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Devoção à padroeira se mantém como uma das maiores entre os corumbaenses

Lívia Gaertner em 10 de Outubro de 2017

No ano quando se celebram 3 séculos de sua aparição, Nossa Senhora Aparecida, prova que a crença na Padroeira do Brasil só cresce conforme passa o tempo. Desde o início da novena, no último dia 03 de outubro, a igreja em Corumbá dedicada à santa multiplicou o número de fiéis, fazendo com que os mantenedores do espaço religioso buscassem uma saída para receber todas as pessoas. Um telão foi instalado do lado externo, onde também cadeiras são disponibilizadas.

“Das formas de manifestação de carinho à mãe de Deus, Nossa Senhora Aparecida tem uma adesão muito forte. O povo é muito efetivo com essa devoção. Em Corumbá, a festa realmente é um fenômeno”, disse ao Diário Corumbaense, o padre Fábio Vieira, da Paróquia de Nossa Senhora da Candelária, que abrange a comunidade de Nossa Senhora Aparecida na cidade pantaneira.

Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Imagem de igreja em Corumbá foi trazida há 54 anos pela estrada de ferro da NOB

“Corumbá está num cenário propício para reconstituir a aparição de Aparecida: o rio, o peixe, os pescadores, as carências não tão diferentes da época e isso faz com que as pessoas se apeguem em alguma coisa para sustentar a fé na vida, na caminhada”, lembrou o religioso ao falar da forte devoção que a santa possui entre os corumbaenses.

“Embora haja um sincretismo, a catolicidade é muito grande em Corumbá. A missão de Nossa Senhora é levar a Deus, não é parar nela porque ela não é deusa, a missão dela é nos tornar discípulos, assim como ela foi discípula. O povo é muito afetivo em Corumbá e a figura da mãe expressa isso, então as pessoas se sentem mais próximas humanamente, mais íntimas de Nossa Senhora para chegar a Deus. A mãe é algo sagrado no Brasil, mãe não se toca. É mãe que, quando o filho está preso, enfrenta o constrangimento de uma fila no presídio para poder visitá-lo, por exemplo. Essa relação mãe/filho é muito profunda e transcende para o religioso também”, afirmou o padre ao buscar explicar o sentimento que mantém a fé cada vez mais potente na figura de Nossa Senhora.

Em tempos de dificuldades pelas quais passa o mundo, sobretudo nosso país, o padre Fábio aponta a fé como um importante sustentáculo. Na perspectiva do religioso, o que não está diante dos olhos é mais essencial do que se imagina, pois é nisso que se reside uma das maiores forças do humano.

“A fé gera uma coisa muito importante: a esperança, que transcende na caridade, no amor. É o que sustenta a trilogia de Deus: a fé, a esperança e a caridade. A fé como se fosse a base, o alicerce, mas fé em que? Hoje precisamos acreditar em alguma coisa porque a descrença é grande nas estruturas e no próprio ser humano, então o que nos resta? O transcendente, o divino, o sagrado, que está dentro de nós, é uma manifestação intrínseca da alma. Precisamos nos apegar em alguma coisa até para nos sentirmos seguros e passarmos em meio a essas  dificuldades ilesos de danos maiores, buscar o que a alma nos mostra como segurança, e isso é a fé”, ensinou.

Em Corumbá, a comunidade de Nossa Senhora Aparecida foi instalada há 54 anos quando, em 06 de janeiro de 1963, trabalhadores da ferrovia trouxeram em composições, pela antiga estrada de ferro da NOB (Noroeste do Brasil), a imagem que ainda hoje permanece como destaque no altar da igreja localizada na rua Tenente Melquíades de Jesus, 1555, quase esquina com a rua Porto Carrero.

Coroa será substituída

Em 2016, quando se deu início ao Ano Jubilar em comemoração aos 300 anos da aparição de Nossa Senhora Aparecida, o manto da imagem corumbaense foi trocado por um todo confeccionado em pérolas e, este ano, a novidade estará na coroa que também será substituída. Custeada pelos devotos, a peça, toda banhada em ouro, é uma réplica da original encontrada no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, na cidade paulista de Aparecida.

Banhada a ouro, nova coroa é réplica da usada em imagem na cidade de Aparecida e foi custeada por fiéis

“Vamos sortear entre os fiéis que contribuíram para a aquisição, quem vai ter a honra de coroar a Nossa Senhora durante a última missa das cinco que serão realizadas durante  todo o dia 12”, falou o padre ao lembrar que a primeira delas será celebrada às 06 horas da manhã.

Conforme a programação, às 08 horas acontecerá a segunda missa do dia, posteriormente, às 10 horas, será a vez da Missa com as crianças. Ao meio-dia, mais uma celebração que antecederá, às 15 horas, a Adoração ao Santíssimo. Às 17 horas, acontece a única missa fora das dependências da igreja dedicada à padroeira. Será celebrada pelo bispo diocesano Dom Martinez na Igreja Nossa Senhora de Fátima, local de onde, após a celebração, se iniciará uma procissão até a Igreja de Nossa Senhora Aparecida, onde outra missa, a última do dia, acontecerá com a coroação da imagem da Padroeira. Durante toda a quinta-feira, das 08h às 22 horas, estará em funcionamento a quermesse com barracas de comidas e bebidas, além de prendas.

Como surgiu a devoção à padroeira

O início da história da devoção a Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, é datado do ano de 1717, quando os pescadores Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves resgataram a imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida do rio Paraíba.

Encarregados de garantir o almoço do conde de Assumar, então governador da província de São Paulo, que visitava a Vila de Guaratinguetá, eles subiam o rio e lançavam as redes sem muito sucesso próximo ao porto de Itaguaçu, até que recolheram o corpo da imagem. Na segunda tentativa, trouxeram a cabeça e, a partir desse momento, os peixes pareciam brotar ao redor do barco.

O dia 12 de outubro, data dedicada à Nossa Senhora Aparecida, é feriado nacional e, em todo o país, acontecem grandes manifestações de fé e celebrações que reúnem milhares de fiéis. Em Corumbá, são celebradas missas, procissões e um tradicional passeio ciclístico. Também é comum, devotos oferecerem almoço para o público infantil, já que na mesma data, é comemorado o Dia das Crianças.

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