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Caseiro preso por duplo assassinato diz que tinha desavenças com ex-vereador

Campo Grande News em 19 de Julho de 2017

João Paulo Gonçalves

Faca e facão usados no crime e ao fundo, os suspeitos. Da esquerda para direita: Rivelino, Rogério e Alberto

Preso pelo duplo homicídio do ex-vereador Cristóvão Silveira e sua esposa Fátima Silveira, o caseiro Rivelino Mangelo, de 65 anos, apresentado pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros) ), nesta quarta-feira (19), disse que cometeu os crimes porque estava sendo ameaçado de morte pelo patrão.

Durante depoimento ao delegado Fábio Peró, Rivelino disse que Silveira passou a ameaçá-lo depois que levou uma amante à chácara e que temia que o caseiro contasse à Fátima. “Toda vez que ele ia pra chácara já descia armado da caminhonete. Se eu saísse de lá, ele dizia que ia me matar. Ele me ameaçava. Me humilhava na frente da minha esposa e filha”, alegou o caseiro.

Questionado sobre a versão, que não explica o roubo da caminhonete L200 do ex-vereador – encontrada em Corumbá – Rivelino disse que o dinheiro não era a motivação principal do crime, mas sim as desavenças com o patrão. Junto ao caseiro, o Garras apresentou os dois filhos de Rivelino, Alberto Nunes Mangelo, de 20 anos e Rogério Nunes Mangelo, de 19.

De acordo com o delegado, Alberto teria apenas recebido uma televisão roubada do casal em uma fazenda, distante 30 quilômetros de Aquidauana. No local também teriam sido queimadas as roupas de Diogo André dos Santos Almeida, morto em confronto com a Polícia de Corumbá na tarde desta quarta-feira e de outro suspeito, cuja identidade ainda não foi divulgada.

Peró contou que há pelo menos uma semana Rivelino e Diogo premeditavam o crime. Eles teriam sido, segundo o delegado, os responsáveis pelos esfaqueamentos e por atear fogo ao corpo de Fátima. A polícia não detalhou o envolvimento de Rogério nos assassinatos, mas disse que ele estava presente no momento dos crimes.

Nos áudios que estavam nos celulares apreendidos com Rivelino, a polícia encontrou declarações do caseiro dizendo para Rogério e Diogo que não ajudassem no crime, ele iria matar o casal sozinho. O delegado afirma que houve abuso sexual, mas ainda aguarda os laudos da perícia para confirmação do estupro.

Os três negam ter cometido abuso sexual na vítima, encontrada sem roupas e com parte do corpo queimado. Todos os envolvidos têm passagens pela polícia. Rivelino por lesão corporal e violência doméstica; Rogério por furto e lesão corporal; Alberto por posse de arma, entre outras. Diogo tinha a ficha mais extensa, com passagens por furto, roubo, tráfico, ameaça e homicídio. Agora as acusações serão por latrocínio, associação criminosa e o possível estupro.

O caso

Por volta das 13h30, o caseiro acionou a Polícia Militar dizendo que um grupo havia invadido a chácara e feito o patrão dele refém. Ele tinha escapado para buscar ajuda. Com o pé machucado, o caseiro foi socorrido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) à Santa Casa de Campo Grande. A equipe policial, então, foi até a propriedade e encontrou os dois corpos no galpão da propriedade. A mulher estava parcialmente nua e queimada.

Desconfiados da versão do caseiro, os policiais do Batalhão de Choque e civis foram até a unidade de saúde e apreenderam o celular dele. No aparelho, foram encontrados vários áudios em que o caseiro, o filho e o sobrinho planejavam o roubo do veículo. Imediatamente, o caseiro foi preso e entregou os outros dois suspeitos que haviam seguido com a caminhonete para Anastácio, distante 135 quilômetros da Capital.

Na sequência, o filho do caseiro foi preso no município. A caminhonete já havia sido levada pelo terceiro suspeito para a Bolívia, mas foi interceptada ainda na BR-262 pela Polícia Militar de Corumbá.