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Para coibir crescimento de criminalidade, Brasil e Bolívia fecham fronteira

Lívia Gaertner em 22 de Agosto de 2017

Num acordo binacional, Brasil e Bolívia iniciaram o fechamento parcial da fronteira entre os países atingindo 37 pontos na região do departamento (estado) boliviano de Pando e do estado brasileiro do Acre. A medida começou a ser aplicada na madrugada de domingo, 20 de agosto, e durará cerca de 30 dias.

A ação envolve a Polícia Federal do Brasil e a Policia Boliviana que controlam a passagem de pessoas e veículos. O tráfego é liberado durante o dia, porém entre a meia-noite e às seis horas da manhã, a fronteira permanece fechada. A medida, segundo as autoridades dos países, é para coordenar forças a fim de combater o narcotráfico, o tráfico de armas, de pessoas e outros delitos.

Fotos: El Deber

Pela manhã tráfego flui normalmente, pela noite, passagem é controlada

O departamento de Pando é apontado como uma das regiões mais preocupantes frente ao avanço de organizações criminosas, pois, de acordo com o ministro de Governo boliviano, Carlos Romero, a capital Cobija "se transformou em uma área que apresentou vulnerabilidade frente ao Comando Vermelho", já que pessoas vinculadas a essa organização criminosa brasileira cometeram uma série de sequestros, causando "uma onda de temor" na população. Ainda, segundo o ministro boliviano, investigações apontaram sobre uma possível invasão para resgatar brasileiros presos na penitenciária de Villa Busch, em Cobija.

Em julho, integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) assaltaram uma joalheria em Santa Cruz de la Sierra em uma operação que deixou cinco mortos. Em março, o PCC roubou um carro-forte na cidade de Roboré, próximo à fronteira com o Brasil, através da cidade de Corumbá, no estado de Mato Grosso do Sul, onde a passagem entre os países continua aberta. Os dois países compartilham uma fronteira de mais de 3.500 quilômetros.

O controle na fronteira é feito em conjunto entre forças policiais dos dois países

A decisão que vem sendo aplicada na fronteira entre Pando e Acre foi oficializada na cidade de Santa Cruz de la Sierra, onde ocorreu um encontro entre autoridades bolivianas e os ministros brasileiros da Justiça e Segurança Pública, Torquato Jardim, de Defesa, Raul Jungmann, do ministro-chefe de Segurança Institucional, o general Sérgio Etchegoyen, e de funcionários da embaixada brasileira em La Paz.

Segundo a Associated Press, a Bolívia sugeriu ao Brasil a criação de um “dispositivo binacional de inteligência” na área policial, a criação de um “comando conjunto” de controle do espaço aéreo no setor de defesa e mecanismos de combater o tráfico de drogas. Ao final do encontro, os dois países estabeleceram um Gabinete Binacional de Segurança.

Etchegoyen acredita que o PCC ainda não esteja organizado na Bolívia, mas que existam membros do grupo que buscam no país “produtos para seu negócio”, como narcotráfico e tráfico de armas.