Reciclagem das águas residuais é tema de seminário no Dia Mundial da Água

Águas Residuais é assunto abordado pelo 3º Seminário organizado pela Prefeitura de Corumbá em comemoração ao Dia Mundial da Água, 22 de março. O tema será debatido pela necessidade de se discutir o reaproveitamento da água considerando as situações de escassez existentes em diferentes partes do Brasil. O assunto, proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU), discute a oportunidade do reaproveitamento da água já utilizada no meio de produção para ser direcionada a fins que demandem menos qualidade, como o resfriamento de equipamentos, por exemplo.

O seminário será realizado no auditório da Embrapa Pantanal, na manhã desta quarta-feira (22), das 08h ao meio-dia. O evento tem apoio da Embrapa Pantanal e também da Sanesul, UFMS, Instituto Homem Pantaneiro, Fundação de Meio Ambiente do Pantanal e Clínica de Diálise Renal Med. A organização ficou por conta da Vigilância Ambiental, órgão vinculado à Gerência de Vigilância em Saúde do município.

Ivan Bergier Tavares de Lima é biólogo e pesquisador da Embrapa Pantanal na área de sustentabilidade de sistemas produtivos. Ele é um dos palestrantes do evento e vai falar sobre o reaproveitamento de resíduos na agricultura. Ivan explicou ao Diário Corumbaense que todo sistema de produção demanda água e as águas residuais são aquelas que se formam depois de serem inicialmente utilizadas pela produção, ou seja, aquela água que vem com resíduos de todos tipos, até mesmo com dejetos de animais.

Há dez anos, a Embrapa Pantanal tem trabalhado com o uso dessa água no sistema de produção animal intensivo na borda do Pantanal, especialmente em São Gabriel do Oeste, nas nascentes dos rios que correm para o bioma. Naquela localidade, a maior produção é de suínos e o pesquisador desenvolveu projeto de reutilização da água para auxiliar na agricultura. A água bombeada dos aquíferos passa pelas granjas onde é misturada com ração e sua saída leva também fezes, urinas e pelos, essa é a água residual de um sistema de produção animal. Com ajuda técnica de um mecânico que também é inventor e produtor rural, o biólogo desenvolveu um biodigestor, máquina por onde as águas residuais passam.

“O biodigestor degrada a matéria orgânica mais rápido, produz gases, uma boa parte do carbono no meio da água vira gás carbônico e metano, e esse metano pode ser utilizado para movimentar bombas, ou seja, com energia renovável, ao mesmo tempo joga esse resíduo na cultura, então você aproveita boa parte do nitrogênio que tem no material para produzir pasto para gado, pasto produzido com fertilizante orgânico”, explicou Ivan Bergier. É sobre este assunto e também sobre para onde vai a proteína animal, a carne suína, que ele vai conversar durante sua palestra.

Da mesma forma que existe essa reutilização das águas residuais na produção animal, existe na produção mineral e também na área urbana, que é o esgoto doméstico. Se essa água na produção não for tratada, pode poluir o meio ambiente, de igual maneira com a água utilizada nas residências. O ideal seria fazer, além do tratamento, a reciclagem dessas águas como está sendo feito na produção suína em São Gabriel do Oeste.

Além da palestra do biólogo, que acontecerá às 09h, William Marcos da Silva, professor do laboratório de Ecologia do Cmpus Pantanal da UFMS, discutirá sobre o problema das águas residuais no Brasil, às 08h30. Depois do intervalo, Marcel Marcondes, da Clínica de Diálise Renal Med, começa sua palestra às 09h50 sobre o tratamento de água para hemodiálise e o reaproveitamento do rejeito da osmose.

Logo após, palestrante da Sanesul discursa sobre o tratamento de resíduos e fala sobre as estações de tratamento de água e esgoto. Marileize da Silva Brasil, da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, encerra abordando o tema da reutilização de água em residências, comércios e escolas.