Ricardo Albertoni em 16 de Maio de 2017
Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Na sexta-feira (12), Kakalo cumpriu a promessa e foi entregar o uniforme ao amigo Odiney da Silva Paixão e Larissa Aparecida Delmão, pais de Samuel
Antes de gravar seu nome na história do Corumbaense Futebol Clube e se eternizar na memória do torcedor do Carijó da Avenida como um dos atletas do elenco vitorioso que conquistou o segundo título do time pantaneiro na competição mais importante de Mato Grosso do Sul, o atacante João Carlos Garcia de Carvalho, conhecido como Kakalo, fez uma promessa a um amigo.
O compromisso firmado antes da final do Campeonato Estadual, que aconteceu no dia 07 de maio, era a doação de uma camisa autografada pelos jogadores campeões pelo Carijó da Avenida para ajudar um pequeno guerreiro, o bebê Samuel Delmão Paixão, de 11 meses. Ele nasceu com uma doença rara, conhecida como síndrome de Prune-Belly, ou ainda, síndrome do abdômen de ameixa seca, por causa do aspecto enrugado, característico da parede abdominal dos recém-nascidos.
A malformação congênita envolve ausência ou deficiência da musculatura abdominal; o não desenvolvimento testicular; expansão anormal da bexiga em associação com problemas no trato urinário superior. Na sexta-feira (12), Kakalo cumpriu a promessa e foi pessoalmente à residência, no bairro Generoso, entregar o uniforme ao amigo Odiney da Silva Paixão e Larissa Aparecida Delmão, pais de Samuel. A lembrança, de grande valor histórico, será rifada e o valor arrecadado, revertido para ajudar nos cuidados necessários com a saúde da criança.
“Tenho uma amizade com o pai dele, conheço há muito tempo e vejo a dificuldade que ele passa em relação a dinheiro, cuidados com o filho. Eu falei com os jogadores e eles assinaram a camisa. A nossa vontade era entregar pessoalmente, mas com essa correria, já que muitos tiveram que viajar, infelizmente não deu para fazer isso”, disse Kakalo.
Estima-se que a síndrome afete 1 a cada 35 mil a 50 mil indivíduos nascidos vivos, sendo que a maciça parte dos casos (95%) ocorre no sexo masculino. De acordo com Odiney, já no terceiro mês de gestação, ele e a esposa Larissa, foram informados que a gravidez exigia cuidados especiais.
O nascimento, embora estivesse marcado para acontecer em 14 de junho do ano passado, em Campo Grande, já que o bebê necessitava de cuidados especiais oferecidos na Capital, acabou acontecendo em Corumbá, dois dias antes do previsto. Somente após o nascimento, o casal soube o que realmente Samuel tinha. A partir daí, a vida dos deles, que já têm outros 2 filhos, foi reprogramada.
“Depois do nascimento descobrimos que na verdade se tratava de uma síndrome muito rara. Ela causa insuficiência renal, perda de um rim, e o outro acaba funcionando com apenas 50% do que deveria. Os órgãos não são no mesmo lugar. Ele não tem a musculatura da barriga que é flácida, fora a alergia que ele tem. Não pode beber ou comer nada diferente. Além de mamar, ele está tomando um leite específico, chamado Aptamil. É um bebê que necessita de muitos cuidados” explicou Odiney ao Diário Corumbaense.
Além das deficiências acarretadas pela doença, Samuel tem alergia a lactose, não pode comer ou beber nada que não seja indicado pela nutricionista. Somente o leite, específico custa cerca de R$ 74 a lata. São consumidas aproximadamente duas latas por mês. Algumas vezes, Odiney conta com a ajuda dos colegas de trabalho, mas quando o auxílio não vem, o dinheiro do salário e dos trabalhos que faz por fora são a única salvação.
De acordo com Odiney, os custos entre alimentação e medicação para Samuel chegam a cerca de R$ 540 por mês, mais de 40% do salário do pai de família, que é funcionário da Santa Casa de Corumbá no período noturno e complementa renda com trabalhos que realiza no período de folga como pintor e pedreiro.
Pelo fato de ser uma doença rara, a cidade não oferece alguns exames e especialista para o acompanhar o caso. Frequentemente, o casal viaja para Campo Grande e dependendo da quantidade de dias na Capital, os custos ficam ainda mais elevados. O transporte até a outra cidade é oferecido pelo Município, mas alimentação, hospedagem e locomoção são custeados por conta própria.
Por indicação do médico, é preciso evitar ao máximo que Samuel use transporte coletivo por causa do contato com outras pessoas, sendo assim, mesmo tendo parentes na Capital, a família procura hospedagens mais próximas do Hospital, para diminuir o deslocamento prejudicial a Samuel.
“Ele não pode andar de ônibus por causa do contato com as pessoas, então os custos são altos. Quando dá tudo certo, a gente acaba voltando no mesmo dia. Quando tem consulta, ficamos até 1 semana e meia por lá. A passagem, a gente conseguiu pela Prefeitura, mas quando tem um imprevisto e precisamos ir com urgência, aí temos que bancar”, explicou Odiney Paixão.
Chance de ganhar camisa histórica para ajudar Samuel custa R$ 10
Sabendo da luta da família, Kakalo ofereceu o presente. A ideia inicial era leiloar a camisa, porém, a procura foi grande e pensando no melhor para Samuel, eles decidiram pela rifa. São 500 números no valor de R$ 10 cada. O sorteio será pelo primeiro prêmio da Loteria Federal, no dia 14 de junho de 2017, dois dias após Samuel completar 1 ano.
Quem acertar os três últimos dígitos sorteados levará para casa a camisa do bicampeonato autografada pelos campeões, um símbolo de vitória, conquistada após 33 anos do primeiro título estadual. Todos que ajudarem o pequeno guerreiro, mesmo que de uma maneira imediata, estarão contribuindo com o bem-estar de Samuel, oferecendo esperança e apoio para que ele continue lutando pela vida. O recurso arrecadado será utilizado para compra de medicação, faixas, leite e ainda intervenções na residência para oferecer maior conforto à criança.
“Espero que mais pessoas possam ajudar essa família. O Odiney é um rapaz trabalhador, espero que outras pessoas possam seguir esse caminho e ajudá-los de alguma forma”, concluiu Kakalo.
Para participar da rifa e concorrer a uma camisa autografada pelos campeões sul-mato-grossenses de 2017 e ainda ajudar o pequeno Samuel, pode ligar para o número (67) 9 9843-2511 ou ainda adquirir um número na sede do jornal Diário Corumbaense, localizado na rua Cabral, nº 1.283 entre as ruas Sete de Setembro e 15 de Novembro.
17/06/2017 Comerciante fica com camisa rifada do Corumbaense para ajudar criança
Paulo Rogério: O time do corumbaense merece todo nosso carinho e respeito pelo lindo gesto de amor com o próximo. Parabéns jogadores.Deus os abençoe...
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