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Líderes de quadrilha de tráfico de drogas residiam em Corumbá, segundo PF

Lívia Gaertner em 17 de Agosto de 2017

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Delegados esclareceram a atuação da quadrilha, investigada desde o começo do ano

Três pessoas residentes em Corumbá foram identificadas como líderes de uma organização criminosa que agia no tráfico de drogas entre a Bolívia e o Brasil. Após seis meses de investigação, a Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, 17 de agosto, a Operação Bandeirante e cumpriu mandados de prisão preventiva, busca e apreensão e condução coercitiva nas cidades de Corumbá, Campo Grande, Três Lagoas, São Paulo e Suzano, interior paulista.

Em entrevista coletiva na Delegacia da PF em Corumbá, o delegado responsável pela investigação, Iuri Oliveira, afirmou que o trabalho se iniciou após denúncias recebidas no início do ano. Segundo ele, desde então, os policias tinham a organização como alvo. Em fevereiro e abril, a Polícia conseguiu interceptar duas cargas de cocaína, sendo a primeira (126,6 quilos) escondida em uma Toyota Bandeirante que trafegava pelo Pantanal, vindo daí o nome da operação deflagrada nesta quinta-feira.

“Derrubamos duas cargas significativas de cocaína dessa organização criminosa e ainda assim ela se reformulou, conseguiu levantar recursos e fez mais uma remessa de drogas, mas conseguimos fazer a apreensão de mais 171 quilos de cocaína no dia 18 de maio na cidade de Três Lagoas. Outra vez, ela se reformulou e conseguiu fazer uma remessa para São Paulo e, desta vez, não conseguimos interceptar, porém acompanhamos o alvo e, quando ele estava voltando com o dinheiro, 25 mil dólares, para a região de fronteira, para a cidade de Puerto Suárez, conseguimos detê-lo por evasão de divisas na forma tentada, porém sabemos que era dinheiro da associação criminosa voltada ao tráfico de drogas”, esclareceu o delegado.

A organização criminosa contava ainda com infraestrutura que incluía oficinas mecânicas, estacionamento, lava jato, diversos imóveis, veículos de passeio, caminhonetes e caminhões. Sobre os veículos apreendidos, o delegado Iuri não precisou números, porém adjetivou como robusta a quantidade que ainda está em levantamento pelos policiais. Em frente à sede da Polícia Federal em Corumbá, foi possível verificar dois caminhões e dois veículos de passeio.

Os alvos da operação tratavam desde as negociações com fornecedores bolivianos de cocaína, logística de pagamentos e a entrada da droga no território brasileiro, até o armazenamento, ocultação em compartimentos de veículos e transporte, especialmente para o estado de São Paulo. Os métodos de transporte buscavam evitar a fiscalização, utilizando rotas por vias vicinais ou estradas de terra e também o trânsito em horário noturno. 

Divulgação/Polícia Federal

PF apreendeu cerca de 350 quilos de cocaína do grupo criminoso

Os integrantes do grupo criminoso não tinham emprego ou atividade lícita que justificasse a riqueza ostentada. Uma das oficinas, por exemplo, não apresentava atividade contínua ou funcionários regulares, além de notadamente auxiliar na preparação de esconderijos e compartimentos em veículos que transportariam as drogas. A carga apreendida de cocaína relacionada ao grupo criminoso ultrapassa os 350 quilos, algo que orçado financeiramente gira em torno de 7 milhões de reais.

Prisões

Em Corumbá, foram cumpridos nove mandados de prisão preventiva, sendo que um tornou-se prisão em flagrante por porte ilegal de arma. Além disso, duas pessoas foram conduzidas coercitivamente para prestar esclarecimentos na Delegacia da Polícia Federal. Dos três líderes da quadrilha, dois foram presos e um está foragido. Os delegados não informaram nomes. De forma geral, a Operação Bandeirante, que contou com um efetivo de 90 policiais, cumpriu 19 mandados de prisão preventiva, 16 de busca e apreensão, além das duas conduções coercitivas em todas as cidades onde a operação foi desencadeada.

“As prisões preventivas têm a função também de obtenção de provas, elas estão sendo ouvidas para oportunizar a defesa e esclarecer as dúvidas por nós levantadas, assim como fechar os pontos que eventualmente estão em aberto para levarmos ao Judiciário um inquérito que permita a condenação com elementos robustos de provas”, esclareceu Iuri Oliveira.

Um casal de origem boliviana também foi identificado como integrante da organização criminosa, sendo que para esses indivíduos, a Polícia deve atuar em trabalho de cooperação internacional, segundo explicou o delegado Cleo Mazzotti,  titular da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado em Mato Grosso do Sul.

“Vai ser pedida a inserção desses indivíduos na Interpol com a possibilidade do mandado ser cumprido na Bolívia e atuando em conjunto com a Polícia Boliviana buscar encontrar esses indivíduos numa cooperação internacional efetiva, como já tem acontecido em outros casos, seja com a Bolívia ou com o Paraguai”, afirmou.