Lívia Gaertner em 09 de Agosto de 2017
Principal via da área do comércio central de Corumbá, a rua Frei Mariano recebeu uma blitz educativa sobre os 11 anos da Lei Maria da Penha e as formas de violência contra a mulher que ainda precisam ser combatidas de forma intensa na sociedade a julgar pelo mais recente caso registrado na madrugada desta quarta-feira (09), no bairro Guanabara, parte alta da cidade, onde uma mulher de 21 anos de idade, sofreu 44 lesões causadas por golpes de faca desferidos pelo marido. Até a manhã desta quarta, ela estava na sala de estabilização do pronto-socorro sob observação.
“A informação é que muda uma situação, assim a gente informa e previne. Temos que acordar a sociedade inteira de Corumbá, vestir essa camisa, abraçar essa causa. Isso não é uma ação de Governo, é da sociedade como um todo. Isso é papel de todo cidadão, todo ser humano de bem, denuncie, ajude, informe o Poder Público porque estamos para trabalhar e diminuir esses índices”, disse ao Diário Corumbaense, a coordenadora de Articulação de Políticas Públicas para as Mulheres, Wânia Alecrim.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Policiais Militares informaram cidadãos sobre Lei que ampara mulheres vítimas de violência
Além de representantes de órgãos que integram a Rede Municipal de Proteção e Enfrentamento à Violência contra a Mulher, a blitz contou com o apoio da Polícia Militar cujas policiais femininas circularam pela rua orientando a população sobre as formas de prevenção à violência contra a mulher.
“Precisamos de uma mudança cultural; é uma mudança de pensamento que vem desde quando esse menino está crescendo, está sendo educado e todos nós estamos engajados. Hoje, atendemos muita violência doméstica, mas acredito que bem em breve vamos poder ter dados diferentes”, disse a cabo do 6º Batalhão da Polícia Militar, Gleice Kelly Amaral que explicou que a própria postura dentro da força policial, hoje, é diferente ao tratar-se de atendimentos de crimes desta natureza.
“Além da personalidade de caráter que cada policial possui, somos treinados para esse tipo de atendimento. Hoje, ele é bem humanizado, estamos bem à frente nessa forma de atender todas as vítimas, estamos juntos, abraçando, segurando a mão. Não é o momento de acusar, de perguntar, é de apoiar e fazer tudo conforme manda a lei”, explicou.
Nas ruas, a população aprova a aplicabilidade da lei e reconhece que ela é necessária e bem estruturada, porém lembra que para sua eficácia é preciso um elemento primordial. “As mulheres estão sendo violentadas não apenas fisicamente, mas psicologicamente e não denunciam porque ficam constrangidas e com medo de denunciar. É necessário levar adiante para que a lei funcione. Não adianta denunciar e não ir adiante”, avaliou Roselene Ribeira.
A mesma opinião tem Maria do Carmo Mercado que entende que a responsabilidade por frear os casos envolve não apenas o público feminino, mas qualquer pessoa que testemunhe um caso de violência. “A própria mulher vai e retira a queixa e isso não pode, não pode aliviar para um agressor que, muitas vezes, só entende quando a lei passa a atuar. A gente nunca sabe o que se passa na casa, mas quem presenciar a violência que denuncie mesmo, mesmo que seja anonimamente. Porque a violência se não freada, ela vai aumentando e pode resultar no pior”, afirmou.
Para denúncias, há os telefones 180 e 190 (PM). Para buscar mais informações sobre a Rede Municipal de Proteção e Enfrentamento à Violência contra a Mulher e seus serviços, o telefone é (67) 3907-5437 ou ainda o celular da gerente de Políticas Públicas para as Mulheres, Wânia Alecrim, (67) 99931-3083.
Conheça as diferentes formas de violência contra mulher prevista na Lei Maria da Penha:
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