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Pacientes lotam unidades de saúde com sintomas de gripe em Corumbá

Caline Galvão em 14 de Março de 2017

Na próxima segunda-feira, 20 de março, começa oficialmente o outono e, com ele, temperaturas mais amenas e o risco do surgimento de mais casos de gripes. Em Corumbá, a Unidade de Pronto Atendimento, o Pronto-Socorro e Unidades Básicas de Saúde estão há dias recebendo diariamente pacientes com sintomas de gripe. No entanto, de acordo com o último boletim epidemiológico publicado pela Secretaria de Estado de Saúde, não há casos de H1N1 na cidade, porém, há 13 notificações de síndrome respiratória aguda grave, ou seja, gripes fortes e pneumonias. Em todo o Mato Grosso do Sul, não foram verificados, de 1º de janeiro até o dia 10 de março, casos de H1N1, versão mais grave do vírus da gripe Influenza A.

Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Pacientes têm lotado atendimento na UPA com sintomas de gripe

Com a voz rouca e aparentando cansaço, a dona de casa Alexsandra Marques Leite está enfrentando uma gripe há quinze dias. Já foi ao posto de saúde e ao pronto-atendimento algumas vezes. Como sua situação ainda não melhorou, resolveu retornar à UPA na segunda-feira (13). “Já tomei tanto xarope, tanto remédio e nada de passar. Estou sentindo dor nas costas, muita tosse, rouquidão, todo mundo lá em casa está assim”, afirmou a paciente que aguardava atendimento também para seu filho, de 05 anos, que estava quase sem voz. Netos e filhos que não moram com ela também estão gripados.

Elaine Oliveira estava com a filha Larissa, de um ano, também esperando atendimento. Ela está com a sensação que toda a cidade está gripada. “A cabeça da minha filha está quente, com muita dor de cabeça, o nariz está escorrendo e ela acordou tossindo. Resolvi trazer porque ela não dormiu a noite inteira, estava com nariz entupido e  chorava. Meus vizinhos estão todos gripados. Dizem que é por causa do tempo”, afirmou Elaine ao Diário Corumbaense.

No colo da mãe estava Paola, de 02 anos. “Já faz uma semana que ela está com gripe e ontem à noite teve febre, o nariz está com feridas e não deixa limpar. Ela está tossindo muito e com bastante secreção”, contou Antonia Daiane da Silva, mãe da criança. A suspeita dela é que a filha possa ter alergia ao ar-condicionado e também à poeira.

Já houve dois casos registrados de morte devido à complicações com pneumonias em Corumbá, mas nenhum deles deu positivo para H1N1. O primeiro caso foi uma mulher que não tinha a diabetes controlada e acabou dando entrada no hospital em janeiro com sintomas de infecção urinária grave, posteriormente desenvolveu pneumonia e acabou falecendo. O teste deu negativo para H1N1. O segundo caso, de um homem morto em fevereiro com pneumonia, também deu negativo para H1N1, tanto o teste do swab  quanto o exame visceral.

Dona de casa está com gripe há quinze dias e todos da sua casa também estão doentes

Em 2016, H1N1 chegou mais cedo e matou 1.900 pessoas no Brasil

Em 2016, o Brasil viveu um dos maiores surtos de H1N1, que chegou mais cedo ao país, ainda no verão. A doença, aguardada sempre para o período mais frio, começando em maio, chegou logo no início do ano. Em Corumbá, houve dez casos confirmados de H1N1 durante todo o ano passado e dois desses pacientes foram a óbito. Em todo o Mato Grosso do Sul, morreram 95 pessoas pela doença no ano passado.

Acredita-se que o motivo do início dos casos mais cedo no País tenha sido o grande fluxo de pessoas vindas de regiões frias, como Estados Unidos, Canadá e Europa para aproveitarem o período de calor brasileiro. No Hemisfério Norte, a vacinação é aplicada no segundo semestre de um ano para que no começo do ano seguinte, período de epidemia para eles, os habitantes já estejam protegidos. Além disso, os brasileiros que viajaram para essas regiões em janeiro de 2016 não estavam mais imunizados contra o Influenza pela vacinação de maio de 2015, realizada no Brasil, então, adoeceram no exterior e importaram os vírus.

