PUBLICIDADE

Corumbá perde "seo" Martinho, cururueiro que representava a cultura pantaneira

Lívia Gaertner em 18 de Setembro de 2017

A cultura corumbaense perdeu mais um dos seus cururueiros. Foi enterrado na manhã desta segunda-feira, 18 de setembro, Martinho de Alcântara Rodrigues. Com 74 anos de idade, a morte do cururueiro foi causada por problemas cardiovasculares, segundo informações repassadas por familiares.

Tocador de Ganzá, instrumento feito de bambu que acompanha a viola de cocho na execução musical do cururu e do siriri, “seo” Martinho sempre foi companheiro dedicado junto aos demais.

Desde o ano de 2005, juntamente com o cururueiro Vitalino Soares Pinto, executava o Siriri nas apresentações do grupo da Oficina de Dança de Corumbá, tanto aquelas feitas na região, quanto as realizadas em outras localidades como Campo Grande. Representou a cultura pantaneira e corumbaense em diversos eventos como no Festival Nacional de Danças Folclóricas de Blumenau-SC; e em duas edições do Salão Nacional de Turismo, em São Paulo.

Martinho de Alcântara Rodrigues nasceu em Cuiabá e veio para a região de Corumbá ainda criança. Foi, por muitos anos, trabalhador do campo, vivendo em fazendas das regiões do Paiaguás e do Piquiri, no Pantanal.

“Conheci o “seo” Martinho em 2005, na época em que o grupo de Siriri da Oficina de Dança estava sendo formado. A Heloísa Urt e o Joilson Cruz incentivaram a gente a aprender e realizar essa manifestação cultural. Recentemente, tive a oportunidade de entrevistá-lo, durante a minha pesquisa de mestrado, pois meu objetivo era coletar informações sobre a vida dos cururueiros da nossa região e os saberes relacionados ao Cururu e ao Siriri e construir um texto que pudesse apresentar esses senhores e os seus conhecimentos. Das tantas viagens que o grupo fez com os cururueiros, dos eventos que participamos e dos momentos da entrevista, posso afirmar que o sentimento de companheirismo que ele trazia consigo, bem característico dos cururueiros que conhecemos, era muito valioso e, com certeza, contribuía para manter viva a tradição do Cururu e do Siriri. Uma perda imensurável”, declarou ao Diário Corumbaense José Gilberto Rozisca, mestre em Estudos de Linguagens pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, onde defendeu a dissertação “O fazer do Cururu em Corumbá-MS: uma abordagem socioetnolinguística”.

PUBLICIDADE