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Pipas: cuidados com a brincadeira que faz a alegria da criançada nas férias escolares

Da Redação em 11 de Julho de 2017

Ricardo Albertoni /Diário Corumbaense

Em todos os cantos de Corumbá é comum ver crianças e adolescentes adeptos da brincadeira

Com o início do período das férias escolares, é comum ver mais crianças, adolescentes e até adultos nas ruas, lajes, praças e campos empinando pipas. Essa atividade faz parte de uma tradição que se perpetuou em muitas culturas, mas que na verdade, nasceu na China, onde ocorreu, segundo lendas, o primeiro voo de uma pipa. Existem histórias em que as pipas teriam sido usadas para fins militares, religiosos e também para estudos científicos. Esse brinquedo também conhecido no Brasil como papagaio, raia, pandorga, curica e outros nomes, virou paixão nacional, principalmente das crianças.

O paulista Alexsandro Fernandes, de 35 anos, vendedor de pipas há sete anos em Corumbá é fã do brinquedo desde pequeno. Por causa do costume que tinha de empinar pipa em São Paulo, ele acabou abrindo sua própria loja. Há quatro anos, ele vende pipas em Corumbá, no bairro Padre Ernesto Sassida, em um local conhecido como “D.E.J”, que significa Deus, Espírito Santo e Jesus. Antes de morar na cidade, Alexsandro já vendia pipas na capital paulista, na loja que o pai dele Genivaldo Ferreira, de 56 anos, tomava conta. Mas, era Alexsandro encarregado também de produzir as pipas e mandar para o tio, que vende até hoje pipas no bairro Maria Leite. Como havia muita procura, e Alexsandro já tinha vontade de se mudar para Corumbá, ele largou o emprego como motorista na empresa Telefônica, e começou a vender pipas aqui.

A família de Alexsandro ajuda  na confecção e venda do brinquedo artesanal. Segundo ele, aproximadamente 20 mil pipas são vendidas principalmente em junho e julho; novembro, dezembro e janeiro, meses das férias escolares. Atualmente, 15 pessoas da família de Alexsandro participam da confecção e venda, em diferentes bairros como Guanã, Cervejaria e Maria Leite. “Eu tenho um tio conhecido como 'Rato Pipas', que conta com ajuda de mais 4 pessoas. Ele vende em outra casa no bairro Maria Leite. Tenho também outro tio e primo que vendem no Guanã, uma tia na Cervejaria, são cerca de 15 pessoas da mesma família trabalhando com pipas, mas só eu e o 'Rato' é que produzimos e distribuímos para o restante”, disse ao Diário Corumbaense.

Ricardo Albertoni /Diário Corumbaense

Alexsandro e Genivaldo chegam a vender 20 mil pipas no período de férias

São comercializados cinco modelos diferentes de pipas pela família de Alexsandro que custam entre R$ 0,30 a R$ 3,50 cada, mas também são vendidos os materiais para a confecção de uma pipa como linha e vareta, para aqueles que querem produzir sua própria pipa, além disso, antenas para motos. “Quando eu tinha uns 6 anos de idade que comecei a gostar. Cheguei a ficar internado no hospital porque eu só ficava na rua empinando, não me alimentava direito e acabou dando problema no meu estômago, na época eu tinha uns 12 anos”, contou. O pai de Alexsandro, Genivaldo, também era fã igual ao filho. “Eu era doente por pipa, não almoçava, preferia ficar empinando do que comer”, lembrou.

Pessoas de todas as idades procuram por pipas na loja do Alexsandro. Segundo ele, os corumbaenses costumam chamar as pipas pequenas de “panabi”, diferentemente dos paulistas que chamam de “peixinho” ou “raia”. O dono da loja ainda ressalta que coloca nas pipas um carimbo para lembrar os clientes a não usar o cerol, uma mistura de pó de vidro e cola. “É muito difícil achar uma criança que nunca usou cerol na pipa. A graça para eles é cortar as pipas dos outros. O ideal seria ter aqui em Corumbá um pipódromo como acontece em São Paulo, um lugar aberto e longe de veículos”, concluiu.  

Uso de linha cortante aumenta riscos de acidentes

Entre os adolescentes adeptos da brincadeira, principalmente, existe o uso da linha chilena, um material muito mais cortante. Ele é feito de cola de madeira e óxido de alumínio e corta quatro vezes mais do que o tradicional cerol. Este tipo de linha tem a sua comercialização proibida e o estabelecimento que vender pode ser multado.

