços, trocamos conhecimentos e tenho certeza que isso fará diferença na forma de desenvolver nossa profissão”, contou a jovem.

Durante ação, acadêmico coletaram lixo na prainha do Porto Geral

Recompensa

Uma das lições que os estudantes aprenderam é que a recompensa desse tipo de trabalho acontece de forma praticamente imediata. Estudante do curso de Nutrição, Raquel Maculan, também afirmou que o contato entre os demais acadêmicos e a comunidade acrescentou algo que não se pode registrar em boletins ou diplomas. “A gente fez não apenas nossa parte, fizemos muita coisa, mas o melhor foi o que recebemos em troca, que foi o carinho, principalmente das crianças”, lembrou a universitária.

Os grupo esteve junto aos integrantes das associações de catadores de recicláveis do aterro controlado, a moradores do assentamento Taquaral, à comunidade escolar da escola Cássio Leite de Barros, além do projeto Criança e Adolescente Feliz (PCAF), CAPSi, comunidade católica São José e moradores do bairro Cristo Redentor.

A ação que marcou o encerramento do projeto em Corumbá foi um mutirão de limpeza na prainha do Porto Geral durante a manhã desta sexta-feira, 13 de outubro, quando  foram retirados desde embalagens de alimentos até pneus e partes de carro encontrados na orla e também no rio Paraguai.

“Como profissional precisamos sempre trabalhar em equipe, então com esse espírito viemos para cá. Houve essa troca, essa cooperação. No início, acreditamos que somos nós que traríamos conhecimento para a comunidade, mas acaba que nós voltamos com muito mais conhecimento. Nós aprendemos muito também, vivenciando a realidade que nem sempre faz parte da nossa”, comentou Ana Paula Zaikievicz Azevedo, professora do curso de Pedagogia da UDCB, sobre a experiência vivida desde o dia 06 deste mês em Corumbá.

Professora Ana Paula explicou que o engrandecimento maior é por parte dos alunos que, em contato com a comunidade, aprendem lições que a sala de aula não propicia

Para o professor Tiago Godoy, coordenador do curso de Pedagogia da FSST – Faculdade Salesiana de Santa Teresa, as ações propostas pelo projeto estão alinhadas com a filosofia salesiana que comungam as duas instituições de ensino participantes.

“É uma dinâmica muito comum nos centros educacionais salesianos. Nós que somos de Corumbá conhecemos muitas coisas da cidade e desconhecemos outro tanto, por exemplo, tivemos ações junto às famílias de recicladores no aterro controlado. Além desse trabalho pesado, eles vivem em casas que não têm água, não têm luz. A Educação Salesiana se propõe a ir além. Dom Bosco dizia que era preciso saber bastante, mas viver bastante, com qualidade, com espírito altruísta”, concluiu.

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