Ricardo Albertoni em 07 de Maio de 2017
Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Jogadores foram pro abraço no segundo gol do Corumbaense
Após o apito do árbitro Thiago Alencar, que comandou o jogo da final do Estadual 2017 e apesar do forte calor, o Corumbaense entrou concentrado e foi pra cima do Novo, tendo chances de gol em cruzamentos trabalhados após jogadas de lado de campo. Em uma delas, aos 17 minutos, o capitão Cléber cabeceou livre na área para o bem colocado goleiro Bernardo defender. Melhor em campo até a parada técnica, o Corumbaense mostrava que não estava ali para segurar o resultado.
Mas do outro lado não estava qualquer equipe. Estava o time que eliminou o temido Águia Negra e o Sete de Dourados, campeão em 2016. Depois da parada técnica para hidratação dos jogadores, o rendimento do Corumbaense que correu demais no início do jogo caiu e aos 26 minutos, o Novo mostrou seu cartão de visita, assustando a torcida do Carijó. O goleiro Diego defendeu parcialmente um chute e a bola ficou dentro da área. Um susto, mas o goleiro sofreu a falta e a torcida respirou. O Novo queria estragar a festa.
Até os 39 minutos, o dono da casa não estava bem e a tensão na arquibancada aumentava, mas os torcedores não deixavam de cantar, incentivar. Foi quando o corumbaense Juninho agitou a galera. O meia chutou forte obrigando o goleiro Bernardo a mandar a bola para escanteio. Aos 41, Sandrinho recebeu o primeiro amarelo após falta sobre Ramer, o cartão faria diferença mais para frente.
Aos 42 minutos, Wiliam, que tinha marcado o gol em Campo Grande recebeu lançamento na direita de Juninho e chutou no lado direito do goleiro Bernardo. A bola ainda bateu na trave e entrou. O lado do gol era o mesmo que Negão, marcou o gol do primeiro título estadual do Corumbaense, em 1984. O bicampeonato estava cada vez mais próximo. Mas, do outro lado, estava o Novo, e para o Corumbaense, nunca foi fácil.
Aos 46 minutos do primeiro tempo, o jogo mudou. Sandrinho foi expulso após fazer falta em Luan. O atleta do Corumbaense, que não tinha jogado a partida em Campo Grande e vinha participando muito do jogo na marcação e no ataque saiu chorando de campo. Reconhecido pela torcida foi aplaudido, em um misto de preocupação pelo fato de estar perdendo um atleta em campo, mas pela alegria de estar a 45 minutos do título.
No intervalo, o treinador Douglas Ricardo conversou com a equipe, alterou posicionamento e adotou uma estratégia mais cautelosa para não correr riscos, já que para a equipe de Campo Grande o resultado não servia e a pressão no segundo tempo, principalmente jogando com um jogador a mais seria grande. Fazendo o que era esperado, durante os 10 primeiros minutos da segunda etapa, o Novo empatou. O gol saiu precisamente aos 9 minutos. Após um cruzamento do lado esquerdo, depois de um bate e rebate na área, a bola sobrou para Andrinho que não perdoou. Novo no jogo.
Três minutos depois, Kareca recebeu na área, chutou e encobriu o goleiro do adversário, mas a auxiliar Daiane Caroline Muniz invalidou o gol corumbaense alegando impedimento do atacante. O Novo pressionava, mas o Carijó acertou o posicionamento e segurava a partida.
Com a entrada de Elivélton que aparecia dos dois lados do campo, e a eficiência defensiva e ofensiva de Robinho, que voava pelo lado direito, o Corumbaense voltou a apresentar perigo para o Novo, que percebeu que poderia levar o segundo gol e acabou não se jogando tanto no ataque como fez no início do segundo tempo.
Aos 32 minutos, o Corumbaense percebeu que o Novo já apresentava cansaço. O time começou a apostar em jogadas de velocidade utilizando a habilidade do atacante Elivélton. O Galo Guerreiro estava com 10, o Novo estava com 11, mas o time da casa tinha 5 mil pessoas ajudando e aos 33 minutos, após um escanteio do lado direito, o zagueiro Júlio, do Novo, desviou para trás, a bola raspou na cabeça do volante Mutuca e foi para o fundo do gol. 2 a 1.
No final do jogo, jogadores e torcedores viveram uma explosão de sentimentos
Não era só mais um gol, era o gol do título, o gol da história, o gol da segunda estrela que representa o bicampeonato do clube de torcida mais apaixonada de Mato Grosso do Sul. Gol de um time que após 33 anos, conseguiu retribuir o amor da sua torcida que o acompanhou nas inúmeras vitórias, derrotas. Ao final da partida, foi impossível conter a alegria dos torcedores que entraram em campo para abraçar os heróis.
