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Tentativa de fraude em concurso tem conexão em Brasília

Campo Grande News em 27 de Março de 2017

Marcos Ermínio/CG News

Delegados Fernando e Cleo Mazzotti participaram de entrevista coletiva

A tentativa de fraude ao concurso do TRT/MS (Tribunal Regional do Trabalho) revelou um esquema com “cabeça” em Brasília, valor de até R$ 50 mil e que já tentou fraudar concurso em Sergipe. De acordo com a Polícia Federal, que prendeu três candidatos de Alagoas no domingo (26), durante a operação Gabarito, a tentativa foi detectada após cruzamento de dados e informações de possíveis fraudadores de concurso no Brasil. O quarto integrante do grupo desistiu da prova, realizada em Campo Grande. Dos presos, um é taxista, outro não trabalha e o terceiro não teve profissão informada.

O “piloto”, a pessoa que finge passar mal para sair do local com o caderno de questões, é um jovem de 25 anos. Ele mora com os pais e não trabalha. Logo aos 30 minutos de prova, numa unidade da Anhanguera, ele foi ao banheiro e alegou mal-estar. O objetivo era sair de lá com a prova, deixando no local uma prova dublê. A PF apura a possibilidade de ele também ter uma câmera para fazer fotos da prova. A suspeita é de que o equipamento tenha sido descartado no banheiro.

Com equipes à paisana, os policiais também perceberam que os envolvidos na fraude apenas folheavam o caderno de questões. Depois, não souberam informar o conteúdo. “Pessoas completamente despreparadas. Mal tinham conhecimento do que ia cair nas provas”, afirmou o delegado Cleo Mazzotti, diretor regional de Combate ao Crime Organizado.

Um deles pagou R$ 6 mil antecipado pela fraude, dividido em quatro parcelas de R$ 1.500. Para quem fosse pagar depois, o valor subia para R$ 25 mil e R$ 50 mil. Todos disputavam uma vaga para técnico. Conforme o edital, a exigência é ensino médio completo e remuneração de R$ 6.167 a R$ 7.205.

Os outros três fraudadores estavam inscritos para fazer provas na UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), Uniderp e Facsul. Não foi esclarecido qual o local em que o desistente faria o exame. Os três presos – de 25, 29 e 39 anos – estavam em uma pousada perto do Aeroporto Internacional de Campo Grande. 

No local, foram encontrados diversos dispositivos eletrônicos: pontos, receptores eletrônicos simulando cartões de crédito, baterias, laptop e impressora. Eles foram indiciados por fraudar a credibilidade de certames de interesse público (que prevê pena de 1 a 4 anos) e formação de quadrilha (pena de 1 a 3 anos). 

Brasília 

De acordo com a investigação, o “piloto” repassaria as questões para Brasília. Depois, as respostas seriam transmitidas por ponto eletrônico. A tecnologia envolvia dispositivo com formato de cartão de crédito, mas que funcionaria como celular para transmissão de dados. “Não encontramos nada fora do normal, mas era um esquema bem planejado. As investigações continuam e a suspeita é de que o cabeça seja de Brasília”, disse Mazzotti.

A oferta da aprovação mediante pagamento era feita para pessoas próximas ao jovem de 25 anos. Na tentativa de fraude em Sergipe, o equipamento não funcionou. Para Mazzottti, o trabalho foi feito com sucesso e não existe possibilidade de anular o concurso do TRT.

Segundo o delegado Fernando Rocha, da Delegacia de Defesa Institucional, a PF verificou que um facilitador para o grupo foi o fato de não ter revista para ingresso na sala de prova. O procedimento só era feito na ida e volta ao banheiro. A fragilidade foi informada à Fundação Carlos Chagas, banca organizadora do concurso.

Ao todo, foram 32.517 inscritos. O TRT informa que não vai se manifestar e que a tentativa de fraude é apurada pela Polícia Federal.