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Celebração à Nossa Senhora de Urkupiña movimenta e colore ruas de Corumbá

Lívia Gaertner em 21 de Agosto de 2017

O domingo, 20 de agosto, foi de manifestação religiosa e cultural para centenas de bolivianos que moram no Brasil, na cidade fronteiriça de Corumbá, porém mantém a devoção em Nossa Senhora de Urkupiña, padroeira da integração nacional da Bolívia.

Os festejos só começam após toda a parte de fé que se inicia com uma missa que, este ano, foi celebrada nas dependências da escola salesiana de Santa Teresa pelo padre Marco Antônio Alves Ribeiro, responsável pela Pastoral da Mobilidade Humana e da Pastoral Scalabriniana de Fronteira.

A celebração ocorreu inteiramente em Língua Espanhola e, em local de destaque no altar, a imagem da Virgem de Urkupiña, era ladeada por Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, e Nossa Senhora de Caacupê, padroeira do Paraguai, provando a interação dos povos sul-americanos fronteiriços de Mato Grosso do Sul.

fotos:Anderson Gallo

Missa foi celebrada em Língua Espanhola

“A gente celebra (missas) destacando as devoções deles para que não percam as raízes porque a raíz religiosa também está ligada à raíz cultural e a gente mantém viva a fé desse povo mesmo longe de sua pátria. Ao se encontrarem, eles se fortalecem e vivem melhor na terra onde estão”, destacou o padre Marco Antônio ao Diário Corumbaense que observou a lição aplicada por quem vive na fronteira.

“Grande parte de Corumbá tem ligação com nosso país vizinho e poder celebrar uma devoção à Maria, que é expressão dessa mesma celebração faz com que a cidade que é formada de diferentes, se destaque essa característica não para separar, mas para unir e valorizar cada um e, assim, valorizar todos nós”, declarou.

A quem a incumbência de preparar toda a festividade é outorgada, cabe momentos de dedicação ao longo do ano que são recompensados durante a comemoração. Mario Terrazas  Mamani e a esposa Lidia Elizabeth Guarachi foram os pasantes deste ano e foram saudados ao final da celebração religiosa pelos devotos com cumprimentos e um ato que simboliza o desejo de proteção e prosperidade ao casal, despejar confetes na cabeça deles.

“É uma devoção, uma cultura que temos, é uma benção e alegria para todos nós. É uma grande emoção, muito esforço durante o ano para que cheguemos aqui e façamos alguma coisa bonita. Nós e os brasileiros somos como irmãos”, disse Mario.

Pasantes levaram imagem da santa pelas ruas da cidade abrindo cortejo dançante

A banda anunciou o início do cortejo com o ritmo da Morenada, dança folclórica que remete às influências do povo negro na cultura boliviana. O cortejo seguiu pelas ruas da área central atraindo os olhares de muitas pessoas. Uma delas foi da dona de casa Suzana Oliveira que passeava no domingo pela manhã quando foi surpreendida pela “procissão dançante”.

“Sei que eles celebram uma santa que é a padroeira e saem depois dançando nas ruas. Não sei muito sobre ela ou a cultura, mas acho extremamente bonita essa manifestação: é alegre, colorida. Essa é uma das coisas legais de se viver numa fronteira”, disse.

Além da Morenada, a dança Pujllay, onde os integrantes se equilibram em grandes tamancos de madeira, também fez parte do cortejo que seguiu até à praça Nossa Senhora de Urkupiña. De lá, os devotos partiram em carros para a cidade de Puerto Quijarro onde desfilaram pela avenida principal até um salão de eventos a comemoração seguiu noite adentro com comida, bebida e música ao vivo.

Origens

O dia dedicado a Nossa Senhora de Urkupiña é 15 de agosto. O nome Urkupíña é uma adaptação da língua indígena quéchua para a expressão “orqopiña”, que significa “já está na colina”, resposta que a jovem pastorinha que teria avistado Nossa Senhora disse aos pais quando perguntada sobre onde estaria a Virgem onde, hoje, fica a região de Quillacollo, em Cochabamba.

Contam que na época colonial, uma pequena menina ajudava a seus pais pastoreando ovelhas. Certo dia apareceu para a pastorinha uma formosa e deslumbrante senhora que carregava em seus braços um menino, a qual se converteu em sua amiga.

Para a menina o conversar com a senhora, quem lhe falava em seu idioma nativo, o quechua, e brincar com o menino, converteu-se em algo natural. Ao chegar a sua casa, contou aos seus pais sobre a bela senhora; que surpresos ouviram a sua filha relatar a forma em que “a senhora” apareceu.

Os pais da pastorinha estranharam e compartilharam o fato com o sacerdote da paróquia e alguns vizinhos, quem decidiram verificar a veracidade do relato da menina. Um dia 15 de agosto, de surpresa, apareceram os pais e alguns vizinhos no lugar onde a menina pastoreava suas ovelhas. Grande foi a surpresa quando viram a pastorinha acompanhada da Senhora e seu filho. O assombro e incredulidade se apoderaram da gente, quando viram que lentamente a senhora e o menino começaram a subir aos céus.

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