O Corumbaense subiu no degrau mais alto e foi a vez do capitão Cléber levantar a taça de melhor do estado. Com tanta gente em campo, jogadores e torcida se misturaram e era impossível conseguir a atenção de qualquer um deles. O gerente de futebol do Corumbaense, Renê Rodrigues, lembrou-se da relação do pai, o já falecido ex-prefeito de Corumbá, advogado Edimir Moreira Rodrigues, que participava ativamente da diretoria do clube e foi o responsável pela instalação das torres de iluminação do estádio.
“Não foi fácil, tivemos muitas dificuldades, mas conseguimos. Agora não é hora de falar se alguém nos prejudicou, ganhamos e Corumbá merece. Isso não tem preço, não posso deixar de lembrar de meu pai, o Dr. Edimir Moreira Rodrigues, que era advogado do Corumbaense. Ele era uma apaixonado pelo clube e esse título é pra ele também”, disse emocionado o dirigente.
O zagueiro Rafael, que estava fora do jogo decisivo até o começo da noite de sábado (06), por causa de uma punição do TJD/MS e que depois reconsiderou e concedeu efeito suspensivo ao atleta, fez sua terceira final consecutiva e exaltou a torcida do Carijó da Avenida. “Nosso maior desejo era chegar aqui e ser campeão. Uma torcida dessa merece, são poucos times no Brasil que têm isso. Tive o prazer de 3 anos seguidos chegar na final, dessa vez ser bicampeão, ano passado fui vice (pelo Comercial). Eu glorifico a Deus por esse título abençoado”, afirmou.
Na hora e no momento certos
O treinador Douglas Ricardo, que assumiu a equipe em março após a demissão do técnico Nei César, lembrou que a oportunidade de assumir o Carijó da Avenida apareceu na hora certa. O auxiliar Osvaldo Júnior comandou a equipe no empate em 1 a 1 com o Ivinhema, time que Douglas Ricardo acompanhava na época. Após o jogo, o clube fez contato com o treinador, que aceitou o desafio. O técnico campeão, que agora se junta ao treinador da equipe de 84, Da Silva, na história do clube, disse que estava no lugar e momento certos quando chegou ao Corumbaense.
“Só tenho a agradecer, primeiro a bênção que Deus me deu de estar aqui no lugar certo, na hora certa e fui escolhido no momento perfeito. Isso foi preparado por Deus e eu só agradeço por isso. Agradeço à diretoria, ao prefeito (Ruiter Cunha) e a essa torcida maravilhosa que confiou em mim. Não tem jeito, eu estou na história também”, ressaltou o treinador ao Diário Corumbaense.
O volante Wesley Sena Boiago, mais conhecido como Mutuca, explicou que trabalhou forte para que o título viesse. Ele destacou o empenho dos jogadores que se desdobraram em campo com um atleta a menos. “A gente trabalhou forte a semana toda e sabíamos que isso era muito possível acontecer. Graças a Deus, a equipe foi aguerrida do início ao fim. Infelizmente aconteceu a expulsão no primeiro tempo, mas a gente se superou, se desdobrou dentro de campo e graças a Deus fomos coroados com a vitória”, contou.
Robinho, levantando a taça de campeão, conquistou a torcida corumbaense
Um dos mais festejados pela torcida, o lateral Robinho, que começou sua relação com a torcida do Corumbaense de forma conturbada quando jogava pelo Naviraiense, chorou de alegria. O atleta que tem excelente vigor físico e se destacou pela vontade e disposição durante todo o jogo, exaltou a festa da torcida. Ele, que já esteve do outro lado, como visitante, confessou que o Arthur Marinho desperta tensão nos adversários. “Muita vontade, muita dedicação. Deus honra quem trabalha e esse título é pra essa torcida maravilhosa. Aqui é o caldeirão, quando os caras vêm aqui eles tremem, porque aqui é embaçado mesmo”, confessou o jogador.
O corumbaense Juninho, que voltou ao time depois de 7 anos, explicou a sensação de ser campeão dentro de casa. O jogador, que tinha levantado a taça da Série B em 2006 ao lado do atacante Tuia, também presente no elenco deste ano, disse que tem vontade de permanecer no time para a próxima temporada. “Ser campeão dentro de casa é demais. Se Deus permitir que fique vou ficar. Isso mostra o trabalho que a gente teve. O grupo foi muito unido e graças a Deus conseguimos o título. Valeu a entrega, independente de quem fosse fazer o gol. Ficamos na história, o importante é ser campeão porque é o campeão que vai para o quadro”, disse o jogador.
Renê, diretor de futebol do clube, e Juninho: emoção à flor da pele
Sandrinho, que foi expulso ainda no primeiro tempo, talvez tenha sido quem mais sofreu no estádio. O jogador teve que acompanhar todo o segundo tempo no vestiário e ver a possibilidade de mesmo com todo o empenho que jogou na primeira etapa, se transformar em vilão da decisão. “Coisa mais dolorosa do mundo é ficar dentro do vestiário sabendo que estava empatado e tudo poderia cair nas minhas costa. Eu estava tentando ajudar, mas aconteceu aquilo. É angustiante demais. O time foi guerreiro, foi merecedor até o final. Glória a Deus por isso aqui”, afirmou.
