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Readequação do Muhpan vai contemplar exposição dedicada à história do negro no Pantanal

Caline Galvão em 29 de Abril de 2017

Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Sala Olhares será readequada para receber exposição permanente sobre a história do negro no Pantanal

Em 22 de fevereiro, o presidente da Fundação Barbosa Rodrigues, Antônio João Hugo Rodrigues, assinou contrato de patrocínio ao projeto “Adequação Expográfica do Museu de História do Pantanal 2” com a Caixa Econômica Federal. O projeto foi selecionado de acordo com o previsto pelo Regulamento do Programa CAIXA de Apoio ao Patrimônio Cultural Brasileiro – 2017/2018. Com isso, o Muhpan vai poder inaugurar, em novembro, na semana da consciência negra, espaço reservado para a história do negro na região do Pantanal. A exposição, que será permanente, vai ser organizada na Sala Olhares, a última do museu, que atualmente expõe “olhares” de várias pessoas sobre o Pantanal, como etnólogos, fotógrafos, pintores e indígenas. Essas obras serão relocadas para outro espaço dentro do Muhpan.

O processo de seleção da Caixa Econômica Federal é bienal e contempla projetos de funcionamento de instituições museológicas, tais como programas pedagógicos, programação de mostras de mostras de seu acervo permanente e mostras temporárias, preservação de museus, por exemplo. O projeto foi construído entendendo que a parte expográfica do museu está ultrapassada e tem prejudicado na comunicação das informações, além da necessidade de incluir novos conteúdos. A atual expografia do Muhpan foi pensada para ser uma viagem pelos oito mil anos da ocupação humana do Pantanal, contada com recursos cenográficos e tecnológicos de maneira lúdica, didática e interativa.

De acordo com Ketylen Karyne Santos da Silva, coordenadora do projeto, quando o museu foi criado, ele foi projetado pelo arqueólogo Carlos Alberto Etchevarne, que tentou contar a ocupação do Pantanal ao longo de oito mil anos. No entanto, ao fazer todo o discurso da exposição, o historiador acabou deixando algumas lacunas. “A história do negro é muito criticada, como se ele não existisse na história do Pantanal. A gente sabe que o Brasil está vivendo uma crise e a Fundação Barbosa Rodrigues mandou vários projetos para instituições para ver se conseguia patrocínio e acabamos conseguindo este patrocínio com a Caixa Econômica Federal, que foi para readequar a exposição do museu”, explicou Ketylen Karyne.

Pensando na readequação do museu, surgiu a ideia de reservar espaço para a história do negro no Pantanal, até então pouco explorada. “Haverá sala reservada para contar a história do negro porque para inserir na história do Pantanal teria que mudar o museu novamente e não temos recursos para isso, o recurso para o projeto não é muito grande”, disse Ketylen.

Prédio onde funciona o Muhpan, no Porto Geral

Para que isso seja possível, a professora e historiadora Elaine Cancian, pesquisadora da história do negro de Corumbá e do Mato Grosso do Sul, foi contratada para escrever o discurso da exposição. Ela vai trabalhar com conhecimento científico, coletar dados e vai montar o roteiro. Uma empresa de São Paulo vai organizar a exposição. Doutora em História, Elaine explicou ao Diário Corumbaense que a pretensão é escrever sobre os trabalhadores escravizados na cidade, as funções deles na sociedade daquela época, dentro da casa corumbaense, no final do século 19. Também serão destacadas suas atividades no meio rural e suas especialidades.

Muhpan surgiu da necessidade de se preservar a história pantaneira

Em 2002, na época com vinte anos de existência dedicados à Memória do Mato Grosso do Sul, a Fundação Barbosa Rodrigues foi convidada a apresentar projeto de construção de museu que preservasse a história da ocupação humana na região do Pantanal ao Ministério da Cultura, em parceria com a Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente de Corumbá.

No ano de 2003 as parcerias começaram a ser concretizadas, mas somente em 2004, o projeto conseguiu a chancela do Ministério da Cultura, através da Lei Rouanet, e os recursos foram captados entre a Petrobrás e Votorantim. Após quatro anos, divididos em várias frentes como restauro do edifício, implantação museográfica, captação de acervos, entre outros trabalhos, o Muhpan abre suas portas para o público em agosto de 2008.

Desde então, vem atendendo, gratuitamente, sob a forma de exposições
permanentes e temporárias, ação educativa intensa com oficinas lúdicas, visitas orientadas e ou animadas, museaulas, sala de cinema e documentários, fazendo jus ao objetivo de ser um local onde possam ser traduzidos os conteúdos científicos produzidos por especialistas e também aqueles elaborados pela sabedoria popular, através de uma linguagem expositiva adequada a diferentes níveis informativos e destinada a públicos diferentes.

Com instalações modernas, projetadas para atender o mais variado público, em especial, os portadores de deficiência de locomoção, o museu é referência no Estado tanto na sua estrutura física quanto nas ações educativas.

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