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Apreensão de cocaína em Santos consolidou investigações de quadrilha

Campo Grande News em 28 de Março de 2017

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Agentes da Polícia Federal cumprindo mandado de busca e apreensão em Corumbá

A quadrilha de tráfico internacional desmantelada nesta terça-feira (28), em operação da Polícia Federal, utilizava até viciados em drogas como laranjas involuntárias nas compras dos bens de luxo, como aviões e veículos, revelou os delegados em coletiva na sede do órgão, em Campo Grande.

Segundo o delegado Cléo Mazzotti, um dos responsáveis pelas investigações de quase um ano sobre o bando, até 30 pessoas eram usadas como laranja sem saber, ou seja, tinham seus nomes usados para a compra dos bens sem que sequer soubessem. A maior surpresa para os agentes federais, no entanto, foi saber que na lista de viciados usados estava até mesmo o de frequentadores da Cracolândia, concentração de usuários de crack no Centro de São Paulo (SP).

Para Mazzotti, a suspeita é de que os nomes integrem a lista pelo fato dos viciados terem atuado como "mulas" (pessoas que fazem o trabalho de transportar drogas para traficantes) aos acusados.

Até a conclusão desta reportagem, 17 dos 18 mandados de prisão emitidos haviam sido cumpridos pela Polícia Federal. O dono do aeródromo em Corumbá (a 419km de Campo Grande) alvo da PF durante a manhã, é o foragido até aqui. Segundo a PF, ele trabalhava na logística de transporte como piloto e já tem passagem por tráfico.

Todos os detidos foram indiciados por tráfico de drogas internacional, associação ao tráfico de drogas internacional, lavagem de capital, falsificação documental e falsificação documental trabalhista.

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Gerson Palermo desce de viatura da PF após sua prisão em Campo Grande

Cinco dessas prisões aconteceram em Campo Grande, incluindo a do líder do esquema, Gerson Palermo, 59 anos, detido em sua casa no Jardim Leblon, região sudoeste da Capital. Piloto de formação, ele já foi preso por sequestrar um avião comercial e foi líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) em Mato Grosso do Sul.

Mazzotti explicou na coletiva que Palermo e os outros integrantes tentavam manter as aparências, mesmo com o esquema milionário. No caso dele, especificamente, era registrado como funcionário de uma empresa de embalagens em Londrina (PR), que pertence a um dos membros da quadrilha também detidos.

Segundo a PF, cada membro do bando tinha uma responsabilidade específica dentro do funcionamento que nem sempre significava ter contato com a droga. Em Goiás, por exemplo, foram localizados advogados do grupo identificados como os responsáveis por lavar o dinheiro obtido com a venda de cocaína e de encontrar os laranjas. "O objetivo da operação é quebrar financeiramente a quadrilha e trazer os bens de volta a sociedade", disse Mazzotti.

O caso

A apreensão de 500 quilos de cocaína pura, sem batismo, na região do porto de Santos (litoral de SP) em abril de 2016 foi o ponto que culminou no início das investigações da Operação All In da Polícia Federal, responsável por desmantelar a quadrilha milionária de tráfico internacional de drogas. 

Segundo a PF, o esquema da quadrilha não abastecia diretamente consumidores, mas sim revendedores da droga, que chegava da Bolívia no aeródromo estourado pelos agentes em Corumbá, através dos seis aviões apreendidos. Só depois seguiam para outros estados, quase sempre São Paulo, por transporte terrestre. Em um desses transportes, outros 300 kg de cocaína foram apreendidos em setembro do ano passado.

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Carros usados pela quadrilha que foram apreendidos pela PF durante a operação

Segundo a investigação federal, cidades do Paraná, como Londrina, Campina da Lagoa e Ibiporã, também eram usadas como apoio na distribuição da droga. Aviões também foram apreendidos pelos agentes nestas cidades. Para Mazzotti, os R$ 7,5 milhões de patrimônio apreendidos mostram que o bando faturava alto com a operação. “A cocaína era de qualidade alta, coisa fina, e eles cobravam caro por não diluíam”, disse.

A operação

A ação da PF (Polícia Federal), deflagrada nesta terça-feira (dia 28), contou com 150 agentes e cumpriu 50 mandados judiciais, sendo 18 ordens de prisão cautelar, 25 mandados de busca e apreensão e sete mandados de condução coercitiva em 14 cidades. Também foram apreendidos seis aeronaves, cinco imóveis, incluindo o aeródromo, bloqueio de valores em 68 contas correntes e de 35 veículos adquiridos por meio de práticas criminosas.

All In é uma jogada típica do poker em que a pessoa aposta todas as suas fichas em uma mão de cartas. O nome faz alusão à forma impetuosa com que a organização desenvolve suas atividades, arriscando-se no transporte de grandes carregamentos de entorpecentes.