Presente em 1984, o diretor de futebol do clube, José Roberto Aparecido da Costa, não conseguia conter a emoção antes mesmo do final da partida. Ele destacou o trabalho de todas as diretorias que passaram pelo Corumbaense nos últimos anos e afirmou não saber dizer qual dos títulos despertou mais emoção. “Depois de 33 anos, poder reviver isso daqui, é muita alegria. O clube foi evoluindo a cada ano, cada diretoria foi procurando ajustar uma coisinha ou outra. Eram épocas diferentes, mas título é título, vamos viver isso agora,” disse José Roberto.
Elenco campeão de 2017 que entrou para a história do Corumbaense
O título do Campeonato Estadual de Mato Grosso do Sul e a conquista da vaga em competições nacionais em 2018 estabelecem um divisor de águas na história do clube. Com vaga garantida na Série D e Copa do Brasil, o time do interior de Mato Grosso do Sul vai costurar mais uma estrela na parte superior de seu escudo. Além de impor mais respeito aos adversários, a segunda estrela, servirá para iluminar o caminho do clube em direção a novas conquistas. As duas estrelas, servirão para mostrar aos outros 11 clubes da Série A do Estadual, aos 78 municípios do Estado e a todos os estados do Brasil, que 33 anos depois, o campeão voltou.
Ficha técnica do jogo
Corumbaense
Técnico: Douglas Ricardo
Titulares: 22- Diego (goleiro), 2- Robinho, 3- Rodrigo, 4- Rafael, 6- Valdinei, 5- Cleber, 8- Mutuca, 11- Willian, 10- Juninho, 7- Sandrinho, 9- Kareca
Suplentes: 13- Thiago Costa, 14- Adailton, 15- Fagner, 16- Elivélton, 17- Romarinho, 19- Tuia
Novo
Técnico: Bazílio Amaral
Titulares: 1- Bernardo (goleiro), 2- Cafu, 3- Diogo, 4- Magno, 5- Julio, 6- Ramer, 19- Maguila, 14- Wesley, 9- Vilmar, 10- Andrinho, 17- Luan
Suplentes: 12- Guilherme, 8- Rafael, 15- Vandinho, 7- Arthur, 11- Matheus, 16- Kiko, 18- Jefferson.
Arbitragem:
Thiago Alencar Gonzaga, auxiliado por Cícero Alessandro de Souza e Daiane Caroline Muniz
Público e renda:
5 mil torcedores; R$ 55,9 mil
10/05/2017 Campeões sul-mato-grossenses agradecem prefeito pelo apoio ao Corumbaense
09/05/2017 Comercial volta a pedir punição ao Operário e quer anulação da fase final do Estadual
07/05/2017 Em mensagem, prefeito enaltece a garra e alegria de "110 mil corações"
07/05/2017 Ruiter e Reinaldo assistiram ao jogo juntos e já falam em investimentos no futebol
07/05/2017 Torcida mostrou toda sua força na conquista do título estadual do Corumbaense
07/05/2017 Jogadores e torcedores saem pelas ruas de Corumbá para comemorar título do Estadual
07/05/2017 Trinta e três anos depois, Corumbaense conquista 2º título estadual de sua história
07/05/2017 É gol, é gol, é gol!! Corumbaense 2 a 1
07/05/2017 Novo empata e Corumbaense teve gol anulado
07/05/2017 Mulheres são presença maciça no estádio Arthur Marinho
07/05/2017 Corumbaense vai vencendo, mas teve jogador expulso
07/05/2017 Willian abre o placar no Arthur Marinho
07/05/2017 Autor do gol do título de 1984, acompanha jogo no Arthur Marinho
07/05/2017 Corumbaense e Novo começam decisão do Estadual 2017
07/05/2017 Governador e prefeito vão para o meio da torcida corumbaense
07/05/2017 Do lado de fora do estádio, torcedores vão poder acompanhar jogo pelo telão
07/05/2017 Técnico Basílio Amaral define time titular do Novo
07/05/2017 Corumbaense já escalado para decisão contra o Novo
07/05/2017 Reinaldo chega a Corumbá para participar da final do Estadual de Futebol
07/05/2017 Torcida chega cedo e já toma arquibancadas do Arthur Marinho
07/05/2017 Campeão estadual em 1984, Mário Sérgio quer reviver emoção do título neste domingo
07/05/2017 Autor do hino do Corumbaense, vê momento como oportunidade de salto na história do clube
07/05/2017 Thiago Alencar vai apitar decisão entre Corumbaense e Novo
07/05/2017 Roda de samba e ação social antecedem final do Estadual de Futebol
No Diário Corumbaense, os comentários feitos são moderados. Observe as seguintes regras antes de expressar sua opinião:
Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião deste site. O Diário Corumbaense se reserva o direito de, a qualquer tempo, e a seu exclusivo critério, retirar qualquer comentário que possa ser considerado contrário às regras definidas acima.