Por causa desse fenômeno, o Ministério da Saúde resolveu adiantar a vacinação contra a gripe que deverá ser iniciada em todo o País no dia 10 de abril ou até mesmo antes. O órgão já enfatizou que a imunização continuará sendo feita nos grupos prioritários que são crianças maiores de 6 meses e menores de 5 anos, gestantes, puérperas (mulheres até 45 dias após o parto), pessoas com 60 anos ou mais, pessoas com comorbidades (doenças crônicas respiratórias, do coração, com baixa imunidade, entre outras), trabalhadores da saúde, indígenas aldeados e o público penitenciário. Além disso, este ano, professores da rede pública e privada de ensino já estão inseridos ao grupo de vulnerabilidade e também serão vacinados.

Como os vírus da gripe variam muito, para que a vacinação tenha eficácia, todos os anos as cepas são trocadas. Em outubro de 2016, foi publicada resolução que dispõe sobre a composição das vacinas influenza a serem utilizadas no Brasil no ano de 2017. A resolução levou em conta alterações genéticas observadas no vírus H1N1, responsável pelos casos de Influenza mais graves e uma nova cepa faz parte da composição das vacinas, tanto da trivalente, que será distribuída pelo Ministério da Saúde, quanto da quadrivalente, das clínicas particulares. Nesse caso, pela primeira vez desde 2010, sai a cepa viral semelhante ao vírus A/California/7/2009 (H1N1) e entra a do vírus influenza A/Michigan/45/2015 (H1N1)pdm09.

Foto: Jefferson Botega / Agencia RBS

Pela primeira vez, sai a cepa viral semelhante ao vírus A/California/7/2009 (H1N1) e entra a do vírus influenza A/Michigan/45/2015 (H1N1)pdm09

A nova composição das vacinas recomendadas tanto pela Anvisa quanto pela Sociedade Brasileira de Imunizações para 2017 é:

Vacinas Influenza trivalentes

Três tipos de cepas de vírus em combinação (2 tipos de cepas do vírus Influenza A e 1 tipo do Influenza B), dentro das seguintes especificações:

- Um vírus similar ao vírus influenza A/Michigan/45/2015 (H1N1)pdm09;

- Um vírus similar ao vírus influenza A/Hong Kong/4801/2014 (H3N2); e

- Um vírus similar ao vírus influenza B/Brisbane/60/2008.

Vacinas Influenza quadrivalentes

As vacinas quadrivalentes com dois tipos de cepas do vírus influenza A e dois tipos do B deverão conter:

- Um vírus similar ao vírus influenza A/Michigan/45/2015 (H1N1)pdm09;

- Um vírus similar ao vírus influenza A/Hong Kong/4801/2014 (H3N2);

- Um vírus similar ao vírus influenza B/Brisbane/60/2008; e

- Um vírus similar ao vírus influenza B/Phuket/3073/2013.

O vírus H1N1 foi detectado pela primeira vez em porcos

Conforme informações do Ministério da Saúde, as primeiras formas do vírus H1N1 foram descobertas em porcos, mas as mutações seguintes o tornaram uma ameaça também aos seres humanos. Como todo vírus considerado novo, para o qual não costumam existir métodos preventivos, o vírus mutante da gripe H1N1 espalhou-se rapidamente pelo mundo.

A transmissão ocorre da mesma forma que a gripe comum, ou seja, por meio de secreções respiratórias, como gotículas de saliva, tosse ou espirro, principalmente. Após ser infectada pelo vírus, uma pessoa pode demorar de um a quatro dias para começar a apresentar os sintomas da doença. Da mesma forma, pode demorar de um a sete dias para ser capaz de transmiti-lo a outras pessoas.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ao todo 207 países e demais territórios notificaram casos confirmados de gripe H1N1 entre 2009 e 2010, quando houve a pandemia da doença. Durante este período, foram quase nove mil mortos em decorrência da gripe H1N1.

O surto começou no México, onde uma doença respiratória alastrou-se pela população e chegou rapidamente aos Estados Unidos, Canadá e, depois, para o restante do mundo – graças às viagens aéreas.

Para vacinados ou não contra a doença, a recomendação médica é lavar as mãos várias vezes ao dia, ao tossir ou espirrar proteger boca e nariz, não compartilhar objetos de uso pessoal, incluindo bomba de tereré. Ao sentir febre, dores no corpo, tosse e secreção, procurar ajuda médica o mais rápido possível.

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