Ricardo Albertoni /Diário Corumbaense

Pais devem ficar atentos à brincadeira dos filhos, alerta Corpo de Bombeiros

E é por causa da falta de atenção e do uso indevido de substâncias e linhas cortantes, que essa brincadeira antiga sem a devida cautela pode se tornar perigosa. Soltar e empinar pipas em áreas urbanas com acessórios cortantes nas linhas pode causar acidentes graves e até mesmo a morte de uma pessoa, na maioria das vezes, de ciclistas e motociclistas. De acordo com o subtenente bombeiro militar, Hélio dos Santos Silva, soltar pipa antigamente costumava ser uma brincadeira sadia, mas depois que iniciou o uso do cerol e da linha chilena na cidade ficou mais perigoso. “Hoje em dia, brincar com pipa virou competição de quem corta mais, e isso prejudica os transeuntes, principalmente os motoqueiros, que ficam indefesos nessa situação”, disse.

Hélio conta que normalmente nas férias de julho e dezembro ocorrem mais acidentes. “Os casos envolvem mais lesões causadas pelo cerol. O vilão mesmo é o cerol, que atingem as pessoas que passam perto e se machucam. As crianças também ficam olhando só para cima e podem se acidentar pela falta de atenção do que tem ao redor, pode ter buraco, um atropelamento, por exemplo. ”, acrescentou a este Diário.

Para o subtenente, os maiores fiscalizadores são os pais e responsáveis, e a orientação deve vir de dentro de casa, informando à criança e ao adolescente para ficarem em lugares espaçosos, como praça e campo de futebol, longe de fiação elétrica, de raios também. Além disso, o subtenente Hélio lembrou ainda que existem leis que proíbem o uso de cerol e responsabilizam os pais pelo descumprimento. “Às vezes uma brincadeira simples acaba causando um mal maior”, concluiu.

Anderson Gallo / Diário Corumbaense

O pequeno Evandro, de 6 anos, sempre teve orientação dentro de casa sobre uso do cerol e os acidentes que podem ocorrer

Exemplo

O pequeno Evandro Oliveira Sigarine, de 6 anos, é filho de um casal de bombeiros. Ele sempre frequenta o ambiente da corporação e muitos militares o conhecem. Aluno no Colégio Objetivo, Evandro está de férias, mas, sempre quando pode ele aproveita o espaço do quartel para soltar pipa. O garoto começou com 5 anos a empinar pipa junto com o pai, mas sempre teve orientação dentro de casa sobre uso do cerol e os acidentes que podem ocorrer. “Eu sempre venho aqui, às vezes solto pipa, meu pai me ensinou que cerol pode machucar os outros e quando eu vou empinar uma pipa, ele compra e faz a rabiola para mim”, contou.

O que diz a lei sobre a proibição do cerol ou outra linha cortante

Em Corumbá, existe uma lei específica que proíbe o uso de linhas cortantes, como o cerol e a linha chilena. A lei - número 2.508, publicada na edição de 09 de novembro de 2014 do Diário Oficial do Município (DioCorumbá) estabelece a proibição para quaisquer atividades recreativas. Pela legislação, as polícias federal, estadual e guarda municipal, poderão apreender os materiais utilizados e comunicar a Polícia Civil para registrar boletim de ocorrência.

Caso ocorra algum acidente, provocado pelas linhas cortantes, o autor, se for menor de idade, será encaminhado ao Conselho Tutelar com notificação dos pais ou responsáveis.  Mas, caso seja maior de 18 anos, será conduzido à Delegacia de Polícia Civil para lavratura do flagrante e providências cabíveis. A multa é de 1.000 Uferms (Unidade Fiscal de Referência de Mato Grosso do Sul) - valor que hoje equivale a pouco mais de R$ 24 mil ao responsável, independente das sanções penais a que estará sujeito.

Serviço

Torneio de pipas, com doações e sorteios

Quando: todo domingo, durante as férias escolares

Horário: a partir das 14h

Local: Parque do CEU, localizado no bairro Jardim dos Estados

Classificação: livre

Informações: 99979-8513 (Leila Louveira)

 

Festival de pipas, com sorteios

Quando: Sábado

Horário: a partir das 13h30

Local: No Eco Parque da Cacimba da Saúde,

Informações: 99861-1049 (Wallison Silas)

 

Festival de pipas, com sorteios

Quando: Domingo

Horário: a partir das 13h30

Local: Bairro Guató, próximo a Transportadora Cardoso e Cardoso

Informações: 99861-1049 (Wallison Silas)