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Encontro em Corumbá discute o cotidiano e os problemas da fronteira Brasil-Bolívia

Da Redação em 28 de Junho de 2017

Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Encontro visa levantar questões e hipóteses sobre o território e conhecer melhor a realidade regional e local

A distância entre a região central de Corumbá e Puerto Quijarro, cidade boliviana que faz divisa com o Brasil é pouca. São apenas 6,5 quilômetros, mas que representam muito quando se trata das particularidades e dificuldades das fronteiras brasileiras. Para debater deste tema, com o objetivo de contribuir com questões e hipóteses visando melhoria nas políticas públicas, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Ministério da Integração Nacional (MI), com o apoio da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) – Campus do Pantanal (CPAN), realiza nesta quarta e quinta-feira, dias 28 e 29 de junho, uma oficina de trabalho intitulada “Fronteiras do Brasil: uma avaliação do Arco Central”.

De acordo com o economista e técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, Bolívar Pêgo, essa é a terceira oficina que discute sobre fronteira na própria região, com a presença de autoridades e representantes de entidades. “Contamos com a participação de representantes do Ministério da Defesa, professores da UFMS, do prefeito municipal e atores diferentes da localidade para que nos ajude na reflexão, para que quando fomos sair daqui as dúvidas sejam diminuídas, e com base nesse trabalho contribuir para melhorar as políticas públicas ligadas à fronteira”, disse.

No encontro, ocorrerá ainda uma apresentação do livro “Fronteiras do Brasil: diagnóstico e agenda de pesquisa para política pública”, que estará disponível, para download no Portal do Ipea a partir desta quinta-feira (29). Sobre essa obra, Bolívar ressalta que é referente à primeira oficina realizada no ano passado em Brasília sobre fronteira.  Ele frisou ainda que o livro discute como a fronteira no Brasil deve ser tratada no plural, problemas de infraestrutura, migração, saúde e educação. Outra publicação será lançada no próximo ano referente às oficinas realizadas em 2017.

Bolívar Pêgo, do Ipea, coordena discussões

“Desta vez, estamos aqui essa semana para discutir a divisa do arco central e em novembro discutiremos o arco sul. Discutiremos com a presença de representantes de diversas áreas sobre problemas e prioridades que podem ser melhorados. O assunto é importante, o Brasil é muito grande e complexo, então, discutir fronteira tem que ser permanente”, acrescentou Bolívar Pêgo ao Diário Corumbaense.   

O prefeito de Corumbá, Ruiter Cunha de Oliveira comentou durante a abertura do evento sobre as dificuldades em diversos setores como comércio, saúde, transporte, segurança pública e outros em decorrência da fronteira, e também da falta de recursos e de políticas públicas para o setor.  “A situação fronteiriça e central de Corumbá na América do Sul nos coloca em condição de sediar o debate sobre a fronteira em caráter permanente. Mais do que enumerar uma lista de reclamações, busco contribuir com subsídios concretos sobre a fronteira vivenciada cotidianamente – esse emaranhado de desafios, mas, acima de tudo, um vasto campo de oportunidades para o desenvolvimento econômico, social e cultural das locais populações dos dois lados”, disse em discurso.

O prefeito acrescentou ainda que discutir sobre as dificuldades fronteiriças é benéfico para a região. “Quando se tem uma discussão como essa e quando ela é trazida, é importante ser aproveitada. Não só elencar os problemas, mas a expectativa que temos é que as oportunidades se sobressaiam a esses problemas, gerando riqueza, emprego e melhoria da qualidade de vida, esse é o nosso propósito, nosso intento”, disse a este Diário.

Ruiter: "Mais do que enumerar uma lista de reclamações, busco contribuir com subsídios concretos sobre a fronteira vivenciada cotidianamente"

Ruiter afirmou ainda que já estão sendo feitas experiências, por exemplo, em relação ao atendimento da população boliviana na área da saúde. “A gente está tentando fazer uma estrutura, com alguns atendimentos que os municípios vizinhos não possuem. Como estamos  falando de vida, o cuidado deve ser maior. Estamos discutindo com autoridades do Brasil e da Bolívia para saber o que podemos fazer”, contou.

Mas, a atuação da Prefeitura, segundo ele, é limitada. “Precisamos das pessoas que podem decidir e gerir políticas públicas, que tenham essa preocupação e que possam nos auxiliar, com aporte de equipamentos e recursos. As coisas ruins não possuem fronteira, e fazer com que isso vá para a legislação, permite que a gente faça algo. Mas, isso só pode ser feito visitando o local e não definindo políticas dentro de um gabinete, não conhecendo a realidade de cada região”, concluiu.

Programação

Na programação, as palestras deste dia 28 são principalmente de instituições e temas nacionais, como defesa e as realidades econômica e social do Arco Central, que reúne municípios de fronteira dos estados de Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Em seguida, será apresentado o livro “Fronteiras do Brasil: diagnóstico e agenda de pesquisa para política pública”, que estará disponível para download no Portal Ipea no dia do término da oficina.

Na manhã do dia 29, haverá palestras sobre temas regionais e locais, como o desenvolvimento regional e as relações transfronteiriças do Arco Central. Os grupos de trabalho vão se dedicar a três eixos: economia e desenvolvimento, gestão urbana e integração entre os povos e defesa do território. Os participantes serão divididos entre estes temas e responderão perguntas feitas pela equipe técnica da pesquisa, composta por pesquisadores da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) do Ipea. Ao final, cada grupo apresentará as conclusões e sugestões de melhoria das políticas públicas.

Segundo o Ipea, além dessa programação, estão previstas visitas a campo na zona de fronteira, dos lados brasileiro e boliviano, envolvendo o arranjo Corumbá, Ladário, Puerto Quijarro e Puerto Suárez, e entrevistas com autoridades locais e regionais. O principal produto da oficina será em mais um livro, o quarto volume da série Fronteiras do Brasil. Esta é a terceira de um total de quatro oficinas sobre fronteira que o Ipea e o MI realizam no âmbito da parceria técnica. A quarta e última, sobre o Arco Sul, será realizada em novembro deste ano na cidade de Uruguaiana (RS).