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Via de 45 km é apontada como rota da propina da Odebrecht a dois governos

Campo Grande News em 30 de Abril de 2017

Jornal da Nova

Obra de rodovia que rendeu denúncia de propina

Com apenas 45 km, que liga um distrito de Dourados a Deodápolis, a MS-276 é apontada por delatores da Odebrecht como rota para pagamento de propina aos últimos dois governos de Mato Grosso do Sul, incluindo ainda dinheiro para ex-senador e funcionários públicos.

Citada no depoimentos como MS-030, a via, executada pela CBPO (Companhia Brasileira de Projetos e Obras) entre 1986 e os anos 90, só teve essa numeração em contrato e protagoniza denúncias. A empresa CBPO faz parte do Grupo Odebrecht.

Na versão dos delatores, Mato Grosso do Sul pagou ao menos R$ 32,4 milhões pela rodovia na última década. Sendo R$ 9 milhões em 2006 e R$ 23,4 milhões entre 2010 e 2011. A via liga o distrito de Indápolis/Colônia dos Italianos à Lagoa Bonita.

O delator João Antônio Pacifico relata que os créditos a ser pagos para a empresa pela rodovia motivou propina para o ex-governadores Zeca do PT e André Puccinelli (PMDB), ao então senador Delcídio do Amaral (ex-PT e atualmente sem partido), o servidor fiscal tributário José Miguel Milet de Freitas e o ex-secretário Edson Giroto.

Ele ainda cita o fiscal de rendas Fadel Tajher Iunes Júnior, que é servidor estadual e foi cedido para o Tribunal de Contas. Fadel é apontado como “arrecadador” de Zeca, solicitando 25% do valor devido à empresa.

Apesar de um acordo judicial em 2004, o valor pela obra não foi pago. Os governos de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, ambos com dívidas, alegaram que dependiam de recursos da União para quitar os débitos. O montante correspondia aos valores assumidos pelos Estados, na época da divisão, na aposentadoria dos servidores públicos.

Conforme Pacífico, a situação foi tratada entre Marcelo Odebrecht, então presidente do grupo, e Antônio Palocci, que era ministro da Fazenda. “Com isso, foi criada uma comissão especial formado por agentes dos dois Estados e do governo federal para apurar os valores devidos. Imagina o trabalho, trabalho de pesquisa e averiguação”, afirma.

Segundo ele, não houve interferência para escolha dos integrantes da comissão, mas pagamentos a agentes públicos de Mato Grosso do Sul e de Mato Grosso a título de incentivo. Desta forma, o setor de propinas teria repassado R$ 82,5 mil para José Miguel. Com o encontro de contas entre Estados e União, abriu se a fonte de receita para os pagamentos da contas e respectivas propinas.

Conforme a assessoria de imprensa da Seinfra (Secretaria Estadual de Infraestrutura), a atual gestão não sabe o motivo da mudança de numeração da rodovia, que tem 45 km.

Outro lado 

Por meio de nota à imprensa, o ex-governador André Puccinelli disse que o pagamento foi acompanhado pela PGE (Procuradoria Geral do Estado) e que não pediu “qualquer vantagem pessoal”.

Também por nota, Zeca do PT aponta erro na denúncia. “Ocorre aí um erro enorme. Fui eleito governador em 1998 e reeleito em 2002. Portanto em 2006 estava impedido de ser candidato a governador e não disputei nenhum cargo naquela eleição”, diz.

Em nota, o ex-senador Delcídio Amaral negou que tenha recebido R$ 5 milhões, via caixa 2, da construtora Odebrecht para sua campanha a governador. A reportagem não conseguiu contato com os demais citados.

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