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Após decisão da LEC, Prefeitura confirma entrega da gestão do Arthur Marinho em dezembro

Rosana Nunes em 06 de Outubro de 2017

A partir do dia 27 de dezembro deste ano, a administração do Estádio Arthur Marinho, volta para as mãos da Liga de Esportes de Corumbá. Com o fim do convênio estabelecido em 2007 entre a entidade e o Município, que permitiu que a gestão da praça esportiva fosse da Fundação de Esportes, e com a decisão da LEC de não repassar a propriedade do estádio à Prefeitura, cessa também a possibilidade de investimentos de o poder público municipal continuar investindo na praça esportiva.

O pedido de doação tinha sido oficializado no dia 27 de setembro, durante reunião entre a diretoria da LEC, representantes dos  clubes associados e o prefeito Ruiter Cunha. Ele entregou ao presidente da entidade, Leôncio Ribeiro Raldes, ofício que esclarecia sobre o impedimento legal da prorrogação do convênio, de acordo com a lei federal n° 13.091/2014.

Além dos esclarecimentos acerca da inviabilidade da realização de intervenções no estádio sem que o local seja incorporado ao patrimônio municipal, o documento lembrou dos esforços realizados desde 2007 que tornaram o palco do bicampeonato do Corumbaense Futebol Clube, um dos estádios mais seguros e modernos de Mato Grosso do Sul.

No entanto, em reunião do Conselho Deliberativo da LEC, na última terça-feira (03), por 7 votos a 5, os dirigentes de clubes com direito a voto, não aprovaram a doação do Arthur Marinho ao Município.

Anderson Gallo/Arquivo Diário Corumbaense

Estádio Arthur Marinho é administrado pela Prefeitura desde 2007 e a gestão vai ser devolvida à LEC no final deste ano

O presidente da LEC, Leôncio Ribeiro Raldes não quis dar entrevista após a reunião e se manifestou por meio de nota, onde afirmou que a entidade está aberta a definir com a Prefeitura "um outro convênio", o que segundo Raldes "é permitido por lei". "Foram utilizados o que o Estatuto da entidade prevê e se coloca à disposição da administração pública municipal para a formalização de meios que possam promover novas medidas de readequação para a gestão e administração do futebol amador de Corumbá e do estádio Arthur Marinho", destacou no documento.

Ao Diário Corumbaense, o prefeito Ruiter Cunha comentou a decisão. "Infelizmente, isso cessa também, a possibilidade de investirmos no estádio, como era nosso desejo, em captar recursos da esfera federal e estadual para modernizarmos essa praça esportiva", afirmou ao ressaltar que o Arthur Marinho vai ser entregue em condições de receber partidas do Campeonato Estadual e as fases iniciais do Brasileiro da Série D e da Copa do Brasil. "Isso em respeito ao sonho de todo torcedor corumbaense que, após 33 anos, almeja esse momento. Por nós, o Corumbaense joga no Arthur Marinho em 2018, só não terá condições se a LEC não fizer a manutenção necessária a partir do momento que reassumir a gestão", concluiu.

Já por meio de nota oficial, a Prefeitura de Corumbá esclareceu que, mesmo diante da necessidade de devolução, as obras de melhorias, reformas e adequações com relação à acessibilidade e segurança do torcedor anunciadas, e que já estão licitadas – no valor aproximado de R$ 60 mil – serão iniciadas e executadas tão logo a Fundação de Esportes de Corumbá (Funec) assine contrato com a empresa vencedora. No entanto, como a vigência do convênio expira em 27 de dezembro, a troca definitiva do gramado dificilmente será possível devido ao prazo curto. A prefeitura vai estudar uma nova forma de garantir a execução de melhorias no gramado.

Além disso, por força de lei, a prefeitura ficará impedida de realizar importantes intervenções no estádio, que já estavam planejadas para o próximo ano, como cobertura para a arquibancada descoberta, mais um lance de arquibancada atrás do gol (tobogã) e troca de toda a iluminação. O prefeito Ruiter Cunha de Oliveira assegurou que o Executivo municipal continuará parceiro do Corumbaense e buscará apoio na iniciativa privada para patrocinar o clube.

Jogar fora de casa inviabiliza participação do Corumbaense, diz presidente

Para o presidente do Carijó da Avenida, Luiz Bosco Delgado, a possibilidade de o time mandar os seus jogos fora de casa, inviabiliza a participação do clube nas competições. "Já trabalhamos com extrema dificuldade financeira, imagine jogando fora, os gastos com logística, alojamento, deslocamento, criaria um desgaste muito grande nos jogadores. Sem contar que a torcida do Corumbaense, que sempre lotou o Arthur Marinho e incentivou a equipe, não vai poder acompanhar de perto a participação do time nas competições nacionais, o que sempre foi um sonho", disse ao Diário Corumbaense.

Em relação ao aumento de custos citado pelo presidente do Corumbaense, caso o time tenha que mandar seus jogos fora de casa, o secretário da LEC, Alizardo Correa Táceo, disse que a CBF "cobre despesas" dos clubes.

Sobre a sede dos jogos do Carijó da Avenida,  Alizardo  enviou à redação deste jornal, na tarde de quinta-feira (05), a informação de que a Liga de Esportes "já está se preparando, através de projetos de convênios/parcerias para o ano que vem, com a finalidade de gestão e manutenção do Estádio e Campeonato Amador de 2018".

Ele salientou que o Corumbaense poderá jogar no Estádio Arthur Marinho a Copa do Brasil e a Série D, porque "oferece todas as condições exigidas pela CBF" e citou o regulamento que determina que "as partidas da Copa somente poderão ser jogadas em estádios que obedeçam à capacidade de público conforme se segue: a) até a terceira fase, não há capacidade mínima exigida; porém para jogos com previsão de transmissão pela TV o estádio deverá ter sistema de iluminação adequado para partidas noturnas; b) para a quarta, quinta e sexta fases os estádios deverão ter capacidade mínima de 10.000 espectadores sentados e sistema de iluminação adequado para partidas noturnas; c) para as partidas das fases semifinal e final os estádios deverão ter capacidade mínima de 15.000 espectadores sentados".

O detalhe é que hoje, a capacidade do Arthur Marinho é para 5 mil torcedores. A partir da quarta fase, então, caso o time se classifique, a praça esportiva já não atenderia às regras e de acordo com o mesmo regulamento "se a capacidade autorizada pelos órgãos competentes for inferior à capacidade mínima exigida, o estádio não poderá ser utilizado, devendo ser substituído por outro que atenda às exigências previstas".

A diretoria do Corumbaense, por meio de nota pública, ratificou que "é do conhecimento geral que o nosso estádio necessita urgentemente de uma ampliação e de modernização  para receber equipes de outras cidades, instalações para jogadores e outros. Infelizmente o Corumbaense Futebol Clube, atualmente, não consegue assumir essa responsabilidade. O ideal seria que a Liga de Esportes de Corumbá doasse o estádio para o município e este investiria em sua necessária modernização e manutenção. As finanças da LEC não são suficientes para ampliação e manutenção do estádio e atender as exigências da CBF".

A direção do Carijó ainda revelou que a decisão da LEC já provoca  efeitos negativos, tais como a insegurança de patrocinadores que estão preocupados e repensando o apoio ao clube. A conferir os próximos capítulo dessa história. 

 

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